segunda-feira, 18 de abril de 2011

Reajuste do salário mínimo em 2012 pode aumentar pressão sobre a inflação

SÃO PAULO – O crescimento econômico de 2010 e a inflação deste ano devem elevar o salário mínimo em torno de 14% no próximo ano. E essa forte alta está preocupando alguns especialistas, que acreditam que o aumento nesse percentual eleva a capacidade de compra do consumidor em um momento em que o consumo tem de ser controlado, devido à inflação.


“O mínimo maior vai impulsionar o consumo das classes de baixa renda, que consomem mais itens como alimentos e bens não duráveis. Quando aumenta a demanda, a tendência é que o preço também suba”, explica o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini.


“A política de reajuste resultou no pior dos cenários possíveis para o Governo, que é de inflação alta combinada com o crescimento extraordinário de 2010”, comentou, segundo a Agência Brasil.


Fórmula

Pela fórmula aprovado pelo Congresso Nacional deste ano, o reajuste do salário mínimo deve levar em conta o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes mais a inflação acumulada do ano anterior.

Dessa forma, para 2012, entram na conta o crescimento de 2010, que ficou em 7,5%, mais o percentual acumulado do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que deve ficar em mais de 6%, segundo projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que tem base de dados semelhante ao INPC.


Com o aumento previsto para 2012, cerca de R$ 9 bilhões devem ser injetados na economia, segundo relatório da consultoria LCA. 


Desequilíbrio

Para o economista-chefe do banco West LB, Roberto Padovani, além das pressões inflacionárias, o aumento do salário mínimo nesse percentual também deve agravar o desequilíbrio fiscal, uma vez que o mínimo também corrige os benefícios dos aposentados e pensionistas que recebem o piso. E para cada R$ 1 de aumento, a despesa extra é de cerca de R$ 184 milhões por ano.

Com isso, Padovani acredita que o Governo terá de ser mais rigoroso nos cortes dos gastos públicos para impedir que a inflação seja ainda maior do que espera o mercado. “O Governo não poderá mais tratar a inflação com medidas paliativas”, disse, de acordo com a Agência Brasil. O economista acredita que o corte anunciado no início do ano deveria ser maior.


“Pode até ser que a inflação tenha condições de convergir para o centro da meta em 2012, mas o Governo precisa construir uma reputação de que está lutando contra a inflação”, completou o economista.

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