Premiar o cumprimento das metas com bônus é uma parte importante, mas bons executivos querem mais, diz consultor
São Paulo – Uma velha piada do mundo corporativo afirma que, se trabalhar fosse bom, ninguém cobraria por isso – todos trabalhariam de graça. É claro que o dinheiro é uma parte importante do reconhecimento de qualquer executivo pelo seu empenho e seus resultados.
Mas há uma parcela de satisfação que vem de outros fatores – e eles podem ser tão decisivos para reter os melhores talentos quanto um salário alto ou um bônus polpudo no fim do ano. “A empresa precisa engajar os profissionais em projetos que façam sentido e pelos quais eles queiram estar lá”, afirma o presidente da Empreenda Consultoria, César Souza.
Essa “remuneração intangível” é tão valorizada pelos mais talentosos quanto o dinheiro que cai na conta todo mês. Um desses bônus invisíveis é o espaço que o executivo tem para se desenvolver. “As empresas não podem ser apenas as melhores para trabalhar, mas também as melhores para crescer profissionalmente”, diz.
Esse é o caso do Google. Nos últimos tempos, muitos jovens talentosos (e outros nem tão jovens) trocaram o gigante de buscas por outras empresas, notadamente o Facebook. Na empresa de Mark Zuckerberg, cerca de 10% dos empregados são egressos do Google – o caso mais recente foi do brasileiro Alexandre Hohagen, que trocou o comando do Google na América Latina pelo projeto de incrementar o Facebook no Brasil.
Mais livre
O espaço para crescer está relacionado também a outro aspecto valorizado pelos bons profissionais: liberdade de ação. Na prática, isso significa ter autonomia para tomar decisões, assumir desafios e dizer o que pensa, mesmo que isso desgoste alguém.
“Vários executivos trocam empresas grandes por menores e aceitam ganhar menos, desde que tenham mais autonomia”, diz Souza. Segundo ele, os melhores funcionários querem se sentir donos do negócio e, por isso, engessar demais sua atuação e impedir que eles participem dos projetos importantes só os afasta da companhia.
No fundo, tudo isso está relacionado à imagem que os executivos têm de seu papel na empresa. Cada vez mais, os mais talentosos querem ver um sentido no seu trabalho – sobretudo os jovens. “Mais do que reter talentos, as empresas precisam engajá-los em algo que os faça querer ficar”, diz Souza.
Líderes
O desafio é ainda maior quando se lembra de que 73% das empresas afirmam que encontrar bons líderes está mais difícil em 2011 do que no ano passado, segundo pesquisa feita pela consultoria em parceria com a companhia de serviços Ticket.
A pesquisa ouviu profissionais de Recursos Humanos. Para 66% deles, suas empresas não possuem líderes suficientes para sustentar a estratégia de crescimento até 2015. Segundo Souza, se não houver uma mudança radical na forma de reter os bons trabalhadores, as empresas continuarão se digladiando por talentos e colocando em risco seu crescimento.
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