A rede social Facebook acaba de lançar ações em bolsa num negócio que foi avaliado em 75 bilhões de dólares pelos investidores norte-americanos e europeus. Mas os ativos físicos da empresa criada em 2004 pelo então adolescente Mark Zuckerberg não somam nem uma fração mínima do seu valor de mercado. O que a rede Facebook tem de realmente valioso não pertence a ela, mas sim a você.
Esta é a nova lei da economia digital baseada na internet, onde o grande paradigma ainda é o Google, cujo valor de mercado girava, em 2011, em torno dos 174 bilhões de dólares. A empresa que controla o principal sistema de buscas na Web também usa como ativo mais valorizado o seu e o meu conhecimento, que entregamos de graça em troca de algum benefício como contato com amigos ou informações online.
Os chamados ativos intangíveis são hoje a mercadoria mais valorizada na economia digital, o que leva a uma reflexão sobre nosso papel como usuários e fornecedores de informações. Estamos sendo levados à condição de doadores de uma mercadoria preciosa que gera fortunas bilionárias nas mãos de outras pessoas.
A lógica convencional nos diz que, no mínimo, estamos fazendo o papel de idiotas ou otários. Mas não adianta reclamar porque na realidade estamos entrando num outro terreno lógico, onde a produção de conhecimento responsável pela inovação passou a ser o motor da economia capitalista. O conhecimento não se produz mais apenas nos laboratórios, mas nas ruas, florestas, comunidades e redes, só para citar alguns contextos mais comuns.
Todos nós colocamos diariamente na Web uma massa enorme[1]de dados, informações, fatos e conhecimentos[2], mas recebemos em troca um valor mínimo em serviços fornecidos por empresas como a Facebook e o Google. Em suma, um péssimo negócio pela matemática financeira na qual fomos educados.
Texto de Carlos Castilho, reproduzido do Observatório da Imprensa
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