Segundo o 'Les Echos', americana não poderá aumentar participação. Na semana passada, ministro francês confirmou 'cooperação estratégica'.
A montadora norte-americana General Motors (GM) estaria em conversações para adquirir 5% do capital da montadora francesa PSA Peugeot Citroën, informou o jornal "Les Echos".
De acordo com as fontes ouvidas pela publicação, o acordo seria de manutenção do 'statu quo' ("standstill agreement"), segundo o qual a GM não poderá aumentar a participação no capital da empresa francesa sem a autorização da última.
GM e a Peugeot estão discutindo a aliança estratégica mais ampla criada com o objetivo de reduzir perdas na Europa e cortar custos de produção em outros locais. As notícias sobre uma eventual aliança entre os dois grupos são cada vez mais frequentes. O ministro francês do Trabalho, Xavier Bertrand, confirmou na última quarta-feira (22) que a empresa PSA Peugeot Citroën está em negociações com a GM para estabelecer uma "cooperação estratégica".
Em um comunicado, a PSA Peugeot Citroën confirmou que analisa projetos de cooperação e aliança, mas destacou que não há certeza de um acordo concreto, sem mencionar a GM. Sobre a negociação das ações, as empresas não quiseram comentar.
Crise econômica
A busca por uma nova saída se tornou mais intensa no ano passado, quando o grupo PSA passou por um difícil momento, especialmente em função da crise econômica na Europa.
De acordo com o site de notícias francês LaTribune.fr, uma "fonte oficial" afirmou que as discussões estão avançadas e que um anúncio da parceria pode ser feito no começo de março, durante o Salão de Genebra. A mudança, no entanto, não se trata de uma fusão e nenhuma mudança no mercaod de ações acontecerá. O site afirma que a parceria ficaria restrita à produção de carros e peças na Europa.
Em janeiro, a PSA Peugeot Citroën desmentiu rumores de que estaria em negociação com o grupo Fiat Chrysler. Há dois anos, o grupo francês tentou se aliar à japonesa Mitsubishi, mas a operação foi desfeita. O projeto foi enterrado em março de 2010.
A PSA é líder no mercado francês e ocupa o segundo lugar em vendas na Europa. Por causa da crise, no ano passado as vendas do grupo caíram 1,5% no mundo a 3,5 milhões de unidades. Assim, a receita líquida do grupo caiu pela metade, para 588 milhões de euros. O grupo voltou a lucrar em 2010, depois de ter passado por dois anos consecutivos de perdas.
A má performance em 2011 pesou no braço automotivo, o mais importante do grupo. A divisão teve perda operacional de 92 milhões de euros no ano, contra lucro de 621milhões de euros em 2010. Diante da situação, a PSA vai investir mais no desenvolvimento das operações fora da Europa, no entanto, a empresa precisa de financiamento para isso. Assim, uma aliança viria em bom momento.
Opel também se beneficiaria com acordo
(Foto: AFP)
(Foto: AFP)
Opel também se beneficiaria
Para a GM, uma aliança possibilitaria reduzir custos operacionais em sua divisão europeia, a Opel, que tem tido grandes perdas. A Opel, que a GM decidiu manter em 2009 quando o então presidente-executivo Ed Whitacre abandonou os planos de venda, é uma das principais preocupações dos investidores da GM. No ano passado, a GM perdeu US$ 747 milhões na Europa e analistas do Morgan Stanley avaliaram a Opel como negativa em US$ 8 bilhões.
O vice-presidente do conselho da GM, Steve Girsky, assumiu o controle da reestruturação da Opel, e a GM disse neste mês que detalharia as próximas medidas a serem tomadas em breve.
Analistas consultados pela agência Reuters disseram que uma aliança com a Peugeot permitiria às empresas juntar recursos para desenvolver veículos. Mas eles também acreditam que é possível que uma década se passe antes que os benefícios do pacto se realizem completamente, e mais medidas seriam necessárias para superar o problema central para ambas as montadoras na Europa: excesso de capacidade.
"Francamente, acreditamos que a aliança criará complicações num momento muito delicado na própria reestruturação", disse o analista Matthew Stover, do Guggenheim, na semana passada. "De um ponto de vista geral, a GM tem muito mais a oferecer à Peugeot do que o inverso".
Foco da Peugeot no Brasil
Entre os mercados mais promissores para o grupo estão China e Brasil. Somente para o mercado brasileiro estão previstos oito lançamentos para este ano, entre novos modelos e versões para as duas marcas. A estreia da linha de luxo Citroën DS é uma delas. Além dele, já desembarcaram por aqui neste ano o 308 e o 408 1.6 THP (turbo).
A Peugeot ainda reserva o 308 THP, o 208 - que será fabricado no Brasil em 2013 - e o sedã 508. A meta para a marca do leão é vender neste ano 100 mil unidades e chegar a 3% de participação do mercado, de acordo com o presidente da Peugeot do Brasil, Frédéric Drouin. Somente o 308, que começa a ser vendido em março, deve colaborar com 12 mil unidades vendidas até o fim do ano, segundo as previsões da Peugeot.
Já a Citroën descarta entrar no segmento popular no país e continua a apostar no crescimento do segmento “Premium”. Segundo a montadora, hoje o amadurecimento do mercado brasileiro leva ao crescimento de segmentos mais altos. Por esse motivo, a Citroën crescerá de forma “natural”.
Para este ano, a marca pretende ter também 3% de participação em um mercado previsto em 3,63 milhões de unidades, o que significa a venda de 110 mil carros. Em 2011, a particpação da marca francesa foi de 2,63%. Mas o crescimento só será possível com a expansão da rede de concessionárias, de acordo com a própria montadora.
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