Depois de assumir em janeiro a sindicância do condomínio onde mora, a empresária Érica Rodrigues da Silva Santos, de 29 anos, decidiu procurar uma auditoria para analisar a situação das contas do conjunto habitacional, localizado na Vila Alpina, zona leste da capital. “Contratamos a empresa porque trocamos a administradora, mas muitas coisas ficaram no ar”, conta.
Em um ano, Érica diz ter visto o valor da taxa condominial subir quatro vezes, chegando aos atuais R$ 181 para cada uma das 399 unidades. “Houve falta de pesquisa. Por mais que eles fizessem três cotações (como determina a regra para a compra de materiais ou de serviços), o preço ainda era alto.”
A troca de administradoras e a desconfiança da atuação dos síndicos normalmente motivam a contratação de auditorias, segundo a contadora Evelyn Reis, da empresa especializada JBS Torres de São Paulo Auditoria. “Geralmente, nos procuram quando o condomínio está numa situação financeira difícil. É uma auditoria corretiva”, conta.
Em uma de suas avaliações, Evelyn conta ter descoberto inclusive emissões de notas fiscais frias. “Recomendo fazer auditoria a cada seis meses. O próprio nome já inibe atos praticados. As pessoas já sabem que estão sendo fiscalizadas.”
Longe de irregularidades, a auditoria preventiva é opção para garantir transparência nas contas, segundo o sócio da Odara Auditoria em Condomínios, Marcos Roberto Gouveia. “Os síndicos são responsáveis por tudo o que acontece nos condomínios. Se houve esquecimento da administradora no recolhimento de impostos, os síndicos respondem por isso. Nem todos têm o conhecimento necessário”.
O trabalho de análise, segundo ele, é técnico. “Não podemos acusar. Qualquer auditoria não tem poder de polícia. Nossa obrigação é mostrar o peso e o dano ao condomínio.” Erros com prestação de contas, taxas e a falta de orçamentos são, segundo Gouveia, problemas corriqueiros nos conjuntos habitacionais.
Hubert Gebara, diretor da administradora Hubert, acha bem-vindo o trabalho de auditorias, mas considera que o mecanismo de organização dos condomínios tornam desnecessária a ação para a maior parte dos edifícios.
“As contas são pagas somente com a autorização do síndico, depois as pastas são enviadas para um conselho consultivo que vai avaliá-las e, em seguida, para uma assembleia de condôminos.” E completa: “Não existe administradora desonesta se o síndico não for omisso ou conivente. Se houver algo errado, descobrem no mesmo mês.”
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