quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ratinho: “tem que falar o popular”

Com bom humor e irreverência, apresentador defende que a publicidade tem que ser menos rebuscada e mais direta para vender à nova classe consumidora

“Outro dia estava em um avião e aeromoça disse que tínhamos que aguardar a decolagem porque tinha acontecido um overbooking. Uma senhora, que estava ao meu lado, me olhou assustada e perguntou: ‘o que aconteceu, moço? Esse avião tá com defeito? Porque se tiver, quero descer.” Com exemplos como esse, permeados com muito bom humor e alguns palavrões oportunos, o apresentador Ratinho conduziu uma concorrida palestra nesse primeiro dia de Maximídia, dia 4 de outubro.

Com o tema A Base da Pirâmide – Sem Preconceitos, o painel, que foi moderado pela diretoria editorial do Meio & Mensagem, Regina Augusto, procurou mostrar a opinião do apresentador e empresário – conhecido por ter estruturado sua carreira tendo como público-alvo as camadas populares – sobre a atual abordagem da publicidade com a chamada nova classe C.

Esse termo, aliás, foi a primeira coisa criticada por ele durante a exposição. “Não gosto de falar ‘Classe C’. Prefiro dizer povo brasileiro, pelo qual sempre torci pelo sucesso e tenho muito orgulho de ver que agora têm dinheiro no bolso para comprar”. Ele foi enfático em dizer que as campanhas devem explorar a sonoridade e a linguagem direta, facilitando ao máximo a compreensão do público. “Vejo muito o uso de palavras como voucher, overbooking, delivery por aí, mas muita gente não sabe o que isso significa. Isso deve acabar. Não concordo com a justificativa de que algumas marcas usam uma linguagem mais sofisticada porque querem focar um certo nicho. Isso é besteira. Nicho é querer vender menos. Só se for assim.”, critica ele.

Sobre as críticas que seu programa já recebeu da sociedade, Ratinho disse que procurou mudar o foco da atração para agradar ao público e, principalmente, aos patrocinadores. “Descobri que me daria muito melhor fazendo humor do que explorando tragédia”, explica. Hoje, ele mesmo considera sua atração um “circo”, cujo único objetivo é entreter o espectador.

Bastante consciente acerca da concorrência televisiva, o apresentador do SBT não escondeu que vê a Globo como uma muralha intransponível. “Antes eu me desesperava com o Ibope, mas aprendi a me contentar com meus oito pontos conquistados diariamente. O importante é fazer um programa que considero bom, para o meu público. Como vou querer competir com a novela? Enquanto eu mostro os testes de DNA, eles mostram gente comendo gente. Quem vai querer me ver?”, disse ele, arrancando gargalhadas da plateia.

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