quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Construtora vê negócio forte, mas começa 2012 com cautela

Redução de 15% do volume de lançamentos é vista por analistas como uma questão sazonal e a expectativa é fechar o ano com o crescimento de 20%

Setor de construção civil continua com excelentes resultados, mas deve ter mais cautela no começo de 2012. Um termômetro para o ano que vem seria o da  construtora Gafisa, que mesmo somando R$ 1 bilhão em vendas no trimestre, encerrou o mesmo período com R$ 1 bilhão em lançamentos, o que representa uma queda de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com os números operacionais da companhia, as vendas da Gafisa no trimestre foram 62% dos lançamentos. Já o braço Alphaville ficou com 33% do desempenho, e a Tenda, com 5%.

“É prematuro afirmar que a Gafisa irá ou não atingir a meta de R$ 5,3 bilhões, mas analisando o mercado nacional, os 56% da meta atingidos apenas nos nove primeiros meses representam algum atraso”, afirmou José Conceição Lemes, pesquisador e professor da Faculdade Ibmec. “Caso se confirme o resultado abaixo do previsto inicialmente, não há motivos para  preocupações. Estamos vindo de uma década de ouro da construção, e o resultado pode ser apenas sazonal.”

Para a companhia está tudo bem. “O valor é praticamente estável quando comparado ao terceiro trimestre de 2010”, afirmou a empresa, em comunicado. No quesito vendas, o segmento Gafisa representou 64% do comercializado, seguido por Alphaville, com 27%, e Tenda, com 9%. Somando os nove primeiros  meses do ano, o total de lançamentos foi de R$ 2,9 bilhões. Segundo a Gafisa, a cifra representa 56% da faixa média de lançamentos esperados para o ano, de R$ 5,3 bilhões.

Já as vendas acumuladas de janeiro a setembro somaram R$ 3 bilhões. A marca Gafisa representou 62% do total; Alphaville e Tenda ficaram com 20% e 18%, respectivamente. O resultado, estável, no entanto, não significa estagnação. “Temos uma questão sazonal no terceiro trimestre em que as vendas podem ser menores”, afirmou Catarina Rines, consultoria da Construcion e professora da Uniban. “A realidade do brasileiro em 2011 é um pouco diferente da do ano passado. A ansiedade com o programa “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal já não é uma novidade, então não há desespero em comprar”, afirmou.

Para este ano, a empresa prevê margem Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) entre 16% e 20% na previsão inicial do grupo, o valor do Ebitda era de 18% a 22%, a redução aconteceu, de acordo com a empresa, por uma questão de cautela. “Todas as empresas estão revendo suas margens, mas não de forma ruim”, diz Lemes.

Para o consultor a estratégia é positiva para o Brasil. “Diferentemente de 2008, agora a crise chega ao Brasil de forma controlada, todos os grandes do setor da construção irão crescer, com o diferencial que crescerão menos, mas de maneira ainda mais sustentável do que o verificado na última turbulência mundial”, diz.

Brookfield

Quem também anunciou os resultados do trimestre foi a  Brookfield, com volume de vendas de R$ 1,3 bilhão, crescimento de 61,4% em relação ao mesmo período em 2010 e um incremento de 22,2% sobre o segundo trimestre de 2011. Ao mesmo tempo, os lançamentos da companhia atingiram R$ 913 milhões, 23,3% superior ao terceiro trimestre do ano passado e 22,4% a mais do que apontado no trimestre anterior. Por sua vez, a velocidade de vendas da empresa atingiu um resultado recorde de 32% neste trimestre, com mais de R$ 1,3 bilhão em vendas contratadas.

Sendo assim, a empresa já alcançou 76% da previsão de vendas para 2011 nos primeiros nove meses do ano. “Comparado à Gafisa, a Broolfield já está mais perto de atingir a meta do ano, proporcionalmente falando”, explica Lemes.  Quem também viu com bons olhos o resultado da Brookfield foi  Rines, que classificou o desempenho da construtora de “surpreendente”, destacando o segmento comercial como o protagonista do trimestre, com um aumento de 723,2% de suas vendas contratadas comparadas ao mesmo trimestre de 2010.

“Esse resultado contribuiu para que se reduzissem os estoques da companhia, que representam agora menos de três trimestres de venda; agora eles podem investir em novas construções”, afirmou.

 

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