A clientela endinheirada do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, terá nos próximos meses novas lojas onde usar seus exclusivos cartões de crédito.
Em uma expansão milionária pilotada pela incorporadora JHSF, dona do empreendimento, o shopping com o maior número de lojas de luxo da América Latina abrigará novas marcas como Tod’s, Balmain, Dior e Gucci, além da maior loja da Louis Vuitton de toda a região, com 1.500 metros quadrados. Também está prevista a primeira loja da marca Issa, da brasileira Daniella Helayel, a mesma que vestiu Kate Middleton em seu noivado com o Príncipe William. A JHSF não confirma, mas fontes afirmaram ao site de VEJA que, com a expansão, deverão chegar por ali as tão esperadas lojas da Prada e da Miu Miu. Segundo o diretor da JHSF Shoppings, Robert Harley, a previsão é de que as obras sejam finalizadas em duas etapas: a reforma do terceiro piso, prevista para ser concluída em outubro, e a construção de um quarto piso, que deverá ocorrer ao longo de 2012. Ao todo, serão inauguradas 30 lojas com investimentos de cerca de 70 milhões de reais.
A mistura de novas lojas exclusivas, infraestrutura agradável e atendimento personalizado parece perfeita para saciar os ímpetos de consumo dos bem-nascidos da capital, que chegam a pagar cerca de 20.000 reais por uma bolsa Hermès. No entanto, mais que suprir essa necessidade, a nova expansão tem o audacioso objetivo de atrair ao Cidade Jardim os muitos clientes de alta renda que se recusam a se tornar habitués do local – quer seja devido à localização (em um ponto isolado da Marginal Pinheiros), ao difícil acesso (é possível entrar apenas pelo estacionamento), ou à sensação de insegurança provocada pelos dois assaltos sofridos pela joalheria Tiffany e pela relojoaria Rolex, em 2010.
Apesar de contar com um fluxo médio de 25 mil pessoas por dia – o Shopping Iguatemi, na Avenida Faria Lima, dispõe do dobro disso –, o Cidade Jardim é um shopping vazio. De segunda a quinta-feira, seus clientes resumem-se a engravatados que almoçam em seus restaurantes, alunos da academia de ginástica do shopping e frequentadores das salas de cinema. Nas lojas, o silêncio predomina. “As pessoas vêm aqui a passeio. Caminham pelo shopping, jantam, vão assistir a um filme, mas não compram nada”, afirma a gerente de uma joalheria do local.
Nos fins de semana, o fluxo aumenta, mas o número de clientes nas lojas não evolui muito. Na Livraria da Vila, nem mesmo aos sábados as pessoas se animam a levar uns livros. Ali, um cliente chega a ser abordado por mais de quatro vendedores ociosos ao longo de sua permanência na loja. “É sempre assim: poucas pessoas e poucas vendas”, afirma uma vendedora, após resumir com detalhes as histórias de dois best-sellers para tentar convencer a repórter a levar os exemplares.
De saída
Harley argumenta, no entanto, que é justamente o aumento da demanda que garante a nova expansão. “O crescimento do shopping está pautado na demanda dos lojistas. Neste momento, não temos nenhuma espaço que não esteja locado”, afirma o executivo. Há um componente estratégico, entretanto, que deve ser levado em conta, apesar de a JHSF admitir o contrário. Os lojistas que penam com o baixo fluxo de clientes são justamente aqueles que trabalham com marcas mais acessíveis, como M.Officer, Siberian e Richards. Na área que ocupam no shopping, a classe AAA jamais pisa.
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