Pesquisa sobre setor no País mostra que empresas fizeram incorporações, obras e serviços no valor de R$ 199,5 bi
RIO - Nem a crise mundial conseguiu desaquecer a indústria da construção no Brasil, segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) de 2009. O levantamento, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as empresas do setor realizaram incorporações, obras e serviços no valor de R$ 199,5 bilhões, expansão de 12,1%, em termos reais, na comparação com 2008. O aumento do crédito e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) puxaram a alta, mas também contribuiu o crescimento da renda e do emprego. Já o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida ajudou a aumentar a fatia das obras residenciais.
"O setor da construção vem crescendo bastante nos últimos anos e continuou crescendo em 2009, mesmo sendo o ano da crise econômica. Houve algum impacto no primeiro trimestre, mas o setor logo mostrou recuperação", disse Fernando Abritta, responsável pela PAIC.
As contratações de obras feitas por entidades públicas somaram R$ 85,490 bilhões em 2009, contra R$ 68,607 bilhões em 2008. O montante corresponde a 44,1% das construções, uma fatia maior que os 43,2% registrados em 2008. A receita operacional líquida avançou 12% em 2009, para R$ 189,0 bilhões, contra R$ 154,6 bilhões de 2008.
O número de empresas no setor de construção também aumentou, passando de 57 mil em 2008 para quase 64 mil em 2009. Houve crescimento do pessoal ocupado de 1,806 milhão para 2,048 milhões. "O aumento do número de empresas contribuiu para o setor empregar mais", disse Abritta.
Mão de obra - Segundo a pesquisa, a mão de obra ficou mais cara. Os custos das empresas com salários aumentaram, passando de R$ 38,725 bilhões em 2008 para R$ 48,288 bilhões em 2009. O salário médio mensal avançou 9,2%, saindo de R$ 1.095 em 2008 para R$ 1.196 em 2009. Entretanto, o salário médio passou de 2,7 para 2,6 salários mínimos mensais. Segundo o IBGE, não houve perda de poder aquisitivo: a diferença foi consequência do reajuste de 12,6% do valor do salário mínimo, que obteve ganho real de 7,9% entre 2008 e 2009.
O gasto com o pessoal ocupado correspondeu a 30,3% do total dos custos e despesas das empresas de construção, resultado superior à participação em 2008, quando foi de 29,2%. Já o porcentual gasto com materiais de construção diminuiu de 26,4% para 24,9%.
"A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que baixou para zero a alíquota de 30 produtos, contribuiu para esse porcentual menor da participação dos materiais de construção no total das despesas das empresas", disse Abritta.
Investimento
As empresas do setor de construção investiram menos em máquinas e equipamentos em 2009. Em compensação, empregaram mais dinheiro em terrenos e edificações. Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) referente a 2009, divulgada pelo IBGE.
Apesar da crise econômica mundial, o total de investimentos da indústria da construção passou de R$ 5,024 bilhões em 2008 para R$ 5,788 bilhões em 2009. Do montante investido em 2009, 31,2% (R$ 1,804 bilhão) foram para terrenos e edificações, 44,2% (R$ 2,560 bilhões) em máquinas e equipamentos, 17,8% (R$ 1,029 bilhão) em meios de transporte e 6,8% (R$ 393 milhões) em outras aquisições, como móveis, computadores, etc. Em 2008, esses porcentuais foram de 14,4% para terrenos e edificações, 53,8% para máquinas e equipamentos, 23% para meios de transporte, e 8,8% para outras aquisições.
"Nos últimos anos, houve um investimento forte em máquinas e equipamentos. A queda em 2009 pode ter sido devido a um receio de como ficaria a economia brasileira nos próximos anos", disse Fernando Abritta, responsável pela Pesquisa Anual da Indústria da Construção. "Como as empresas já tinham investido em máquinas e equipamentos nos últimos anos, elas estavam equipadas e continuaram construindo com as máquinas que já tinham".
Segundo Abritta, os terrenos e edificações que constam como investimentos foram aqueles colocados no capital social das empresas. "Podem ser terrenos que a empresa comprou para fazer uma sede ou para no futuro vir a construir e vender", explicou o técnico do IBGE.
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