quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sindicato: preço dos combustíveis deve cair nos próximos dias

Com a entrada da nova safra de etanol e a normalização dos estoques nos postos de combustíveis de todo o País, a tendência é que os preços comecem a cair ainda esta semana nas bombas. A afirmação foi feita pelo vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz.
"Os estoques já estão normalizados e é possível até que o etanol que tem chegado aos postos já venha com menores preços. Portanto, a tendência é que os consumidores já comecem a sentir a queda no preço do álcool hidratado e da gasolina nos próximos dias em alguns dos principais centros e ao longo das próximas semanas em todo o País".Alísio Vaz adiantou que com a entrada da nova safra da cana-de-açúcar, o preço do etanol anidro já caiu R$ 1 nas duas últimas semanas, o que certamente vai influenciar e apressar a queda dos preços. Para o vice-presidente do Sindicom, houve um certo mal-entendido em relação ao aumento do preço da gasolina nas últimas semanas, que acabou gerando informações e discussões conflitantes e até acusações de formação de cartel por parte dos postos de combustíveis."O que houve foi que os preços do etanol atingiram patamares inéditos e o repasse deles para a gasolina afetou os preços nas bombas. A alta foi consequência do efeito da entressafra e houve esse mal-entendido de associar a qualquer movimento especulativo ou de formação de cartel", avaliou.Pelas contas do Sindicom, o etanol anidro - que é misturado na proporção de 25% à gasolina - saiu de um patamar de R$ 1,24 no início de janeiro para R$ 2,70 no fim de abril - uma alta de 120%. Esse aumento acabou levando a uma elevação de R$ 0,30 a R$ 0,40 no preço final da gasolina, que saltou de R$ 2,60 para R$ 2,91 entre janeiro e a última semana. "A equação é simples e não há mistério: a safra foi curta, os preços aumentaram porque os estoques eram pequenos e o consumidor pagou mais caro em proporção ao aumento nas usinas".Como o etanol anidro é 25% da composição da gasolina e se ele aumentou R$ 1,46 desde o início do ano, um quarto desse valor poderia aparecer no preço da gasolina, o que dá R$ 0,36. Pela pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre o início do ano e a semana passada o aumento médio da gasolina nas bombas foi de R$ 0,31. "O que está dentro da expectativa", disse Vaz.Para o Sindicom, é importante ressaltar o fato de que, apesar da entressafra, em nenhum momento chegou a haver risco de desabastecimento e os estoques, que chegaram a levar os postos a operar no limite, já estão normalizados. "Houve alguns atrasos pontuais no atendimento aos postos, mas o importante é que nenhum consumidor teve problema para abastecer seu carro, seja com álcool ou com gasolina - mesmo com o feriadão prolongado da Semana Santa.O Sindicom representa, em nível nacional, as principais companhias distribuidoras de combustíveis e lubrificantes do país, entre elas a Petrobras Distribuidora e a Shell - totalizando mais de 80% do volume de distribuição do setor. O mercado envolve a distribuição de 77,4 bilhões de litros de combustíveis e um faturamento anual de mais de R$ 150 bilhões.ANP
O sindicato apoia a decisão do governo federal que, ao publicar a Medida Provisória 532, tornou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) responsável por toda a cadeia de produção, movimentação e abastecimento de biocombustíveis (biodiesel e etanol) no País, inclusive pela importação e exportação de etanol.A ANP já era responsável pela fiscalização e regulamentação dos derivados de petróleo e do biodiesel. Na avaliação do Sindicom, a decisão do governo de transferir para a agência a regulamentação de todos os biocombustíveis "é positiva, na medida em que a ANP poderá planejar melhor a logística de abastecimento, obviamente de forma coordenada com os produtores"."A agência já tinha o poder da regulamentação do mercado e da produção de biodiesel. Por questões tradicionais, o etanol não estava na esfera da ANP e isso foi equacionado, na medida em que a agência agora vai regular toda a produção de combustível - seja ele derivado de petróleo, biocombustível ou etanol", disse à Agência Brasil o vice-presidemte executivo do Sindicom, AlísioVaz. "A forma como ela vai regular isso ainda é motivo de discussão, mas é coerente que a agência passe a regular toda a produção de combustíveis, uma vez que ela, por lei, é a responsável pelo abastecimento nacional", acrescentou.Para Alísio, a decisão também poderá ser decisiva para que o etanol venha a se transformar, de fato, em uma commodity energética. "Certamente a decisão significa um passo importante na transformação do etanol em commodity energética. Dessa forma, a participação, o envolvimento e a regulamentação da ANP é bem-vinda, principalmente se ela vier para estimular a produção de mais etanol para o abastecimento seguro e tranqüilo do país", disse.Ele também ressaltou a importância de a decisão ter ampliado o limite inferior da banda permitida para o volume de adição do etanol anidro à gasolina, que passou de 20% a 25% para 18% a 25%. A partir da decisão do governo, a agência terá 180 dias para adequar seus regulamentos à medida provisória e estabelecer prazos para as empresas ajustarem-se às novas regras. Para isso, a diretoria da ANP já criou um grupo de trabalho para tratar da implantação das mudanças relativas à regulação do mercado de etanol.

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