Os primeiros 50 ônibus movidos a etanol de São Paulo começam a circular em junho com a promessa de ajudar a melhorar o ar da cidade.
Foi uma longa fase de testes, em que dois veículos cedidos pela fabricante Scania funcionaram em tráfego normal pelas ruas por três anos, demonstrando a viabilidade de sua utilização.
Hoje, a frota, operada pela Viação Metropolitana, que deverá circular em linhas da zona sul da cidade, será apresentada oficialmente.
Os ônibus ainda vão servir de vitrine dos esforços da cidade para reduzir as emissões de gases poluentes ao transportar os convidados do C-40 (Climate Leadership Group), o encontro dos prefeitos das metrópoles mais povoadas do mundo, entre 31 de maio e 2 de junho, em São Paulo.
A escolha da capital paulista para sediar o encontro se deveu principalmente aos programas de inspeção veicular e à lei municipal de mudanças climáticas, sancionada em 2009.
O C-40 visa à troca de experiências dos prefeitos da Rede C-40, associação destinada a discutir o papel das municipalidades no combate às mudanças climáticas.
Além de São Paulo, apenas Estocolmo, não por coincidência, sede da Scania, incorporou o etanol à sua frota de ônibus. A meta da capital sueca é, até 2012, utilizar combustíveis renováveis em 50% de seu transporte público.
Os testes em São Paulo comprovaram o desempenho e a confiabilidade do combustível além de uma redução em relação ao diesel de 80% nas emissões de dióxido de carbono, 90% de materiais particulados, 62% de óxido de nitrogênio e ausência de enxofre.
Brasil e Suécia
"Foram testes de demonstração porque nós já sabíamos que essa tecnologia funcionava e muito bem na Suécia", afirmou a pesquisadora Silvia Velazquez, do Projeto Best (Bio Ethanol Sustainable Transport), ação idealizada pela União Europeia, com supervisão no Brasil do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), que propôs a utilização dos ônibus a etanol no Brasil.
Ela conta que só foi necessário conseguir o apoio da prefeitura, do fabricante e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) para que a proposta se concretizasse. A Scania acredita tanto no projeto que decidiu produzir os chassis no Brasil.
"A expectativa é aumentar o número de vendas pois acreditamos que a alternativa do etanol é a única comercialmente disponível para atender a demanda que a própria prefeitura estabeleceu para São Paulo", diz Eduardo Monteiro, responsável por vendas de ônibus urbanos da empresa, referindo-se à meta de utilização de 100% de combustíveis renováveis para o transporte coletivo na cidade até 2018.
"A proposta é expandir o uso", confirma Márcio Schettino, assessor ambiental da Secretaria Municipal de Transportes. Os ônibus são abastecidos de etanol com 5% de aditivo promovedor de ignição. O combustível será fornecido pela Raízen (Shell-Cosan) mediante um contrato com a prefeitura que garante o fornecimento por 70% do preço do diesel.
A prefeitura deve garantir recursos para o programa com as multas aplicadas àqueles que não tiverem feito a inspeção veicular. "Teremos a compensação na diminuição dos gastos com saúde pública causados pela poluição", afirma Schettino.
O plano, segundo Niège Chaves, presidente da Viação Metropolitana, é garantir o equilíbrio do preço para que a renovação da frota seja toda feita com veículos abastecidos a etanol.
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