terça-feira, 17 de maio de 2011

Ah, se desse para juntar Jetta e 408

Já pensou se na hora de comprar um carro você pudesse escolher o melhor de cada modelo? Na escolha de um sedã médio, por exemplo, daria para escolher o câmbio de seis marchas do Volkswagen Jetta, mas acoplá-lo ao motor de 2,0 litros 16V do Peugeot 408. Mas, infelizmente, não é bem assim que funciona e temos de levar o conjunto todo pra casa.


Sendo assim, quem preferir pagar R$ 69.990 pelo Jetta Comfortline Tiptronic, vai levar uma caixa de seis marchas com trocas seqüenciais com respostas rápidas e trocas suaves. Mas, em contrapartida, vai ter um motor de 2,0 litros 8V de apenas 120 cv de potência com etanol e 116 cv com gasolina. O bloco é o mesmo usado no Golf de quarta geração desde seu lançamento em 1998.

Já quem desembolsar R$ 74.900 no  408 Feline 2.0 automático terá um propulsor moderno de 2,0 litros 16V que chega aos 151 cv com etanol e 143 cv com gasolina. É verdade que ele já tem um tempo de mercado, mas é feito com alumínio e conta com comando variável de válvulas de admissão. Só que toda a graça do motor é inibida pelo câmbio de apenas quatro velocidades que, apesar de ter uma nova programação e um conversor de torque mais rápido, ainda peca nas indecisões na hora de trocar a marcha.

Só que nem a caixa automática tira o brilho do sedã da Peugeot. Mesmo não tendo um design inovador, é mais rebuscado do que a cara de sério do Volkswagen. Os faróis lembram o antecessor 307 e a traseira, com algum esforço, traz à mente o antigo 406. O Jetta ganhou a identidade visual da marca, que o faz lembrar desde um Audi luxuoso quando visto de traseira até um popular Fox quando é observado pela frente.

O interior do Jetta também é contido. Traz bom acabamento e o rádio pode ter uma tela sensível ao toque, mas sem muitas novidades. Aceita músicas por uma entrada de cartão SD ou porta USB no porta-luvas, mas não tem navegador e nem tocador de DVD. O 408, na versão avaliada, tem entradas auxiliar e USB no console central. Os dois têm Bluetooth.

Além disso, o Peugeot vem equipado com airbags frontais, laterais e de cortina, controle de estabilidade, freios ABS com distribuidor eletrônico de frenagem, direção eletro-hidráulica, ar-condicionado digital de duas zonas, teto solar e rodas de 17 polegadas. No Jetta, a direção é hidráulica e, tirando os freios ABS e os airbags frontais, o restante é opcional.

Quando se fala em espaço interno, os dois sedãs são parecidos. O entre-eixos do Peugeot tem 2,71 m, 6 cm a mais. Essa vantagem está clara ao se olhar para quem se senta atrás, mais confortável e com acesso privilegiado no acesso graças ao tamanho das portas. Como dito no “30 dias a bordo do Renault Fluence”, uma cadeira de bebê vai com folga. O porta-malas também é maior, com 16 litros a mais: 525 l. E a tampa do 408 tem abertura pantográficas, sem as alças que invadem o espaço da bagagem presentes no Jetta.

Ao volante, como já dito no início do texto, o mundo perfeito seria uma junção dos dois. Como não dá para ser, o Jetta peca sim pelo motor. Ele tem um bom torque em baixa rotação, mas vai perdendo o ritmo conforme ganha velocidades. Uma retomada a 80 km/h vai exigir reduções que, com o bom câmbio, são rápidas. A aspereza do funcionamento e o ruído, aí não tem jeito, vão incomodar.

A suspensão é firme como manda a escola Volkswagen. O sedã fica firme nas curvas mais rápidas e dá uma boa sensação de segurança. Em cruzeiro é difícil sentir oscilações da carroceria.

O  motor do 408 é mais suave e responde bem ao acelerador em quase todas as situações. A caixa de quatro marchas ficou com as trocas mais suaves por causa do novo conversor de torque, mas ainda há lentidão entre as trocas e muitas vezes “desobedece” o motorista. A suspensão é mais equilibrada entre o desempenho e o conforto, mas não é nada que desabone em altas velocidades, mantendo o carro na linha em curvas e sem flutuações em linha reta.

Veredicto de Fernando Pedroso – O Jetta é um carro bonito, mas conservador demais. O padronização do desenho da Volkswagen tirou, a meu ver, o status que o Jetta antigo tinha. O motor já cansado no mercado decepciona, mas é salvo pelo câmbio Tiptronic. O Peugeot, apesar da caixa de quatro marchas, tem um motor melhor e ganha no espaço, no conforto e no pacote de equipamentos. É o vencedor.

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