Entidade acredita que em dois anos financiamento pela caderneta de poupança vai atingir o máximo permitido; idéia é procurar novas fontes de recursos.
São Paulo – Os financiamentos imobiliários lastreados por recursos da caderneta de poupança alcançaram, em 2010, o valor recorde de R$ 56,2 bilhões, 65% a mais do que em 2009. Esse ritmo de crescimento é "ótimo", segundo a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), mas está com o futuro ameaçado. O saldo das cadernetas de poupança não tem crescido tanto quanto a demanda por imóveis.
O presidente da Abecip, Luiz Antonio França, disse que, em cerca de dois anos, o valor dos financiamentos deve chegar ao limite de 65% do saldo das cadernetas que os bancos são obrigados a ofertar. A partir de então, os empréstimos não crescerão mais até que os depósitos da poupança aumentem ou seja encontrada uma outra fonte de recursos para o crédito imobiliário.
Em 2010, o saldo das cadernetas de poupança cresceu 18% e atingiu o valor de R$ 299,9 bilhões. Com este montante, e já considerando o limite dos 65%, os bancos podem emprestar até cerca de R$ 195 bilhões para compra de imóveis. França afirmou que os bancos já emprestam, aproximadamente, R$ 100 bilhões.
“Vamos ter de colocar outra forma de funding [fonte de recursos], pois a demanda cresce mais do que o saldo das cadernetas”, afirmou ele. “Estamos enxergando escassez de funding na caderneta de poupança."
Segundo França, os bancos já estão discutindo soluções para o problema que se aproxima. Uma das propostas é o governo permitir que as instituições financeiras emitam títulos para captar recursos específicos para o financiamento imobiliário. O que poderá acarretar em mudanças nas atuais condições dos empréstimos. Segundo França, empréstimos que usam a receita dos títulos como fonte de recursos devem ter juros mais altos dos que os que utilizam o dinheiro da poupança.
O presidente da Abecip disse que a redução dos impostos cobrados dos mutuários e dos bancos poderia baratear essa modalidade de crédito. Ele assegurou que o governo está buscando soluções. “Estamos trabalhando muito com a Secretaria de Política Econômica [do Ministério da Fazenda]. Felizmente, o governo se sensibilizou sobre o assunto”.
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