A cena chegou a ser constrangedora de tão escancarada. A mocinha faz uma longa visita à fábrica de cosméticos por preciosos minutos movidos a diálogos toscos. É patente que merchandising em novela é ferramenta tradicional para incentivar venda de produtos de massa. Até aí, nada de novo. Mas, na TV Globo, pelo menos, existia rigoroso parâmetro na sua utilização. Havia discrição. A se considerar a última novela no horário nobre_ a criação de Agnaldo Silva Fina Estampa _ esse balizador desapareceu. Ou perdeu a eficiência para o cliente. Ou talvez, o atual público de tevê aberta carece de discernimento e o merchan virou um vale tudo.
Na cena em questão, Amália (Sophie Charlotte), filha de Griselda (Lilia Cabral), que no começo da trama vendia cremes e produtos de beleza para ajudar no orçamento da casa, ganhou sua própria e sonha expandi-la. Por capítulos a fio faz citações à Natura, até que, resolve visitar a fábrica da empresa. Sem fôlego na trama, o passeio pelas instalações ficou estranho e resultou em comentários debochados nas redes sociais. Um merchandising invasivo sempre incomoda os mais argutos. Mas, ao que tudo indica, a televisão não está muito preocupada com eles.
Povão
Executivo de alta patente em uma das grandes emissoras do país, fonte antiga que prefere o anonimato, diz que a tendência da tevê aberta nos próximos anos será mesmo essa. Vai tornar as mensagens publicitárias cada vez mais óbvias e, se possível, dentro do conteúdo não só das novelas, como dos programas em geral. Com isso, as emissoras pretendem atingir as classes emergentes, que ganharam renda e poder de consumo, e que são menos afeitas ao tratamento dissimulado que se dava antes a esse tipo de propaganda. Aliás, diz ele que, quanto mais elas ascendem, mais popular ficará a televisão aberta.
Texto de Marili Ribeiro, publicado no blog da jornalista.
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