Ensinamos, em oito lições, como você pode jogar pelo ralo boa parte do seu salário
Até setembro de 2008, a Petrobras obteve lucro líquido de R$ 26,56 bilhões. Uma ninharia quando comparado ao lucro da americana Exxon Mobil – US$ 45,22 bilhões em 2008. É cedo para afirmar se nesta era de carros alternativos os futuros balanços dessas empresas continuarão a apresentar mais de dez dígitos. Mas o fato é que você pode colaborar para garantir os apetitosos bônus dos altos executivos das petrolíferas e, em menor escala, ser o grande camarada do frentista do posto da esquina. Como? Elementar, caro motorista: torrando combustível!
Para ajudar você a desperdiçar ainda mais, preparamos oito lições que devem ser seguidas no seu dia a dia. Os resultados foram garantidos a partir das medições feitas na pista de testes da TRW, em Limeira, no interior de São Paulo, em um Ford EcoSport 2.0 Flex abastecido com álcool (mas que também poderia receber gasolina, pois as condições relatadas abaixo servem para qualquer tipo de combustível).
Os resultados foram comprovados pelos consultores da FEI, a Fundação Educacional Inaciana, um dos mais prestigiados celeiros de engenheiros do País. O professor Ricardo Bock nos ajudou a definir a metodologia do ensaio e o estudante de engenharia Pedro Luiz Souza Pinto Filho colaborou nas medições de consumo e na preparação do carro.
Antes de prosseguir a leitura, guarde algumas referências:
1- O consumo médio do EcoSport em perfeitas condições foi de 11,8 km/l de álcool – vamos entender esta média como “consumo ideal”;
2- Quinze mil quilômetros é a distância média que os brasileiros rodam por ano;
3- R$ 1,329 foi o preço médio do litro do álcool no Estado de São Paulo no mês de fevereiro;
4- R$ 1.689,40 é o valor anual estimado que o dono de um Eco 2.0 igual ao nosso gastaria se rodasse à velocidade constante de 80 km/h.
Morro acima
Resumimos nossa aula de como ser sócio-contribuinte das petrolíferas em apenas oito lições. Mas há outras, como acelerar e frear bruscamente, dirigir esticando as marchas, manter as rodas e suspensão desalinhadas. Também não consideramos alguns fatores que não dependem diretamente da manutenção do carro ou da maneira como se dirige, como morar em cidades com relevo irregular ou rodar em dias muito quentes, quando o ar fica rarefeito e a queima do combustível não se dá por completo. Enfrentar sistematicamente congestionamentos nos horários de pico também ajuda a esvaziar o tanque e o seu bolso mais rapidamente.
Há quem tente amenizar o desperdício – as fábricas de automóveis em conjunto com as de autopeças estão desenvolvendo soluções para reduzir o consumo dos veículos. Uma delas é o sistema que desliga o motor automaticamente quando o carro para por mais de alguns segundos, na espera da abertura do semáforo, por exemplo. O mecanismo, que já vem sendo usado em alguns veículos, como o híbrido Honda Insight, desde o fim do século passado, tende a se popularizar, como acredita a Bosch.
Consumo de Fábrica
Você provavelmente já se perguntou: por que os números de consumo de fábrica são tão otimistas? A resposta está dentro dos laboratórios, não nas ruas. Na década de 90, por força das leis de emissões de gases criadas para evitar o caos ambiental, surgiu a norma técnica NBR 7024 que estabelecia regras de simulação do uso normal de um automóvel em dinamômetro. A norma era específica para medir a emissão de poluentes, mas acabou servindo também para as aferições de consumo.
A NBR 7024 exige que o veículo fique em uma câmara fechada por 24 horas antes do teste para estabilizar a temperatura de todos os componentes mecânicos. Com o motor desligado, o carro é levado para o dinamômetro de rolo e só então o motor é ligado. A primeira fase procura reproduzir um ciclo urbano, em que o veículo roda à velocidade média de 30 km/h, com acelerações, freadas e uma parada total. No ciclo de estrada, ele roda à velocidade média de 80 km/h. É o mundo ideal, sem buracos, semáforos, variações de temperatura e de humor do motorista. Diferente dos resultados que você vê na C/D.
“Os motoristas veem o consumo no manual ou nos anúncios e reclamam da diferença entre o que as fábricas dizem e o que eles conseguem. Isso acontece porque a medição de fábrica é feita em condições controladas e repetidas e não na rua em que se está sujeito a todo tipo de interferência”, afirma Alfredo Castelli, diretor de Eventos da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
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