Rebatizada, agência passa a usar apenas a marca Lua e adota a cor azul para tentar atrair os olhos de clientes privados
Para diversificar suas fontes de receitas e diminuir a dependência das contas públicas, agências antes especializadas no atendimento a governos investem na abordagem a clientes da iniciativa privada. Entretanto, para ganhar espaço entre os anunciantes dessa esfera, não basta apenas um bom plano de prospecção. Elas também precisam mudar a imagem de “agências de governo”. Duas das que estão se movimentando neste sentido são a paulistana Lua Branca e a carioca Quê Comunicação.
Dona de contas como as do Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo – esta atualmente em concorrência – a Lua Branca está mudando até o nome da agência. Rebatizada, passa a usar apenas a marca Lua. Além disso, adotou a cor azul para tentar atrair os olhos dos clientes privados. “É uma questão de diversificação que visa perpetuar o negócio da Lua. Eu estaria igualmente preocupado se tivesse 80% das receitas vindas do setor privado”, analisa Rodrigo González, presidente da agência.os
Nos últimos meses, ele contratou profissionais com história no relacionamento com contas privadas para ajudar a traçar os rumos de sua empresa. Os principais são Átila Francucci, que chegou em agosto passado para liderar a criação, inclusive com participação na sociedade ao lado dos irmãos Rodrigo e Bruno González, e Ricardo Polmon (ex-Leo Burnett), que assumiu a direção de atendimento e negócios em outubro. Para reforçar o movimento, a agência traz agora o redator Bruno Godinho (ex-Africa), o head of digital André Finaga (ex-JWT Madri), a diretora de RTV Anna Bohm (ex-Publicis) e a produtora gráfica Sabrina Inui (ex-Mood). A mídia continua sob liderança de Caetano Garcia.
Com a equipe reforçada, afirma Rodrigo González, a Lua atinge a maturidade necessária para implementar as mudanças e exibir seus diferenciais ao mercado privado. “Queremos mostrar que somos brasileiros e conhecemos profundamente o povo, incluindo as mudanças político-sociais dos últimos anos. Temos estudos na agência que analisam seu comportamento de modo muito mais profundo do que as pesquisas que estão no mercado”, analisa.
O desafio é grande diante de um mercado concorrido. A única saída para a agência, conforme aponta Francucci, é “mostrar a cara”. “Queremos entrar em todas as concorrências possíveis para explicar nossas propostas, independente do tamanho e do mercado em que atue o anunciante”, frisa. “Na verdade, o ideal é pegarmos clientes que estejam em terceiro ou quarto lugar em seus mercados. Nós não queremos soluções, mas trabalhar com problemas e resolvê-los”, completa. Outra barreira é a “pecha pública”. “A questão de conta pública é mal vista no Brasil, mas há muitos lados positivos. Os pagamentos são feitos de acordo com a lei e os processos são mais transparentes. Na França, o Publicis atende o governo. Nos Estados Unidos, a verba do Exército é disputada e gera trabalhos muito criativos”, afirma Polmon. “Precisamos desmistificar a ideia de que o trabalho é menos qualificado, pois atender uma conta pública é tão complexo quanto atender um cliente privado, senão mais”, completa González. Segundo ele, a agência tem 70% de suas receitas oriundas de contas públicas. As contas privadas conquistadas recentemente são as da construtora BGG, do hospital Tuca e da revista Cult.
Em busca da felicidade
Já a Quê Comunicação lançou na semana passada um novo posicionamento com a intenção de que o mercado a veja com mais leveza – um contraponto com o peso arcaico que muitos vêm nas contas governamentais. A partir de agora, o slogan é “A gente é muito feliz no que faz”.
“Às vezes, as agências esquecem de trabalhar sua própria imagem. Decidimos mudar o posicionamento, o que passa pelo projeto de trazer um ar mais leve e moderno para uma marca acostumada a trabalhar para o setor público”, afirma Dudu Almeida, diretor de criação da agência. “O posicionamento anterior trazia para o mercado a imagem de uma empresa focada em contas públicas”, confirma. Segundo ele, o setor público representa 65% das receitas da Quê, e a intenção é diminuir este peso.
Para isso, a agência, que tem escritórios no Rio de Janeiro, Brasília e Aracaju (onde atende o Governo de Sergipe), irá atrelar um plano de prospecção mais agressivo no setor privado à mudança de posicionamento. No médio prazo, diz Almeida, a Quê considera a abertura de um escritório em São Paulo, como parte fundamental desta estratégia. “Não queremos depender apenas de bons trabalhos para atrair os clientes da iniciativa privada. Queremos ser vistos de forma natural como uma opção para eles”, resume.
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