BRASÍLIA, 28 Fev (Reuters) - O governo brasileiro apresentou nesta terça-feira a representantes mexicanos suas propostas de revisão no acordo automotivo que mantém com o México desde 2002, mas o anúncio sobre um possível acerto entre os dois países só deve acontecer na quarta-feira.
"(As linhas gerais) estão sobre a mesa e cada lado, então, vai refletir e amanhã (quarta-feira) haverá essa manifestação sobre esses elementos de revisão (do acordo)", afirmou o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, depois de um dia inteiro de negociações.
Durante essas negociações, o Brasil sugeriu a adoção de cotas de importações flexíveis, que não seriam calculadas anualmente, nos moldes do que já existe com a Argentina atualmente. "É uma das possibilidades, mas não vou adiantar nenhum elemento específico", disse Nunes em conversa com jornalistas.
Além dessa proposta, o Brasil também sugeriu outras possibilidades, como um aumento palatino da exigência de maior conteúdo de autopeças mexicanas nos automóveis exportados para o Brasil, hoje fixadas em 30 por cento, e a inclusão de veículos pesados no acordo também foram debatidas.
O acordo entre os dois países já teve um dispositivo de cotas de importações, que vigorou até 2007, mas depois essa exigência foi abandonada. O Brasil reclama que só no ano passado o acordo rendeu um déficit comercial com o México de aproximadamente 1,7 bilhão de dólares.
Apesar de ressaltar que as negociações entre os dois países ocorreram num ambiente amistoso e que se caminha para uma solução negociada, Nunes não descartou a possibilidade de o Brasil encerrar o acordo com os mexicanos.
"Se houver mudança no espírito de revisão não posso dizer que a possibilidade de renúncia está descartada. O que eu posso dizer é que (com) o espírito construtivo das reuniões de hoje (terça) e o interesse nesse equilíbrio do intercâmbio bilateral é que se espera que haja um entendimento em torno da revisão do acordo", explicou o embaixador.
Uma fonte do governo mexicano, que pediu para não ter seu nome revelado, também ressaltou que há "vontade das partes e ambiente para buscar uma solução".
Segundo o Itamaraty, é provável que as duas partes façam uma nova reunião na quarta-feira e depois anunciem a decisão tomada.
Além da participação dos técnicos, pelo lado brasileiro as negociações são comandadas pelos ministros Fernando Pimentel (Indústria, Comércio e Desenvolvimento Exterior) e Antonio Patriota (Relações Exteriores). Pelo México integram a comitiva a chanceler Patrícia Espinosa e o secretário de Economia, Bruno Ferrari.
(Por Jeferson Ribeiro; reportagem adicional de Esteban Israel)
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