Mirando executivos, condomínios residenciais e comerciais têm bom desempenho nas vendas. Incorporação, no entanto, é difícil
SÃO PAULO - Símbolo do requinte paulistano em tempos de outrora, a quase sexagenária marca Ca’D’Oro agora alinha-se à nova tendência do mercado imobiliário da cidade: os empreendimentos mistos, ou mixed use, como preferem os especialistas. O antigo hotel, fechado desde 2009, deve dar lugar a uma torre residencial com 374 unidades e outra comercial, incluindo um restaurante e 147 apartamentos de hotel - referências históricas do antigo negócio.
"Ele não será mais um cinco estrelas, mas um midscale (de médio padrão) com um quê de glamour e saudosismo", diz Ricardo Laham, diretor de incorporações da Brookfield, responsável pelo empreendimento. Para ele, a localização, no Baixo Augusta, e a integração vão contribuir para o sucesso após o lançamento, previsto para o fim deste mês.
"É uma tendência mundial. Em todas as grandes cidades, as pessoas querem se locomover menos", diz Paola Alambert, gerente de marketing da Abyara Brasil Brokers, vendedora das unidades no Ca’d’Oro. "Nos últimos anos, houve falta de empreendimentos com apartamentos pequenos e escritórios. Agora, há uma demanda enorme."
Para o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, há um movimento de criação de pequenos polos na capital: "Uma cidade compacta é o futuro".
O chamado público single - que mora só, tem alto poder aquisitivo e pouco tempo livre - é o principal alvo das incorporadoras. "Algumas pessoas fazem do imóvel um segundo lar. Dormem a semana no apartamento e voltam para casa no sábado", diz Regiane Adrião, gerente de condomínios da administradora Hubert. Ela é responsável pelo International Business Center, em Moema, que tem hotel, residências e escritórios em três torres.
Mercado. A estratégia das empresas está embasada em resultados de mercado. De acordo com Ricardo Laham, um empreendimento misto - normalmente compacto e com serviços adicionais pagos - vale até 20% a mais.
"O FL 4300 (na Avenida Brigadeiro Faria Lima), que também é mixed use, é um dos maiores sucessos do ano", diz Cyro Naufel, diretor de atendimento do da Lopes, que vendeu todo o empreendimento no pré-lançamento. Para ele, corredores corporativos, como o Faria Lima-JK, são especialmente interessantes.
"Não acredito que estejamos restritos a estas localizações. A Mooca, por exemplo, é um bairro que recebe muito bem produtos mistos", acrescenta Rosane Ferreira, diretora de incorporação da Cyrela São Paulo. O presidente do Secovi-SP vê também potencial em cidades médias com vocação comercial.
Apesar do sucesso de vendas, este não é um empreendimento fácil de viabilizar. Para especialistas, ele demanda terrenos grandes, e o plano diretor é demasiadamente restritivo. "É uma legislação anacrônica que deve ser mudada", reclama Crestana.
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