A construtora e incorporadora MRV Engenharia espera ver em 2011 um cenário similar ao do ano passado, quando a escassez de mão de obra resultou em forte pressão de custos nos resultados da companhia.
"A compressão maior de mão de obra [vista] em 2010 vai acontecer em 2011 também", disse o presidente-executivo da MRV, Rubens Menin, em teleconferência nesta quinta-feira.
Diante deste cenário, a empresa realizou uma revisão orçamentária significativa no último trimestre de 2010, o que resultou em redução da margem do resultado a apropriar (REF) de 48 para 45,9% sobre os três meses anteriores. Em valores, o impacto não-recorrente foi de cerca de R$ 50 milhões de reais, segundo o vice-presidente financeiro Leonardo Corrêa.
A MRV também viu os encargos financeiros alocados no Custo dos Imóveis Vendidos (CMV) saltarem de R$ 16,2 milhões para R$ 37,2 milhões de reais entre setembro e dezembro, representando 4,3% da receita líquida no trimestre.
Menin, no entanto, assegurou que a revisão orçamentária foi reflexo de uma posição conservadora da empresa e garantiu as condições para que a meta de margem Ebitda traçada para 2011 --de 25% a 28%-- seja cumprida.
"Nossos orçamentos estão 100% enquadrados. A revisão foi fruto de conservadorismo (...) consequência de demanda maior de mão de obra que certamente vai ocorrer. Não vai ser recorrente, fizemos uma única vez. Estamos muito tranquilos com 'guidance' de margem Ebitda", disse ele.
Após a teleconferência, os investidores reagiam mal aos números apresentados pela MRV. Às 11h25, as ações da construtora se desvalorizavam em 5,25%, enquanto o Ibovespa tinha leve queda de 0,3% no mesmo horário.
LUCRO MENOR QUE O ESPERADO
A MRV apresentou na manhã desta quinta-feira lucro líquido de R$ 152,1 milhões para o último trimestre do ano passado, aumento de 24,9% sobre o ganho obtido no mesmo intervalo de 2009.
A média das estimativas obtidas pela Reuters com nove analistas era de lucro líquido de R$ 171,6 milhões para a empresa no período.
Na comparação com os três meses imediatamente anteriores, contudo, o lucro da empresa recuou 29,6%.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia totalizou R$ 187,5 milhões nos três meses até dezembro, alta anual de 20,4%. A margem, por sua vez, caiu de 29,1% para 21,6%.
No acumulado de 2010, o lucro líquido da MRV atingiu R$ 634,5 milhões, expansão de 82,7% em relação ao apurado no ano anterior.
Já a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, foi de R$ 795,9 milhões nos 12 meses do último ano, 81,1% maior ante 2009. A margem ficou em 26,3%.
A companhia já havia reportado em janeiro vendas contratadas de R$ 1,15 bilhão no último trimestre de 2010, alta de 53% sobre igual intervalo de 2009.
Em todo o ano passado, as vendas da MRV cresceram 33%, para R$ 3,75 bilhões, ficando ligeiramente acima do ponto mais baixo da meta traçada para 2010, que era de R$ 3,7 bilhões a R$ 4,3 bilhões.
A velocidade de vendas, medida pela relação de venda sobre oferta, ficou em 32% no quarto trimestre.
Já os lançamentos da MRV totalizaram R$ 1,85 bilhão nos três meses até dezembro, alta de 75,9% sobre o mesmo período em 2009. No fechado de 2010, a empresa lançou R$ 4,60 bilhões, aumento de 78% ano a ano.
A companhia contabilizou receita líquida de R$ 866,2 milhões no quarto trimestre do ano passado e de R$ 3,02 bilhões no fechado de 2010, crescimento anual de 61,7% e 83,4%, respectivamente.
A MRV reiterou nesta quinta-feira as projeções para 2011 de vendas contratadas entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,7 bilhões. A companhia prevê que, este ano, sejam entregues cerca de 28 mil unidades, ante 15 mil em 2010.
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