segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Imóvel em SP atrai investidor externo

Banco suíço seleciona empresas ligadas ao setor de construção civil no Brasil e cria cesta de ações para oferecer a clientes 

Café, açúcar, minérios e, agora, apartamentos. O boom imobiliário brasileiro vira atração internacional e mobiliza bancos estrangeiros e fundos de pensão para investir em ações do setor no País. Da Suíça ao Canadá, passando pelos Estados Unidos e Reino Unido, investidores estão sendo atraídos pelos lucros da construção civil no Brasil.

Na semana que vem, o banco privado suíço Vontobel lançará um produto para investidores que queiram aplicar no Brasil. Não se trata de ações da Embraer ou de empresas de mineração e açúcar e álcool. O chamariz é o setor imobiliário. O banco selecionou ações de 12 empresas que já atuam no setor de construção no Brasil e criou uma cesta para oferecer a investidores. 

"Já temos recebido telefonemas de interessados", disse ao Estado o chefe de produtos financeiros do banco, Lionel Pilloud. Segundo ele, se essa primeira experiência funcionar, o banco não descarta ampliar a oferta nos próximos meses.

A conta é simples: há ainda um déficit habitacional enorme no Brasil, a economia e os salários aumentam e as obras para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos estão apenas começando.
Para atrair investidores, o banco aponta que, entre 2008 e 2010, o preço de lançamentos em São Paulo dobrou. Além disso, enquanto o investimento em imóveis por habitante chega a US$ 2,6 mil nos Estados Unidos, ainda é de apenas US$ 250 no Brasil, uma indicação de que há muito espaço para crescer.

Em seu site, o banco resume a situação brasileira. "Há uma década, o Brasil era ainda um mercado emergente arriscado para investimentos. Hoje, o País tem um sistema político e financeiro saudável. Com um endividamento relativamente baixo, renda em alta, melhores condições de acesso ao crédito e um aumento da demanda por hipotecas. Ao mesmo tempo, o Brasil enfrenta um déficit de habitações", explica o banco.

Na cesta de ações oferecidas pela instituição estão as empresas de shopping centers BR Malls, Iguatemi e Multiplan, as incorporadoras Eztec e Cyrela, além da Duratex e da Gerdau, ligadas ao setor de construção.

O investidor jamais verá o apartamento ou imóvel construído. Comprará em dólares, euros ou francos suíços a ação na Bovespa, na expectativa de que o valor dessas empresas cresça nos próximos anos. Para o banco, que se aliou a outros para montar a operação, trata-se de uma aposta de médio prazo.

'Cobiçado'. Os bancos suíços não estão inventando a roda. Um recente levantamento feito pela Associação de Investidores Estrangeiros no Setor Imobiliário (Afire, na sigla em inglês) mostrou que o Brasil é o segundo lugar mais cobiçado do mundo para investidores do setor de construção, abaixo apenas dos EUA, mas àcima da China. No Reino Unido, operadores da City de Londres confirmam que têm apontado a expansão do setor imobiliário brasileiro como fator para convencer investidores a aplicar dinheiro no Brasil.

Ainda nesta semana, os dois maiores fundos de pensão do Canadá anunciaram a compra de 49% das ações do Shopping Botafogo Praia, por US$ 80 milhões. Os fundos Ivanhoe Cambridge, de Quebec, e CPP Investment Board, de Toronto, têm ampliado os investimentos em imóveis pelo mundo. Para a CPP, porém, o mercado brasileiro tem se transformado em algo "particularmente atraente" diante do crescimento da economia e da expansão da classe média. 

Para o fundo de pensão, o principal motivo do crescimento do setor no Brasil é a expansão da classe média, que deve ser ampliada em 30 milhões de pessoas nos próximos anos. Para Peter Ballon, chefe do fundo para as Americas, a ampliação seria equivalente à inclusão da população inteira do Canadá no mercado. 

O Citibank é outro que sugere a seus investidores aplicações no mercado imobiliário brasileiro. O banco, em nota recente a investidores, alerta que aqueles com um perfil mais conservador deveriam manter as aplicações em "propriedades de alta qualidade nos distritos de negócios de cidades como Pequim. Londres, Munique, Nova York, Paris e Sydney". Mas, para aqueles que aceitam um risco maior, mercados com alta taxa de crescimento deveriam ser considerados. Entre eles, estaria o Brasil, com um retorno bem acima de mercados como Europa e EUA.

 

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