O número de consumidores que não conseguiram arcar com as prestações do financiamento do carro novo dobrou de 2010 para 2011. A taxa de inadimplência registrada pelo Banco Central em dezembro passado foi de 5%, ante 2,5% no mesmo mês do ano anterior. Ao todo, 2,1 milhões de veículos vendidos no ano passado foram comercializados com algum tipo de financiamento.
De acordo com analistas do setor automotivo, a taxa de inadimplência disparou como reflexo do “boom” da classe média, entre 2007 e 2009. Neste período, muitos consumidores conseguiram adquirir o primeiro carro, por meio do financiamento em 60 vezes sem entrada. Quando não há o pagamento de nenhum valor antecipado na hora da compra, os juros praticados pelo mercado ficam em 2,5% ao mês – com uma entrada de 40%, a taxa fica entre 1,4% e 1,6%. Além disso, gastos com combustível, IPVA e manutenção têm ficado mais onerosos nos últimos anos.
Prevendo que a facilidade para financiar um veículo iria desencadear a inadimplência, o Banco Central adotou, em dezembro de 2010, medidas para dificultar a concessão de crédito para a modalidade. O órgão aumentou o valor da entrada e aumentou o compulsório dos bancos, o que reduziu a oferta de dinheiro no mercado. Agora, quem quer financiar um automóvel de 24 a 36 meses precisa apresentar pelo menos 20% do valor total. Entre 48 e 60 meses, a entrada mínima é de 40%.
Como a alta da inadimplência ainda reflete os financiamentos acordados em período anterior à medida, os bancos já recusam cerca de 60% dos novos pedidos para financiamento de carros. Em relação aos consumidores inadimplentes, muitos acabam precisando repassar o veículo para saldar a dívida. Isso pode refletir no mercado automotivo, já que há o aumento da oferta de veículos usados, que concorrem indiretamente com os zero quilômetro. No fim das contas, a indústria também pode sair perdendo. (Com informações do G1)
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