Valorização do real volta a preocupar, dizem empresas na Automec. Setor registrou déficit de US$ 715,4 milhões no primeiro bimestre.
Valorização do real, alta taxa de juros e taxas sobre investimentos são os três principais problemas apontados pela indústria brasileira de autopeças. O foco das preocupações está na queda das exportações e aumento das importações. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, o setor passa por “dificuldades enormes”, porque tem perdido a competitividade.
Dados da entidade apontam que a balança comercial de autopeças no primeiro bimestre registrou déficit de US$ 715,4 milhões, aumento de 2% sobre o mesmo período de 2010. As exportações somaram US$ 1,5 bilhão, 34,1% superiores. As importações também cresceram, mas em percentual menor, 21,6%, e chegaram a US$ 2,18 bilhões.
Mesmo com a alta do faturamento nas vendas fora do país, durante a Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços (Automec), fabricantes afirmaram que o quadro das exportações é crítico. O evento, realizado em São Paulo desta terça-feira (12) a sábado (16), reúne 900 empresas e conta com a participação de marcas de outros 31 países.
Entre as empresas prejudicadas pelo câmbio atual — na última sexta-feira (8), a taxa de câmbio havia fechado a R$ 1,574, na menor cotação desde agosto de 2008 — está a Magneti Marelli. Segundo o presidente do grupo para o Mercosul, Virgilio Cerutti, as exportações correspondiam a cerca de 10% do faturamento no Brasil há dois anos. Segundo ele, o percentual vai cair.
“Praticamente não estamos mais exportando nossa linha de amortecedores (marca Cofap), por exemplo. Com a mudança do câmbio, perdemos competitividade", afirma. Segundo ele, de todas as dificuldades que as empresas instaladas no Brasil enfrentam para exportar, 80% são fatores macroeconômicos, como o câmbio. “Não dá para exportar”, ressalta. Entre as operações do Brasil e da Argentina, a empresa italiana faturou US$ 2,4 bilhões em 2010.
Outro fornecedor de grande porte que reclama do câmbio é a Delphi. De acordo com o presidente da Delphi América do Sul, Gábor Deák, a companhia obtém hoje 15% de seu faturamento com exportações. Segundo ele, o volume já foi bem maior e o país tem perdido cada vez mais a competitividade.
“Espero que isso mude, porque o que tem compensado a queda das exportações é o mercado interno, mas a falta de competitividade também nos prejudica internamente”, diz o executivo ao destacar que o câmbio nesse patamar torna os produtos de outros países mais competitivos no Brasil.
Diante do cenário, as duas empresas vão investir na produção local para atender o mercado interno, especialmente porque a demanda por peças de reposição aumentou em consequência da expansão da frota brasileira, que chega a 32,5 milhões de veículos. A estratégia é fidelizar os clientes, sejam as oficinas ou o consumidor final, para se proteger da entrada de produtos importados e da pirataria.
Projeções do Sindipeças apontam que as vendas do setor devem crescer 4,3% neste ano, chegando a R$ 90,1 bilhões.
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