Vantagem de preço de imóvel em avenida beneficia comprador e eventual locatário
SÃO PAULO - Com 90 metros quadrados de área e pé direito duplo, o apartamento alugado pela consultora de moda Preta Nascimento, de 42 anos, é um verdadeiro achado - com exceção de um ponto, a que logo chegaremos. O imóvel, localizado nos Jardins, possui uma janela imensa no living que dá para um terraço com árvores da rua e passarinhos.
Nesse cenário, porém, há um elemento destoante: o charmoso edifício de três andares, eis o ponto, fica na convergência da Alameda Gabriel Monteiro da Silva com a Avenida Rebouças, trazendo o barulho ininterrupto dos carros para o interior da morada de dois dormitórios. A consultora, que reside no imóvel há dois anos com o filho adolescente, diz que não se importa com o ruído. "Já o sublimei, fora que sou agitada e durmo pouco", diz. "Gosto de estar nos Jardins, ao lado da Rua Oscar Freire. Mas penso em instalar uma janela antirruído no quarto do meu filho. Ele está dormindo cada vez mais tarde."
Preta é um dos habitantes da cidade que se dispõem a trocar o silêncio (raro) de São Paulo por um imóvel bem localizado, mas numa área barulhenta. O que importa, nesses casos, é a velha máxima imobiliária: localização numa região privilegiada. Mesmo que, neste caso, seja numa via movimentada.
"Via de regra, um imóvel situado em uma grande avenida vale de 10% a 15% menos do que um imóvel com as mesmas características, mas localizado em endereço mais tranquilo", diz o gerente da filial Pinheiros da Lello Imóveis, Arnaldo Amorim. "Quanto melhor o padrão do apartamento,no entanto, e mais próximo estiver de centros importantes, seja de compras ou negócios, menor a tendência de perder valor", acrescenta o presidente do Conselho Regional dos crretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto. Para o interessado, a desvantagem, portanto, pode se transformar em vantagem financeira a hora de adquirir ou alugar um imóvel com esse perfil. Preta paga R$ 2 mil mensais de aluguel, incluindo IPTU e taxa de condomínio.
Amorim, da Lello, cita outros exemplos. "Um mesmo edifício na Avenida Giovanni Gronchi possui apartamentos que valem R$ 800mil e R$ 600mil, embora sejam todos iguais. A diferença é que os mais caros dão para uma área tranquila e os mais baratos ficam de frente para uma área com barulho", diz o corretor. Outro caso citado por Amorim é uma cobertura de 300 m² na Avenida Rebouças, próximo à Rua Pedroso de Moraes. "O imóvel vale R$ 800 mil, mas outro com características semelhantes e em uma rua mais sossegada na mesma área tem um valor cerca de 15% superior."
Com a economia feita na aquisição de um imóvel ‘barulhento’, mas que possui área útil generosa e outras características arquitetônicas atraentes - além da localização central -, o novo morador pode investir em equipamentos antirruído, como janelas e portas especiais, que trarão maior qualidade de vida aos moradores.
Localização
A proprietária da imobiliária R3Martinelli, Rosângela Martinelli, no entanto, reforça que, para fazer um bom negócio nesse tipo de compra, é necessário que o imóvel esteja localizado em uma área central. "Os que contam com boa rede de transporte público e acesso fácil para qualquer parte da cidade são os mais valorizados e procurados.
"De fato, ao percorrer avenidas como a Paulista, Henrique Schaumanne Rebouças, a reportagem não encontrou placas de ‘Vende-se’ou‘Aluga-se’em muitos edifícios residenciais, o que indica, ao menos em tese, a falta de imóveis disponíveis."A Avenida Paulista, por exemplo, atrai pessoas que gostam de morar em áreas centrais e comum certo glamour do passado", diz a corretora Rosângela.
Em tempo: se há vantagem na hora de comprar, é bom lembrar que o imóvel continua subvalorizado em uma venda posterior.
AVALIE
Localização: Muitas vezes, avenidas que abrigam edifícios residenciais são endereços de localização estratégica, a exemplo da Paulista e Rebouças, entre outras, que possuem boa infraestrutura de transporte público e abrigam, ou ficam próximas, de centros comerciais e de negócios.
Barganha: O valor de um imóvel situado em endereço com tráfego intenso de carros e, portanto, sujeito a barulho, pode ser 10% a 15% mais barato em relação a outros localizados em ruas mais tranquilas. Essa diferença é vantajosa para quem pretende ou precisa economizar.
Poluição sonora: O barulho gerado pelo movimento constante de automóveis não é contido por janelas comuns, que apenas isolam entre 5% e 10% do som externo. Uma alternativa é investir em janelas e portas antirruído, que isolam até 70% do som. Uma janela com medidas de 1,20 m x 1,20 m, por exemplo, custa, em média, R$ 2,5 mil. Já uma porta com placa de chumbo e lã de rocha, revestida de madeira maciça e nas medidas 2,10 m x 0,80 m, custa cerca de R$ 4,8 mil.
Poluição do ar: Com o barulho dos automóveis vem os poluentes atmosféricos, que invadem o interior dos imóveis. A necessidade de lavar cortinas e paredes se faz mais frequente para evitar que fiquem enegrecidas.
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