O ano de 2011 começou bem, mas ninguém conseguiu ainda polir a bola de cristal para tentar uma previsão confiável do aumento de vendas sobre 2010. Por enquanto, a Anfavea ainda sustenta os 5% de crescimento, mas promete fazer uma revisão em breve, possivelmente para cima. O que dificulta é o número de dias úteis no primeiro bimestre pelo efeito de sazonalidade. Embora janeiro-fevereiro deste ano tenha crescido 15% sobre igual período de 2010, a referência diminui para 8% quando se consideram os dias efetivos de vendas.
Esse pano de fundo serviu para outras informações durante o Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2011, realizado em São Paulo, semana passada. O mercado continuará favorável ao consumidor pelos menos nos próximos dois ou três anos, segundo a maioria dos palestrantes. A indústria instalada no Brasil está amarrada entre aumentos de custos sem condições de transferência ao consumidor e a concorrência externa beneficiada pelo dólar barato frente ao real. A situação cambial não mudará tão cedo e o resultado é que hoje é possível comprar automóveis mais baratos do que um ano atrás, quando ainda existiam incentivos fiscais do governo.
Essa situação deverá encontrar um limite, segundo Marcos Munhoz, da GM: “De fato, um carro chinês tem custo até 58% menor que o brasileiro. A indústria terá que tomar decisões drásticas para competir nesse cenário. Em 2000 eram seis fabricantes e em 2015 haverá 15, que responderão por 90% do mercado”. Ele não citou os novos concorrentes, mas dois estão confirmados -- Hyundai-Coreia (além da operação CAOA) e a chinesa Chery -- e outros estão rondando, como Mitsubishi-Japão (ao lado do Grupo Souza Ramos), Mazda e Suzuki.
Já Letícia Costa, consultora e diretora da AEA, ressaltou que o tamanho do nosso mercado é uma boa vantagem competitiva, “mas sem tomar medidas de curto prazo para ganhar tempo, estaremos todos muito mal em longo prazo”. Tanto a Anfavea como o Sindipeças têm estudos de aumento de competitividade a apresentar ao governo. O do Sindipeças será entregue logo em abril, adiantou Paulo Butori, presidente da entidade. Rogélio Golfarb, vice-presidente da Anfavea, não estipulou um prazo. Mas garantiu que a indústria ainda tem fôlego para atender a demanda, embora ainda existam dúvidas sobre o efeito do aumento da taxa de juros sobre as vendas no setor.
Uma confirmação do que a coluna adiantou, no início do ano, é que até agora surgiram meios criativos para contornar o aperto no crédito. Basta consultar qualquer concessionária.
Entretanto, as soluções vão além das melhorias em infraestrutura e de reformas que teimam em encalhar. Entre as dificuldades está o valor da mão de obra setorial, que acumulou aumentos bem superiores à inflação nos últimos anos. Em 2014, alcançará US$ 24 a hora, contra US$ 33, nos EUA. Ampliar a robotização nas linhas de montagem parece irreversível, com consequências previsíveis e imprevisíveis.
Apesar de tudo, há uma certeza: ninguém vai arredar o pé do Brasil. Nem mesmo com as catástrofes no Japão complicando, nas próximas semanas, a vida de todos. Em particular de quem descuidou dos índices de nacionalização.
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PEQUENO BMW
Alguns receberam com ceticismo o comentário do chairman da BMW, Norbert Reithofer, de que cogita instalar uma fábrica na América do Sul, leia-se, Brasil. Na realidade, existem 50% de chances de decisão positiva e os estudos estão adiantados. Haverá produto para isso: o compacto de tração dianteira (pela primeira vez) partilhando a arquitetura do Mini.
Alguns receberam com ceticismo o comentário do chairman da BMW, Norbert Reithofer, de que cogita instalar uma fábrica na América do Sul, leia-se, Brasil. Na realidade, existem 50% de chances de decisão positiva e os estudos estão adiantados. Haverá produto para isso: o compacto de tração dianteira (pela primeira vez) partilhando a arquitetura do Mini.
UNO DE ENTRADA
Depois de garantir o fluxo de produção, a Fiat oferece agora a versão de duas portas do Novo Uno. Houve atraso de seis meses. Preço é o esperado: vai de R$ 26.490 (Vivace, motor de 1 litro) a R$ 32.170 (Sporting, de 1,4 litro). Na linha Uno, o veterano Mille ainda responde por 40% das vendas totais, mas a fábrica espera a diminuição paulatina dessa proporção.
Depois de garantir o fluxo de produção, a Fiat oferece agora a versão de duas portas do Novo Uno. Houve atraso de seis meses. Preço é o esperado: vai de R$ 26.490 (Vivace, motor de 1 litro) a R$ 32.170 (Sporting, de 1,4 litro). Na linha Uno, o veterano Mille ainda responde por 40% das vendas totais, mas a fábrica espera a diminuição paulatina dessa proporção.
FRANCÊS
Interessante a estratégia da Peugeot de lançar, na Europa, o 508 para substituir ao mesmo tempo o 407 (médio-grande) e o 607 (topo de linha). Enfrentar os sedãs premium alemães é tarefa ingrata, mesmo oferecendo preço mais acessível. A marca francesa apostou no estilo moderno, porém sóbrio, muitos equipamentos e capricho especial no acabamento.
Interessante a estratégia da Peugeot de lançar, na Europa, o 508 para substituir ao mesmo tempo o 407 (médio-grande) e o 607 (topo de linha). Enfrentar os sedãs premium alemães é tarefa ingrata, mesmo oferecendo preço mais acessível. A marca francesa apostou no estilo moderno, porém sóbrio, muitos equipamentos e capricho especial no acabamento.
COREANOS E CHINESES
Associação dos importadores sem instalações industriais no Brasil (Abeiva) espera que seus 30 sócios comercializem 165.000 unidades este ano. Significa 55% de crescimento em relação a 2010, puxado basicamente pela sul-coreana Kia e pela chinesa JAC. Mas a entidade ainda pode reavaliar esse crescimento exuberante ao longo do ano, sempre para cima, claro.
Associação dos importadores sem instalações industriais no Brasil (Abeiva) espera que seus 30 sócios comercializem 165.000 unidades este ano. Significa 55% de crescimento em relação a 2010, puxado basicamente pela sul-coreana Kia e pela chinesa JAC. Mas a entidade ainda pode reavaliar esse crescimento exuberante ao longo do ano, sempre para cima, claro.
MARCO
Coincidências: tanto a Daimler, fabricante de automóveis e caminhões Mercedes-Benz, como a Robert Bosch foram fundadas há 125 anos e ambas estão sediadas em Stuttgart, Alemanha. A primeira patenteou o primeiro automóvel útil e a segunda é maior empresa de autopeças do mundo (pelo menos até Schaeffler e Continental completarem o processo de fusão).
Coincidências: tanto a Daimler, fabricante de automóveis e caminhões Mercedes-Benz, como a Robert Bosch foram fundadas há 125 anos e ambas estão sediadas em Stuttgart, Alemanha. A primeira patenteou o primeiro automóvel útil e a segunda é maior empresa de autopeças do mundo (pelo menos até Schaeffler e Continental completarem o processo de fusão).
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