terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ações do PanAmericano disparam 18% após compra pelo BTG

As ações do Banco PanAmericano abriram as negociações nesta terça-feira com valorização de mais de 18%, após anúncio da compra do controle da instituição por R$ 450 milhões na noite de segunda-feira pelo BTG Pactual. Às 11h27 (de Brasília), os papéis do banco disparavam 18,08%, cotados a R$ 5,03.Apesar da alta, a ação do Panamericano ainda é negociada a pouco mais da metade do valor de outubro, um mês antes da divulgação dos problemas contábeis na instituição. Em 13 de outubro de 2010, a ação chegou a fechar acima de R$ 9.Para os analistas Frederic de Mariz e Saul Martinez, do JPMorgan, ainda faltam alguns importantes esclarecimentos. 


"Não sabemos quando o banco vai publicar os resultados do terceiro trimestre de 2010. Não sabemos qual é a relação estratégica entre o BTG e o Panamericano... E não sabemos o que vai acontecer e quem vai pagar o prejuízo de R$ 4 bilhões divulgado pela imprensa", escreveram em nota.A operação marca a entrada do conglomerado financeiro de André Esteves no varejo bancário. O BTG acertou a aquisição da totalidade da participação do Grupo Silvio Santos no Panamericano, assumindo 51% das ações ordinárias do banco e quase 22% das preferenciais, representativas de 37,6% do capital total."A aquisição representará a criação de uma quarta linha de negócios para o Banco BTG Pactual no Brasil. O PanAmericano será uma plataforma independente de distribuição de produtos e crédito para o varejo", disse Esteves, presidente-executivo do BTG Pactual, em comunicado. A instituição já atuava nas áreas de banco de investimentos, gestão de recursos e gestão de fortunas. O próprio Esteves chegou a negar, no final do ano passado, interesse do BTG em entrar no varejo bancário.Em novembro, o Grupo Silvio Santos, na condição de controlador do PanAmericano, anunciou aporte de R$ 2,5 bilhões no banco, obtidos com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), para cobrir problemas na contabilidade da instituição. Na semana passada, jornais publicaram notícias afirmando que a nova diretoria do PanAmericano teria descoberto que o rombo contábil seria ainda maior, totalizando ao redor de R$ 4 bilhões. Havia expectativa de que o banco divulgasse até 31 de janeiro seu balanço com o detalhamento das falhas, o que acabou não ocorrendo.Sociedade
Em dezembro de 2009, a Caixa Econômica Federal- controlada pelo governo - comprou 49% do capital votante e 20,7% das ações preferenciais do Panamericano por R$ 739,2 milhões. BTG e Caixa firmaram acordo de acionistas envolvendo suas participações no PanAmericano. Segundo o BTG, a Caixa "reiterou seu compromisso de manutenção da parceria estratégica com o PanAmericano, através do fechamento de um acordo de cooperação, por meio do qual adquirirá direitos creditórios e aplicará em depósitos interfinanceiros do PanAmericano".Será realizada uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) aos acionistas minoritários do Panamericano nas mesmas condições oferecidas ao acionista controlador pelo preço de R$ 4,89 por ação, o que representa um prêmio de quase 15% sobre a cotação da ação preferencial do PanAmericano no fechamento da bolsa na segunda-feira.O negócio ainda precisa do crivo do Banco Central, que foi quem identificou que o PanAmericano mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras, inflando o resultado do banco. O BC iniciou uma investigação para apurar responsabilidades e a Polícia Federal abriu inquérito para apurar eventual prática de crimes contra o sistema financeiro nacional envolvendo o PanAmericano.O comunicado do BTG não faz alusão aos problemas contábeis no PanAmericano nem ao empréstimo tomado do FGC. O sócio do BTG Pactual José Luiz Acar Pedro será o novo presidente-executivo do PanAmericano, que terá atuação independente do BTG Pactual, de acordo com a instituição. "Investiremos em sistemas, processos e aprimoramento da eficiência, além de criação de novos produtos e suporte aos clientes, franqueados, promotores de venda e na intensificação da nossa parceria com a Caixa", afirmou Acar, em nota.Entenda
O PanAmericano anunciou em novembro que o Grupo Silvio Santos, seu controlador, iria aportar R$ 2,5 bilhões na instituição para restabelecer o equilíbrio patrimonial e a liquidez, após "inconsistências contábeis" apontadas pelo Banco Central (BC). Um processo administrativo de investigação apura a origem e os responsáveis pelo problema de falta de fundos.A injeção de recursos no banco foi feita por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma entidade sem fins lucrativos que protege os correntistas, poupadores e investidores. São as instituições financeiras que contribuem com uma porcentagem dos depósitos para a manutenção do FGC - sem recursos públicos.A holding do Grupo Silvio Santos colocou à disposição empresas como o SBT e a rede de lojas do Baú da Felicidade, entre outras, como garantia pelo empréstimo, que tem prazo de dez anos. Especializado em leasing e financiamento de carros, o PanAmericano teve 49% do capital votante vendido para a Caixa Econômica Federal em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões. Com autorização do BC, as atividades das lojas e o atendimento ao público continuam sem problemas.

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