Fábrica da montadora japonesa no Paraná, em conjunto com a Renault, está perto do limite da capacidade, e empresa estuda alternativas.
SÃO PAULO - Após registrar aumento de 54% nas vendas em 2010, num mercado que cresceu 11,9%, a japonesa Nissan traça planos mais ambiciosos para o Brasil. A capacidade produtiva da unidade que opera junto com a Renault no Paraná está perto do limite e a matriz do grupo, comandada pelo brasileiro Carlos Ghosn, estuda ampliar a linha ou mesmo construir nova fábrica, que pode ser em parceria com um grupo nacional. O mais cotado seria o EBX, de Eike Batista.
O presidente da Nissan do Brasil, o francês Christian Meunier, confirma que a matriz mantém negociações com a EBX, mas ainda não há decisão sobre um projeto conjunto. Eike já tem área reservada para uma fábrica de carros no Porto do Açu (RJ), onde está construindo complexo industrial que abrigará duas siderúrgicas, duas fábricas de cimento e vários fornecedores.
Só para a montadora, Eike prevê investimentos de US$ 1 bilhão e deseja montar também um carro elétrico. Ontem, ele não foi localizado para comentar o assunto. A Nissan já tem no Japão o Leaf, movido a eletricidade, mas Ghosn tem dito que sua venda no Brasil só seria viável com subsídios governamentais, a exemplo do que fazem Europa e Estados Unidos.
A unidade da Nissan em São José dos Pinhais tem capacidade para produzir 43 mil veículos ao ano. "Logo estaremos no limite", diz Meunier. "Se tivermos de produzir uma nova plataforma (veículo inédito), a estrutura atual não é suficiente".
Em novembro, ele esteve no Japão para apresentar o plano da marca no Brasil para os próximos anos e conta ter recebido apoio total da matriz. O programa de investimento ainda não pode ser revelado, pois depende da alternativa a ser adotada, se ampliação ou nova fábrica.
Em 2010, o melhor ano para a indústria automobilística brasileira, com vendas de 3,3 milhões de automóveis e comerciais leves, a Nissan também registrou recorde, com 35,7 mil unidades, das quais 60% de modelos nacionais. Sua participação no mercado nacional foi de 1,07%, muito pouco para uma fabricante instalada no País há nove anos.
"Queremos chegar a 2% este ano", diz Meunier. Ele projeta um mercado total de cerca de 3,6 milhões de veículos, o que significaria vender cerca de 70 mil unidades. Para 2014, porém, a ambição é bem maior. "Vamos acelerar os negócios para atingir fatia de 5% do mercado, com 200 mil carros."
Carro Popular. O otimismo da Nissan está ancorado no início das vendas, em outubro, do compacto March, que será importado do México. O modelo disputará mercado com o Volkswagen Gol e o Fiat Uno, na faixa de preço de R$ 28 mil. Prevendo grande demanda, a Nissan abriu 15 novas revendas em 2010 e abrirá mais 50 este ano, totalizando uma rede com quase 150 lojas.
Meunier diz que não há planos de produzir o hatch March no Brasil, mas o modelo, fruto de uma engenharia global, terá mais dois irmãos, um sedã e um monovolume. O sedã será lançado este ano, mas sua produção, por enquanto, está prevista apenas para a fábrica da China. "Dependendo do sucesso do March, não descartamos a produção local do sedã", afirma.
O executivo assumiu a filial em abril com a missão de promover uma revolução na marca que é líder no México (23% das vendas), tem 8% do disputado mercado americano, mas não decolou no Brasil e na Argentina.
Ao menos no marketing ele já conseguiu fazer barulho. No ano passado, das cinco campanhas publicitárias da marca que foram ao ar, três foram censuradas pelo Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) a pedido de rivais que foram citados nos filmes. "Nossa intenção não é agredir, mas chamar a atenção para nossos produtos de uma forma mais engraçada; alguns riram das peças e outros foram à Justiça", diz. A estratégia provocativa deve continuar.
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