A rotina dos comerciais da Hyundai é conhecida: um locutor de voz aveludada anuncia predicados sem fim do novo modelo que, supostamente, traz o fino da tecnologia mundial embarcado. O mais recente exemplo é o novo Azera, quinta geração do sedã grande que pode ser encomendado por R$ 110 mil mas que, diferente do contado por anúncios em jornais e revistas, não custou US$ 1 bilhão em desenvolvimento. E que tal debochar desse perfil, digamos, exagerado? Foi o que a Fiat resolveu fazer no comercial abaixo:
O vídeo acima é apenas o primeiro de uma série, todos em tom de sátira, contra as técnicas utilizadas pela Caoa-Hyundai em suas campanhas: em outras peças, lançamentos "revolucionários" e "dotados da mais avançada tecnologia" são mostrados quadro-a-quadro em ângulos incríveis para, no fim, se revelarem numa banal maçaneta ou caneta (chamada de "a nova caneta 2012" numa referência ao "novo Azera 2012"). Em outro, a mescla de estilos de alemães, italianos, ingleses, americanos e japoneses (mote do lançamento do i30 no Brasil, quando o carro foi comparado ao BMW Série 1) é utilizada para anunciar um "insuperável" saca-rolhas.
O Freemont foi lançado em agosto com preço inicial de R$ 82 mil para ser o primeiro utilitário esportivo da Fiat no Brasil e no mundo. De fato, ele é o primeiro fruto do controle que a marca europeia exerce sobre a americana Chrysler -- o conhecido Dodge Journey de cinco e sete lugares recebeu leves acertos de suspensão e de visual e passou a adotar o escudo vermelho da Fiat e um novo nome de batismo. No país, ele concorre com crossovers e SUVs de pequeno porte como Honda CR-V, VW Tiguan e, claro, Hyundai ix35, entre outros.A tática do deboche não é nova no mundo da publicidade automotiva, mas sua prática tem sido recorrente nos últimos tempos. A Nissan ganhou notoriedade com suas campanhas contra a Ford (o comercial brasileiro banido da TV, mas que pode ser visto aqui, teve origem numa propaganda americana da Ford, veja só), contra picapes frágeis (este aqui), mas principalmente com a propaganda dos "pôneis malditos" -- mesmo premiada e massivamente comentada em rodas de bar e redes sociais, esta peça pouco falou da picape Frontier, produto da Nissan, embora tenha emplacado a frase castelhana "te quiero" numa provocação velada a rivais fabricadas na Argentina, como VW Amarok e a líder Toyota Hilux (reveja aqui).
Desta vez, no entanto, abre trincheira num front diferente, já que vem da marca líder de mercado num ataque a um rival que ganha espaço com a ousadia de seus carros, mas também por torcer um tanto a realidade: com milhões de reais de investimento em propaganda e nenhuma vontade em colaborar com a imprensa especializada, a representante nacional da Hyundai já inventou prêmios (leia no AutoEstrada) para seus modelos, azedou a festa da co-irmã Kia (conforme noticiou o colunista Joel Leite), pode ter inventado uma motorização e vendido muito com isso (como aponta o Carsale), disse revolucionar o mundo dos hatches com uma terceira porta (UOL Carros já falou dessa grande bobagem aqui), assim como sobrevalorizou a cota real de investimentos para produzir o novo Azera. O fato é que a marca coreana vem ganhando espaço no mercado nacional e incomodado bastante as marcas rivais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário