quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Eike Batista no mundo da comunicação

Empresário aumenta seus ativos nas áreas digital e de marketing esportivo 

Desde que o empresário Eike Batista começou a frequentar a lista dos dez homens mais ricos do mundo divulgada anualmente pela Forbes – atualmente é o oitavo, com fortuna estimada em US$ 27 bilhões –, seu nome sempre é o mais lembrado no Rio de Janeiro quando o assunto é investir. Sua holding EBX, cujos negócios são focados em infraestrutura e recursos naturais, vem ampliando e diversificando os investimentos em áreas nas quais está longe de ser especialista. Basta haver uma oportunidade que o nome de Eike logo surge como opção de investidor. Pouco antes de o Jornal do Brasil sucumbir e deixar de circular nas bancas em 2009, surgiu um clamor nas redes sociais para que o empresário salvasse o diário e o rebatizasse como JBX – em referência do “X” que aparece no nome de todas as empresas do bilionário.

Entretanto, os investimentos de Eike Batista na área de comunicação estão longe de ter uma motivação sentimental, apesar de uma série de empreendimentos como a reforma do lendário Hotel Glória serem um reflexo de sua paixão pelo Rio de Janeiro. No entendimento de publicitários cariocas, seu interesse na área de comunicação é muito mais estratégico. Para muitos, a lembrança de Nelson Tanure, último empresário do ramo de infraestrutura que tentou se tornar magnata da mídia, não é das melhores. “A pegada” de Eike, como dizem os cariocas, é outra. A volatilidade do mercado publicitário seria um dos inibidores para empreitadas mais ousadas de Eike, além do porte infinitamente mais modesto em comparação ao do setor de infraestrutura e energia.

Apesar do assédio permanente da mídia, a aproximação de Eike Batista com a indústria da comunicação começou mais concretamente em 2008. Naquele ano, além de ter sido escolhido com personalidade do ano no tradicional Prêmio Comunicação da Associação Brasileira de Propaganda (ABP), o grupo EBX comprou ações do Ideasnet, holding financeira que controla negócios como a agência Hands, a TV Ao Vivo (multimídia), a Imusica (conteúdo), a Pini (editora), a Zura (e-commerce) e o portal Bolsa de Mulher, que nesta semana anunciou sua fusão como o e-Mídia, holding que tem entre seus sócios Romero Rodrigues, criador do Buscapé (leia mais aqui). Com 14,92% das ações do Ideiasnet, Eike sempre manteve uma postura discreta quanto ao investimento, nunca comentando suas motivações de ordem mais estratégica.

Com o Rio de Janeiro se tornando o principal palco da Copa de 2014 e sede das Olimpíadas de 2016, o apetite de Eike em participar dos empreendimentos em torno dos grandes eventos se intensificou. No final do ano passado, o empresário se tornou sócio da IMG, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo que buscava um parceiro investidor para montar uma operação no Brasil. O primeiro fruto do negócio foi a criação em março deste ano da IMX, uma espécie de filial brasileira da IMG – mas com o “X” característico de Eike. O comando da agência deve ficar com Alan Adler, Ênio Ribeiro, José Roberto Pacheco e Sérgio Melo, sócios da Brasil 1, empresa responsável pela realização do UFC no Rio de Janeiro, que integrou o Grupo ABC até o início deste ano e negocia a transferência de seu controle para a IMX. A assinatura do contrato assim como a definição da nova composição societária ainda não aconteceu, mas Eike Batista já postou em seu Twitter pessoal que o negócio está certo. A sede da agência continuará sendo no Rio de Janeiro, onde trabalham cerca de 30 funcionários, e uma filial será mantida em São Paulo.
 
Como anunciante, a atuação de Eike ainda é tímida. Não existe na EBX o cargo de diretor de marketing, assim como não há uma conta publicitária entregue à uma agência específica. As contratações, quando acontecem, são job a job. Um das últimas campanhas avulsas que o grupo encomendou contemplou a Binder, que criou um filme estrelado pelo ator Luigi Baricelli e a menina Vitória Albinante Gaiato, de 7 anos, moradora de São João da Barra. A peça veiculada apenas no norte fluminense promove o Complexo Industrial do Superporto do Açu, em construção em São João da Barra (RJ), local onde foi rodada a produção filmada pela Yes.

A área digital também tem obtido algumas demandas do mega empresário. A sua empresa OSX, que atua no setor de equipamentos e serviços para a indústria offshore, por exemplo, apostou numa solução digital para divulgar a viagem da embarcação FPSO OSX-1 entre Cingapura e Brasil. Os internautas podem acompanhar via hotsite a trajetória até o Rio de Janeiro da unidade que vai produzir o primeiro óleo da OGX em Waimea, na Bacia de Campos. Mais um exemplo da comunicação a serviço dos empreendimentos do oitavo homem mais rico do mundo.

 

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