terça-feira, 30 de agosto de 2011

O desafio de se conectar ao público

Conferência realizada em São Paulo ensina marcas a beneficiarem-se dos movimentos de crowdsourcing e de cocriação

Crowdsourcing e cocriação são termos que entraram recentemente para o vocabulário dos profissionais de comunicação e marketing. Para apresentar cases que exemplificam essas duas tendências e ajudar o mercado a se beneficiar delas, a empresa de produção Mutopo realizou nesta segunda-feira, 29, no Teatro Vivo, em São Paulo, a conferência Crowdsourcing, Cocriação e Comunidade. Profissionais atuantes no mercado nacional e convidados internacionais debateram caminhos para que as marcas se beneficiem das ferramentas que utilizam a interação com o público, seja para guiar suas estratégias publicitárias ou mesmo para arejar as ideias internas das empresas.

Shaun Abrahamson, fundador da Mutopo nos Estados Unidos, defende que tudo na comunicação pode ser crowdsourcing. Entretanto, ele alerta que quem usa a comunicação com esta finalidade precisa ser específico em seus objetivos. “Os últimos anos serviram para conectar pessoas e agora as pessoas conectadas podem fazer tudo”, frisa. Em sua apresentação, o executivo explicou que crowdsourcing é uma ferramenta que trabalha uma ideia junto a determinada comunidade, sendo que o mediador não interfere no processo de criação.

Já na cocriação, segundo ele, empresa e consumidores criam juntos um produto, por exemplo. Enquanto as pessoas expõem suas ideias, a empresa estuda as possibilidades para a fabricação do modelo sugerido. Para exemplificar a cocriação, Abrahamson cita o caso da Lego, que pede sugestão de seu público para criação de novos brinquedos. Porém, existe um filtro para mediar o que será construído.

Neste sentido, Romeo Buzzarello, diretor de ambientes digitais, inovações e relacionamento com o cliente da Tecnisa contou como a empresa vem conseguindo conhecer cada vez melhor seu consumidor e parceiros por meio dos canais que foram implementados entre eles: o Tecnisa Ideias e o Fastdating. O Tecnisa Ideias está no ambiente online para receber sugestões que podem ser usadas nos empreendimentos da empresa. Como exemplo, ele mostrou um comentário sobre a possibilidade de utilizar energia eólica nas coberturas dos edifícios e, assim, gerar economia. Já o Fastdating é direcionado a futuros parceiros e disponibiliza reuniões pré-agendadas de 20 minutos com pessoas empreendedoras que querem colaborar com a Tecnisa.
 
O convidado Bastian Utenberg, da agência alemã Jovoto, que se posiciona como empresa de crowdsourcing, mostrou o case do Starbucks Betacup, em que pessoas do mundo todo puderam opinar sobre os novos copos da marca.

Na publicidade nacional, os exemplos de crowdsourcing e cocriação apresentados foram os cases “Red Bull Art Street View”, da Loducca, e “Fiat Mio”, da AgênciaClick Isobar. Guga Ketzer, sócio e diretor de criação da Loducca, apresentou um legítimo caso de crowdsourcing com o Art Street View (conheça o projeto aqui). Atualmente mais de 6.300 peças mundo afora estão catalogadas, todas sem curadoria. Ou seja, as pessoas inscrevem os pontos de arte urbana e a Red Bull e a Loducca não interferem nas escolhas.

O case de Fiat Mio foi apresentado pela diretora de criação Juliana Constantino e o diretor executivo de planejamento Bertran Cocallemen, ambos da AgênciaClick. Eles contaram como as pessoas puderam usar a plataforma para sugerir ideias para um carro ideal para o futuro e qual o papel da Fiat e seus engenheiros na filtragem das sugestões para criar um resultado real ao público. O carro foi apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2010 e o case foi levado ao Festival de Cannes de 2011 (leia mais aqui).

Questionado sobre como as empresas podem usufruir de tantas opiniões e ideias, Luis Fernando Guggenber, da Fundação Telefônica Brasil, acredita que o principal é ajudar a comunidade. Entre os casos citados está o projeto BelTerra, em que a empresa seguiu para regiões inóspitas da Amazônia e perguntou aos moradores onde seria o melhor lugar para conectá-las. De posse dessas informações, instalou novas linhas de transmissão da rede 3G. “Poderíamos ter solicitado um material a um engenheiro ou consultoria, mas escolhermos falar com quem efetivamente iria utilizar o serviço”, salienta Guggenber.

 

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