segunda-feira, 30 de julho de 2012

Lançamentos focam executivos que querem ficar perto do emprego


 Depois de viver seis anos em Nova York, a advogada paulistana Ivana Martins, 33, voou sem escalas para a casa dos pais, na Vila Mariana, zona sul. A intenção de comprar um apartamento já existia e se tornava mais urgente cada vez que ela ficava presa no trânsito para chegar ao trabalho, na avenida Brigadeiro Faria Lima.

A meta era buscar o mesmo estilo de vida que tinha nos EUA, onde ia a pé para o escritório Shearman & Sterling. No fim do ano passado, decidiu comprar um apartamento de dois dormitórios na região do Itaim Bibi, zona oeste, a 15 quarteirões da filial paulistana da empresa.
"Achei que seria conveniente pagar um pouquinho mais caro para estar em um lugar onde eu teria uma economia a longo prazo", conta. Assim como ela, outros jovens estão procurando imóveis na região e, com isso, mudando o perfil de bairros como Itaim Bibi, Vila Olímpia e Brooklin, onde apartamentões familiares têm dado lugar a novos empreendimentos, mais compactos, voltados para jovens executivos de vida social e profissional intensa.
Lucas Lima/Folhapress
A advogada paulistana Ivana Martins, 33, comprou imóvel de dois quartos no bairro do Itaim Bibi, na zona oeste da cidade
A advogada paulistana Ivana Martins, 33, comprou imóvel de dois quartos no bairro do Itaim Bibi, na zona oeste da cidade

Invertida
Uma pesquisa elaborada pela construtora Lopes mostra uma inversão de tendência no lançamento de imóveis na região do Itaim Bibi e do Brooklin. Nos últimos três anos, impreendimentos com um ou dois dormitórios nesses bairros chegaram a 75% do total. No triênio anterior, de 2006 a 2008, a tendência era oposta: os lançamentos eram dominados por grandes apartamentos de quatro dormitórios, que correspondiam a cerca de 70% dos novos prédios.

Dados do Secovi-SP (sindicato da habitação) apontam que os imóveis de um ou dois dormitórios, antes inferiores a 30% dos lançamentos no distrito do Itaim Bibi, representaram 74% entre os anos de 2009 e 2011. Já no distrito do Campo Belo, que inclui o Brooklin, os novos empreendimentos de quatro dormitórios, que eram a maioria até 2009, deram lugar a imóveis de um ou dois dormitórios nos últimos dois anos.
"Todos os escritórios estão se mudando para essas regiões. Começa em Pinheiros, no largo da Batata, cruza toda a Faria Lima e continua na [avenida Engenheiro Luís Carlos] Berrini. Teremos um panorama muito moderno por ali", diz Cristiane Crisci, diretora da Lopes Inteligência de Mercado.

Renovação
Edson Nogueira, sócio da Imóveis no Itaim, imobiliária especializada na área, diz que o perfil do morador vem mudando para uma faixa etária mais jovem há cerca de três anos. "Os lançamentos estão acompanhando o que o mercado de usados já estava sentindo. É um produto que falta no Itaim. Tanto falta que, quando tem disponível, vende ou aluga muito rápido."

Lucas Lima/Folhapress
A arquiteta Lívia Nassar, 26, que aguarda imóvel ficar pronto no Brooklin, na zona sul, e espera aproveitar as vantagens da proximidade com a futura linha 6-lilás do metrô
Lívia Nassar aguarda imóvel no Brooklin e quer aproveitar as vantagens da proximidade com a futura linha 6-lilás do metrô
Moradora da Vila Olímpia, na zona sul, desde que chegou a São Paulo, em 2009, a arquiteta Lívia Nassar, 26, optou por comprar um apartamento na planta no bairro do Brooklin, na zona sul. "Sempre trabalhei na Berrini", diz ela, que também enxerga vantagens na proximidade com o metrô. A futura linha 6-lilás deve ficar pronta junto com seu imóvel, em 2015.
Outro ponto importante foi a proximidade do aeroporto de Congonhas e o acesso fácil à rodovia dos Bandeirantes para visitar a família, em Ribeirão Preto, interior paulista. O gerente de marketing e vendas Vitor Marques, 29, decidiu deixar a casa dos pais, em Alphaville, e alugar um apartamento de dois quartos no Itaim Bibi. "Vim para São Paulo para ficar mais perto do trabalho e do meu dia a dia", conta ele, que trabalha no Butantã, na zona oeste.
Na hora de decidir em que bairro morar, a proximidade dos parques Ibirapuera e do Povo, onde vai andar de bicicleta nos finais de semana, foi determinante. "No meio de uma cidade enorme como São Paulo, é difícil ter um refúgio." Junto com os novos moradores, chega um estilo de vida que inclui agitação da porta para fora. "É gente que deseja usufruir da cidade o quanto pode, mas, quando chega em casa, quer dormir", afirma Vinícius Vieira Leite, vice-presidente da construtora Fernandez Mera. 

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