terça-feira, 20 de setembro de 2011

Shell sai às compras de novos blocos de petróleo

Pela primeira vez nos mais de 90 anos de história da Shell no Brasil, o conselho mundial de administração da petrolífera anglo-holandesa está reunido no Rio de Janeiro.

Com objetivo de discutir os resultados da companhia em todo o planeta, a iniciativa, de acordo com os próprios executivos, representa sinalização do tamanho que a operação brasileira conquistou nos últimos anos para a matriz, em tempos de crise mundial e turbulência no Oriente Médio.
Presente à reunião, que será concluída hoje, o diretor de exploração e produção da Shell para as Américas, o americano Marvin Odum, revela que, para os próximos anos, a empresa quer adquirir blocos na margem equatorial Norte do país, incluídos no lote de áreas previstas para a 11ª Rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Amapá ao Rio Grande do Norte, em 2012.
Em entrevista exclusiva ao Brasil Econômico, Odum diz que, em princípio, a estratégia da Shell prevê a disputa dos blocos sozinha. Qualquer parceria, pondera, apenas em último caso, e desde que na condição de majoritário nos projetos.
Sem entrar no mérito dos motivos que levaram a presidente Dilma Rousseff a não aprovar, até agora, a 11ª Rodada, o diretor da Shell admite, no entanto, que a decisão oficial da petrolífera de participar do leilão só ocorrerá depois de uma detalhada análise das condições do edital - ainda sem data para publicação.
Será preciso ver, de acordo com o executivo, a lista de áreas incluídas na disputa.
Durante a entrevista, em um hotel no Rio, Odum esbanjou simpatia com o Brasil, país para o qual não economiza elogios.
"O Brasil conseguiu avanços fantásticos com a política de conteúdo local, e esperamos o tempo certo para chegar ao ponto de encomendar uma plataforma aqui", elogia o americano, ao exaltar o interesse no pré-sal.
"As oportunidades que encontramos aqui são da mais alta qualidade em termos globais, tanto do ponto de vista jurídico quanto geológico. Por isso, não acreditamos que a recuperação da produção em países como Iraque e Líbia, no futuro, venha a reduzir a atratividade do Brasil. O pré-sal tem áreas da mais alta qualidade."
Produção acima do esperado
Em território brasileiro, a Shell conseguiu completar oito anos de exploração e produção no campo de Bijupirá-Salema e no bloco BC-10, no chamado Parque das Conchas - ambos na Bacia de Campos - sem um único incidente ambiental ou acidente de trabalho.
Lá, a produção superou em 30% a meta esperada pela matriz. Tamanho desempenho projeta a perspectiva de novos investimentos da empresa na área, não só na chamada fase 2 do BC-10, mas até mesmo em uma provável fase 3, como revelam executivos da empresa, no Brasil.
"Para se ter uma ideia da importância da atividade exploratória no Brasil para a Shell, nós vamos investir, só na fase 2 do BC-10, que começa no início do ano que vem, mais do que os US$ 1,6 bilhão da parcela que desembolsamos à vista para viabilizar a Raízen", compara o presidente da Shell Brasil, André Araújo, ao recorrer ao exemplo da joint venture criada no fim do ano passado com a Cosan para o setor de etanol, um dos movimentos mais estratégicos da petrolífera nos últimos anos.
O otimismo com o Brasil, ratificado pela reunião no Rio do conselho de administração, confirma a mudança de tendência verificada na Shell, nos últimos anos. Desde a década de 90, não foram raros os boatos e especulações sobre a saída da gigante anglo-holandesa do país.
Depois de se desfazer de uma parte da rede de postos de gasolina do país, no início da década passada, a empresa vendeu em 2010 algumas áreas consideradas promissoras, até mesmo no pré-sal, como o prospecto batizado provisoriamente de Bem-Te-Vi, na Bacia de Santos.

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