segunda-feira, 20 de junho de 2011

Morador "turbina" segurança individual em apartamento

O prédio do analista de sistemas Pedro Nunes, 27, tem leitor facial na portaria, 80 câmeras, quatro seguranças que circulam com sensores indicando lugares não vigiados na última hora, muros altos e cerca elétrica. 


Mesmo assim, ele decidiu instalar fechaduras biométricas nas duas portas do apartamento, "para garantir segurança e comodidade". 

Dos 225 apartamentos em seu condomínio, 39 aderiram às fechaduras biométricas desde a inauguração, em outubro passado.

Buscar a segurança individual do apartamento, independentemente da parafernália do prédio, é uma tendência desde o início do ano, segundo administradoras de condomínio e empresários do ramo de segurança ouvidos pela Folha

A lógica é que o bandido, uma vez dentro do prédio, vai preferir o lugar mais fácil de entrar. Houve 24 arrastões a condomínios paulistanos no ano passado e oito em 2011 --muitos em prédios de luxo munidos de todos os equipamentos de segurança. 

Assim, pelo "receio das ondas de arrastão" que via pela TV, a arquiteta Paula Jochen, 30, instalou fechaduras com senha quando se mudou do interior para São Paulo. Já no Morumbi, um morador convenceu o síndico a permitir que um segurança pudesse ficar no hall de seu apartamento. 

"Já achando que a barreira lá embaixo não vai funcionar, o morador busca essas alternativas", diz José Roberto Iampolsky, diretor-geral da Paris Condomínios. 

"Nas assembleias, há oito meses, uma minoria de 30% dos moradores era preocupada com segurança e tachada de exagerada. Hoje, são 70%", diz Silvia Carreira, sócia do Grupo Light, que administra condomínios. 

Embaladas pelas estatísticas, construtoras começaram até mesmo a vender prédios já com câmeras instaladas na entrada das unidades ou com infraestrutura para quem quiser colocá-las. 

O setor de segurança eletrônica lucra: o crescimento médio é de 13% por ano e, em 2010, movimentou US$ 1,68 bilhão (R$ 2,68 bilhões). 

O empresário Cassio Simões, 32, desembolsou US$ 1.310 (pouco mais de R$ 2.000) em equipamentos de segurança doméstica. 

Na casa dele, um robozinho com rodas carrega uma câmera para todos os cantos. As imagens podem ser vistas em qualquer computador. "O prédio não tem nada, então fizemos nossa própria segurança", afirma. 

A psicóloga Adriana Matsumoto, professora da PUC-SP que pesquisa segurança, diz que essas "soluções individualizadas" não resolvem o problema geral da segurança pública na cidade. 

"A população com maior poder aquisitivo aumenta seus muros e adquire mais equipamentos, gerando uma indústria que enriquece com a sensação de insegurança." 

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