sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hora de acabar com a degustação

Embora não saibam ao certo como, dirigentes de jornais defendem que não é mais possível disponibilizar todo o conteúdo digital de maneira gratuita

Os dirigentes de grandes jornais do País são bem conscientes acerca do cenário de consumo de mídia impressa no Brasil: ainda que de maneira tímida, a circulação dos maiores títulos continua crescendo, os jornais populares continuam em ascensão e os portais e sites só veem a sua audiência aumentar. Mas, até quando esse quadro se manterá?

Foi para responder essa e outras perguntas que Antonio Manuel Teixeira Mendes (Folha de S.Paulo), Geraldo Corrêa (Grupo RBS), Marcello Moraes (Infoglobo) e Silvio Genesini (Estadão) se reuniram na manhã desta quinta-feira, 6, no painel O Futuro do Jornais – Seu Maior Desafio Desde a Invenção da Imprensa, que foi moderado por Marcelo Salles Gomes, vice-presidente do Meio & Mensagem.

Entre os participantes, é unânime a opinião de que as mídias digitais contribuíram para o crescimento dos veículos. O grande desafio, porém, é conseguir transpassar o atual estágio (de fornecimento de conteúdo e informação gratuita na internet) para um novo modelo, no qual os jornais e sites possam cobrar pelo material oferecido e, assim, sobreviver no cenário da mídia.

“Tivemos grandes ganhos com o advento da tecnologia. Nos últimos dez anos a Folha triplicou de tamanho. E conseguimos isso pelo crescimento de plataformas como o UOL e a Folha.com, utilizando o método da degustação gratuita”, reconhece Antonio Manuel Teixeira. Mais enfático na proposta de cobrança por conteúdo na web, Marcello Moraes, da Infoglobo, disse que exemplos como o do New York Times provam que é possível encontrar uma saída para os jornais brasieiros. “Esse tempo de degustação deve terminar. Nosso conteúdo é produzido por profissionais qualificados, que precisam ser bem remunerados. Para isso, é preciso uma receita que provenha das assinaturas. Os leitores se dispõem a pagar desde que aprovem a qualidade do produto”, frisa Moraes.

Silvio Genesini, do Estadão, deu um parecer pessoal, reconhecendo que sua empresa ainda não conseguiu levar à internet a mesma qualidade e força da marca do papel, mas ressaltou que esse é um processo contínuo, que deve culminar na coexistência das mídias. Questionado sobre a queda do share dos jornais impressos no bolo publicitário, Genesini explica: Não vejo uma queda de share, mas sim uma fragmentação das verbas nas diferentes mídias. Hoje temos mais produtos, mais canais que competem pelos anunciantes. Então, pode ser que o anunciante não apareça no jornal, mas ele pode estar na Rádio Estadão ESPN, por exemplo”, explicou ele.

Representante do Grupo RBS, Geraldo Corrêa concorda que o desafio maior dos grandes veículos impressos é a monetização, mas afasta qualquer previsão apocalíptica para a mídia impressa. "No Brasil, a cada nova invenção eletrônica, os jornais se viam diante de uma ameaça. Hoje já está provado que a mídia impressa não vai desaparecer. As pessoas precisam consumir conteúdo, independente da plataforma. Por isso temos que fortalecer e preservar as nossas marcas, pois elas que irão garantir a parceria com os leitores, independente do formato”. finalizou.

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