quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Redes sociais podem ser minas de ouro


A cada mês, o mundo assiste 4 bilhões de horas de vídeos no YouTube - e esse número só vai aumentar com a facilidade de acesso, cada vez maior, via celular. Sim, o YouTube também é considerada uma rede social, uma vez que ali é possível comentar, criticar, compartilhar, gostar e todo o tipo de interação característica das mídias sociais.


Ali encontra-se de tudo, de piadas sem graça a clipe de artistas famosos, de inocentes filmes sobre cães e gatos a confissões inconfessáveis. Há novatos querendo alardear seus talentos, discursos políticos, telejornais, o episódio de ontem da novela.
Há publicitários mostrando o making of de suas campanhas e anônimos falando sobre qualquer assunto. A cada minuto, 72 horas de vídeo são disponibilizados no YouTube.
Ou seja, de produções caseiras a profissionais, ali tem de tudo, espelho do mundo real em que vivemos. Vídeos com conteúdo nem sempre apropriado, interessante ou mesmo relevante misturados a coisa séria, histórica, educativa.
Entre aqueles que souberam aproveitar a ferramenta para ganhar dinheiro está a indústria de beleza, mais especificamente a de maquiagem.
Interessante entender porquê. Não há muito tempo, mulheres que usavam muita maquiagem eram tidas como prostitutas. Maquiagem colorida e carregada era permitida em dias de festa, num casamento ou numa balada - se tanto.
Para completar, os produtos custavam os olhos da cara. Assim, gerações inteiras - nas quais me incluo - não aprenderam a usar maquiagem com suas mães, tias, avós.
Vai daí que hoje, com as cores amplamente liberadas para todo tipo de pele, o segmento com maior audiência no YouTube é justamente o de tutoriais de maquiagem, onde aprende-se a usar pós e sombras. Quem ensina - garotas que começaram a se maquiar em frente ao computador por diversão ou porque revendiam produtos - tornaram-se gurus de maquiagem. 
Recentemente, tive uma "aula" sobre o assunto com Juliano Spyer, mestre em antropologia digital pela University College London.
Ele contou a história de algumas dessas gurus. Lauren Luke, britânica, mãe solteira aos 14 e excluída da escola, ganhava seu sustento vendendo maquiagem no eBay.
Como recebia inúmeras perguntas sobre os produtos e cansou-se de respondê-las uma a uma, via email, decidiu filmar a si própria usando aquilo que vendia. Hoje, Lauren tem sua própria marca de maquiagem, escovas e pincéis, além de vários livros publicados. E ela não é a única.
Há outras, igualmente ou até mais famosas. Michelle Phan, americana de origem vietnamita, tem quase 2,5 milhões de assinantes em seu canal no YouTube e cada tutorial que produz bate facilmente a casa do 1,5 milhão de visualizações. E olha que ela produz um vídeo por semana! 
A indústria, atenta, patrocina várias dessas garotas ou usa o espaço para anunciar produtos em geral, roupas, acessórios, perfumes. Fato é que desbravou-se, dentro do YouTube, uma mina muito, muito rentável.
E com certeza há outras. Redes sociais são ferramentas potentes para quem sabe tirar proveito delas. São um caminho alternativo e complementar aos demais canais publicitários e de informação.
E deveriam estar no planejamento de 2013 de todas as empresas que pretendem atravessar e crescer nos próximos anos. Porque nas redes, a audiência só vai aumentar.
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Roberta Rosetto é jornalista e sócia da Coworkers Mídias Sociais

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