sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mãos com obra, mãos sem obra


Dois levantamentos divulgados ontem trouxeram dados antagônicos. Segundo estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), 89% de um universo de 385 empresas da construção civil pesquisadas sofrem com a falta de trabalhadores qualificados e 94% das empresas têm dificuldades em encontrar profissionais com qualificação básica, como pedreiros e serventes.


De acordo com o levantamento, são três os principais problemas. O primeiro é a alta rotatividade dos trabalhadores, fato reclamado por 56% das empresas.

Na opinião de 53% das companhias pesquisadas, a má qualidade da educação básica é o segundo maior obstáculo na busca pela qualificação. E o receio de perder os trabalhadores para o mercado foi apontado como terceiro maior empecilho na qualificação, segundo 47% das empresas.

Roger Ingold, presidente da consultoria Accenture, faz coro à CNI, à Cbic e a grande parte do empresariado brasileiro. Ele disse que há enormes oportunidades para o Brasil continuar seu ciclo de crescimento, desde que o país consiga vencer a barreira da falta de profissionais qualificados.

Outro estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no entanto, mostra que o Brasil terá neste ano excesso de mão de obra qualificada. De acordo com o Ipea, mais de 1 milhão de trabalhadores com experiência e qualificação profissional permanecerão desempregados no país, mesmo com o incremento dos postos de trabalho durante o ano.

O instituto prevê que, ao longo de 2011, a economia brasileira gere 1,7 milhão de empregos. Outros 19,3 milhões de contratações devem ser feitos em razão da rotatividade no mercado de trabalho. Isso totaliza a contratação estimada de 21 milhões de trabalhadores. Ainda segundo o Ipea, o Brasil terá ao final do ano 22 milhões de trabalhadores qualificados.

Nessa conta entram os que perderam o emprego por causa da rotatividade (19,3 milhões), os cerca de 2 milhões de desempregados qualificados e os 762 mil trabalhadores que entram no mercado já com qualificação e experiência profissional.

Descontada a demanda por mão de obra da quantidade de trabalhadores qualificados, o levantamento estima um excesso de mais de 1 milhão de trabalhadores.

Seria o caso de fazer um encontro de contas entre a demanda por profissionais qualificados reclamada frequentemente por representantes de diversos setores com o estoque de profissionais capacitados que estão à procura de um posto de trabalho identificados pelo Ipea.

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