sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Pela sobrevivência dos impressos


Como jornalista, torço pela sobrevivência dos impressos. Como leitor, ando meio cético diante dessa possibilidade. Os impressos estão seriamente ameaçados de extinção por inadequação de uso. Atrevo-me a dar – às pessoas que os fazem no Brasil – um rol de dez recomendações. Quem sabe, os leitores poderiam ampliá-las e aperfeiçoá-las. O debate em torno do futuro dos impressos não pode parar. Ei-las:


1. Prestem mais atenção ao clima organizacional. As redações estão traumatizadas pela longa série de ajustes e cortes. Para ter qualidade, a atividade intelectual precisa de um mínimo de segurança e paz. O momento tem de ser o da trégua, do pacto de não agressão. Que tal pensarem numa trégua de pelo menos dois anos?
2. Escolham líderes inventivos e que tenham uma compreensão atual e moderna do mundo digital. Invistam em treinamento para acelerar a capacitação de todas as pessoas para lidar com a inserção no mundo digital das informações captadas para a produção dos impressos.
3. Observem que a configuração urbana e econômica do país passa por grandes transformações. Descentralizem estruturas e deem cobertura aos novos mercados que despontam com grande vitalidade fora dos eixos tradicionais do desenvolvimento. Os novos eixos são celeiros de oportunidades e é natural que uma grande parte das atenções do leitor se volte para eles.
Criatividade e publicidade institucional
4. Fortaleçam a cobertura de economia e negócios e resgatem o espaço que todos já dedicaram ao agronegócio. Esses conteúdos têm mais força nos meios digitais e serão de grande valia na hora de recuperar receitas que migraram do papel para a internet.
5. Invistam em bons pauteiros, que sejam capazes de trazer uma boa quantidade de matérias exclusivas todos os dias. Não acreditem na teoria de que a missão dos jornais em papel é fazer uma boa consolidação do material já divulgado no dia anterior pela internet, pela TV e pelo rádio. O leitor exige muito mais que isto. Quer ser surpreendido, diariamente, pelo seu jornal.
6. Trabalhem, comercialmente, também com muita criatividade. Lembrem-se de que o anunciante compra cada vez menos os produtos de prateleira e compra cada vez mais o taylor made, o produto feito quase de encomenda para ele e que sirva de boas molduras para a sua publicidade institucional.
Não desistam do papel
7. Façam mais jornais e otimizem assim os recursos aplicados na indústria gráfica, na distribuição, na captação de conteúdos.
8. Usem a interatividade dos meios digitais para desvendar o interesse do leitor por informação e façam jornais cada vez mais endereçados.
9. Invistam em reportagem. Os impressos serão cada vez menos o espaço do hard news e cada vez mais o espaço da reportagem e também da análise da tendência da notícia.
10. Insistam com o papel. Não desistam do papel. Ainda não inventaram nada que substitua o papel em suas principais características – portabilidade, credibilidade, documentabilidade, capacidade de reprodução de fotos, ilustrações e cores.
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Artigo extraído do Observatório de Imprensa e de autoria de Dirceu Martins Pio é ex-diretor da Agência Estado e da Gazeta Mercantil e atual consultor em comunicação corporativa

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