segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Inovação: das pistas para as ruas

Tecnologias aplicadas na Fórmula 1 ajudam patrocinadores a criar novos produtos para os consumidores




Categoria máxima do automobilismo mundial, a Fórmula 1 é sinônimo de alta performance e tecnologia. Essa inovação, no entanto, não está restrita aos carros que vão alinhar no grid de largada do Autódromo Internacional José Carlos Pace, em Interlagos, no domingo 25, para a etapa que definirá o campeão da temporada 2012. 

A experiência como patrocinador ou fornecedor das equipes também auxilia o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de produtos para o consumidor final. As empresas de combustíveis e lubrificantes são as que mais tiram proveito deste laboratório esportivo. A Shell, por exemplo, parceira histórica da escuderia Ferrari, comercializa a gasolina V-Power, desde 2003, e a versão V-Power Etanol, desde 2010, nos postos brasileiros. 

Os dois combustíveis oferecem para os carros de rua, de maneira adaptada às suas necessidades, a tecnologia empregada na F-1 para lubrificar o motor, diminuir o atrito e evitar obstruções no sistema para gerar melhor desempenho. “Temos 50 técnicos nos laboratórios da Shell e dentro da Ferrari. Em toda prova temos um laboratório portátil nas pistas. 

O consumidor tem a percepção de diferenciação da tecnologia. Quando relançamos a V-Power, em 2008, recebemos feedbacks positivos de economia de combustível e de melhor funcionamento do motor, o que é gratificante”, conta Gilberto Pose, engenheiro de combustíveis da Raízen, responsável pela marca Shell no Brasil. Patrocinadora da Williams durante 11 anos, entre 1998 e 2008, a Petrobras lançou em 2002 sua primeira versão de combustível comercial derivado da tecnologia da categoria: a gasolina Podium. 

A partir de 2009, o envolvimento da companhia na F-1 passou a ser o patrocínio ao Grande Prêmio do Brasil, mas o Programa Petrobras Esporte Motor, responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas em combustíveis e lubrificantes, continua em outras categorias como a Fórmula Truck. De acordo com a diretoria de comunicação da Petrobras, todo o conhecimento adquirido nesse processo tem influência, direta ou indiretamente, nos combustíveis a ser utilizados comercialmente. 

Essa utilização se dá à medida que surja uma necessidade do mercado ou quando os produtos são testados com base em uma especificação futura. O principal exemplo é a gasolina Podium, que se tornou o combustível de ponta da distribuidora BR. V-Power e V-Power Etanol, da Shell, são versões derivadas dos compostos usados pela Ferrari + V-Power e V-Power Etanol, da Shell, são versões derivadas dos compostos usados pela Ferrari Crédito: Divulgação/Tulio Vidal Item indispensável num carro, o pneu também se beneficia das inovações das pistas. 

Uma das marcas participantes do surgimento da Fórmula 1 na década de 1950, a Pirelli retornou em 2011 após um hiato de 20 anos (antes havia fornecido pneus entre 1950 e 1957 e de 1980 a 1991) e neste ano lançou no mercado europeu a série P Zero Silver, versão da linha usada nas pistas adaptada para carros de rua de alta performance. A empresa ainda avalia a possibilidade de trazer a linha para o Brasil. “O pneu da Fórmula 1 não vai para a rua. Ele é feito para durar pouquíssimo. 

Porém, a inovação necessária para desenvolver esses pneus é importante para criar produtos para a rua. Essa série especial aplica algumas dessas tecnologias. É um produto fruto da F-1”, conta Humberto Andrade, diretor de marketing da Pirelli na América Latina. Além da P Zero, que tem quatro versões, a companhia fornece ainda a linha Cinturato para as equipes da F-1. Até mesmo os responsáveis pelo atendimento médico nas pistas se utilizam da experiência para aprimorar seus serviços. 

Este é o caso da Rede D’Or São Luiz, há 12 anos parceira do Grande Prêmio do Brasil. “Dizemos que é um caminho de duas mãos. Aprendemos e contribuímos muito”, conta Claudio Tonello, diretor executivo de marketing e comunicação da instituição hospitalar. O atendimento a pilotos com politraumatismo ajudou a equipe do hospital a criar uma metodologia do atendimento, o que foi replicado nos prontos- socorros (PS). O exemplo da comunicação entre as equipes de pista, do centro médico e do hospital também foi emulada nas unidades da Rede D’Or São Luiz, com uma maior integração entre PS, centro cirúrgico e unidade de tratamento intensivo (UTI). 

 O know-how das pistas contribuiu ainda para o aperfeiçoamento dos PS da rede. Batizado como Smart Track, o sistema estabelece um fluxo de atendimento que dispensa a sala de espera e engloba consultas com dois médicos em momentos diferentes. “O modelo foi criado com inputs que vimos no exterior e arredondado com a experiência na Fórmula 1”, comenta

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