terça-feira, 24 de abril de 2012

Aumento do IPI no Brasil é tema de discussões em feira de carros na China

Nas conversas agitadas como o de costume nos pavilhões do Salão de Automóvel de Pequim, duas palavras se destacavam num mar de mandarim e inglês carregado de sotaque: Brasil e IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados). 


O aumento no IPI para os carros importados de marcas que não possuem fábrica no Brasil e o novo regime automotivo impostos pelo governo dominaram quase todas as conversas na mais importante feira do maior mercado de carros do mundo. 

"É uma decisão muito injusta. A competição é boa para o mercado e o aumento de impostos impede a entrada de novos competidores ou tirar a competitividade de seus produtos", reclama Wayne Liao, diretor regional para a América do Sul da Haima, que adiou novamente a venda de produtos no Brasil, desta vez para o final deste ano. 

As chinesas que estão há mais tempo no mercado brasileiro optaram por fábricas para escapar do aumento, mas os planos de construção foram acelerados depois que o governo introduziu o novo regime automotivo. 

A Chery está investindo R$ 700 milhões para começar a produzir no Brasil já no final do ano que vem. Segundo Zou Biren, presidente mundial da Chery International, um ano antes do previsto no projeto original. 

"O governo determinou o aumento e não tivemos alternativa se não acelerar a construção de nossa fábrica", afirma Biren.

Salão do automóvel na China

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Vincent Thian/Associated Press
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Visitantes observam a nova Ferrari, F12 Berlinetta, exposto na Exibição Internacional Automotiva de Pequim, na China 
 
ESTRATÉGICO
 
O Brasil é considerado estratégico para a montadora. Era o primeiro em vendas fora da China, mas, depois do aumento no IPI, passou a perder para o Irã. 

A planta na cidade de Jacareí (SP) será a primeira da marca fora da China e terá capacidade para 150 mil carros por ano. 

"Parte da produção, cerca de 20%, poderá ser exportada para outros países do Mercosul e ainda teremos margem, dentro das novas normas, para importar uma boa quantidade de veículos", revela Luís Cury, vice-presidente da Chery Brasil. 

Já a Jac, que chegou a rever sua decisão de produzir no Brasil, confirmou que inaugura uma planta em Camaçari (BA) até o final de 2014. O investimento é de R$ 900 milhões e a capacidade para 100 mil carros por ano. 

"Com o super IPI, quem não tiver uma fábrica no Brasil não sobrevive", diz Sérgio Habib, presidente do grupo que importa a Jac para o país. Um terço do investimento será feito pela estatal chinesa. 

Com o aumento de IPI, Chery e Jac reduziram sua previsão de vendas em 2012 de 60 mil para 30 mil carros e esperam um mercado estável ou até com queda no crescimento. 

"Não é só o IPI, a oferta de crédito no Brasil diminuiu em 2012. Os bancos recusavam 20% das fichas de financiamento, hoje estão reprovando cerca de 35% e quase não há mais o parcelamento em 60 meses, no máximo em 48 meses. E no Brasil, o valor da prestação tem mais impacto para o consumidor, e na venda, do que o valor da taxa de juro", avalia Habib. 

O jornalista RICARDO RIBEIRO viajou a convite da Chery

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