quinta-feira, 19 de abril de 2012

Africa e P&G investem em cinema

Iniciativa envolve, num primeiro momento, uma verba de R$ 8 milhões para quatro longas. Ações incluirão peças de teatro

Um novo modelo de merchandising em cinema foi anunciado pela Africa Rio na manhã desta quarta-feira, 18. A iniciativa já atraiu o interesse da Procter & Gamble que destinará R$ 8 milhões para quatro produções nacionais: “Gonzaga de Pai para Filho”, “Muita Calma Nessa Hora 2”, “De Pernas por Ar 2” e “Minha Mãe é uma Peça”. Em breve será anunciada uma peça teatral que terá ações de merchandising também capitaneadas pela agência.

A grande novidade deste formato de merchandising é que ele tem uma tabela de referência que servirá como base para as negociações de contrato no cinema e, posteriormente, no teatro, como já acontece na televisão. “No Brasil, essa relação com o cinema era intuitiva, não havia raciocínio estratégico, de business. Havia uma dificuldade de se chegar a um denominador comum com relação a valores. Agora temos algo palpável, a partir de onde se pode iniciar uma discussão, o que viabiliza a entrada mais objetiva de recursos”, explica PC Bernardes, presidente da Africa Rio.
 
Os valores da tabela são calculados de acordo com a projeção do número de espectadores nas salas, a venda em DVD, a exibição em TV fechada e, posteriormente, em TV aberta, além de downloads. Desta forma, a agência prevê o impacto do lançamento e o público que ele pode alcançar a longo prazo.

“Você dá parâmetro. Pode dar certo ou errado, mas já é um parâmetro. E a partir dai, vamos aprimorando. Com certeza não acertamos na mosca, porque nada que começa acerta na mosca: bebê nasce careca. Mas começamos a ter um padrão, um raciocínio, uma métrica. O cinema brasileiro é uma indústria, ninguém tá aqui de mercenário. Vamos dar ao cinema, que é esta indústria, um papel e a maior importância, que é o que ela precisa”, comenta Nizan Guanaes, chairman do Grupo ABC.

Gabriela Onofre, diretora de assuntos corporativos da P&G, lembra que ações de merchandising em cinema já são parte da cultura do anunciante no exterior. “Acreditamos tanto em fazer parte do conteúdo porque precisamos ser apresentados. Você não traz uma pessoa desconhecida para sua casa e o mesmo acontece com as marcas. No cinema temos uma maneira muito leve fazer esta apresentação”, fala.

Ela lembra que a P&G já faz este tipo de iniciativa com sucesso na televisão nacional. “Um dos nossos grandes incentivadores foi o Luciano Huck. O que fizemos com ele no Caldeirão deu muita química. Tanto que sentamos juntos, ele até nos ajuda na construção da campanha e da propaganda. O cinema hoje vive muito das leis de incentivo e do mecenato. E acho que a grande coisa que faltava era a ponte, para a gente conseguir estar desde o começo na criação. Isso faz as ações de merchandising naturais e mais bacanas. Se não queremos ser intrusivos, não dá para chegarmos quando o filme está pronto”, explica.

Para ela, a Africa será um facilitador, já que conhece a alma de todas as marcas da Companhia e poderá fazer um filtro para encaixá-las nas produções mais adequadas. “E se construirmos juntos, desde o começo, teremos um produto a quatro mãos. Apostamos que vamos puxar muitos anunciantes neste projeto”, conclui.

A Downtown Filmes está a frente das produções que estão envolvidas nesta iniciativa. Bruno Wainer, diretor da distribuidora, acredita que, com esta parceria, será possível ter uma nova modalidade de negócios que viabilizará a aumenta da oferta de filmes competitivos no cinema nacional. “Hoje temos o ridículo número de oito filmes ao ano. A gente precisa aumentar para 15, 20, 40 filmes para o cinema brasileiro se firmar. E para isso precisávamos contar com outros mecanismos que não apenas os de fomento e renúncia, que conseguem financiar apenas oito projetos ao ano”, fala.

Já Leonardo Monteiro de Barros, sócio da Conspiração Filmes e produtor de cinema e TV, classifica esta iniciativa como mais um grande momento do cinema brasileiro. “É fundamental a participação das marcas, das agências de publicidade. É um sonho antigo do cinema, um desejo, que agora virou realidade. É mais um passo no processo de profissionalização da indústria do cinema brasileiro, juntando importantes players do mercado. Uma ponta que faltava. Até já tinha se iniciado, mas agora adquire uma consistência muito grande e sólida. A gente acha que vem uma nova onda de felicidade econômica e artística dentro do cinema nacional”, finaliza.

 

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