quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Por que a Ford terá que olhar mais para o retrovisor em 2012

Renault está mais próxima da montadora americana do que ela da GM 

São Paulo – Além de brigar com as três maiores montadoras no Brasil, no próximo ano, a Ford também terá que olhar para o retrovisor.  Assim como as outras três gigantes no país, a americana perdeu participação de mercado no ano em que as chinesas desembarcaram de vez por aqui e os juros subiram e desceram. Para piorar, quem vem logo atrás dela, a francesa Renault, conseguiu crescer neste ano.

A Ford foi a primeira montadora a se instalar no Brasil e é uma das quatro grandes que atuam no país. Mas sua participação de mercado é consideravelmente inferior à das três primeiras. Enquanto a terceira maior, a GM, emplacou 571.165 carros entre janeiro e novembro de 2011 e registrou participação de mercado de 18,45%, a Ford emplacou 285.620 e ficou com 9,22% de participação, segundo dados da Fenabrave. 

A quinta maior montadora no Brasil, a Renault, elevou seu número de emplacamentos em 21,58% entre janeiro e novembro de 2011 na comparação com o mesmo período de 2010, atingindo 172.712 carros e abocanhando uma fatia de 5,58% do mercado. No mesmo intervalo, o número de emplacamentos da Ford caiu 4,85%, a maior queda entre as cinco primeiras. 

Agora a francesa está mais próxima da Ford do que a norte-americana da terceira colocada, a GM. Para a Renault emplacar o mesmo número de carros que a Ford emplacou entre janeiro e novembro, ela precisaria aumentar em 65,37% o número de emplacamentos. A Ford, para emplacar a mesma quantidade que a GM, precisa crescer 99,97% seu número de emplacamentos no acumulado do ano. No mesmo período de 2010, a distância entre Renault e Ford, baseada no número de emplacamentos, era maior que aquela entre Ford e GM. 

EcoSport X Duster

“Não somos a favor dessa guerra por participação de mercado”, disse Rogelio Golfarb, diretor de assuntos corporativos da Ford para a América do Sul. Segundo Golfarb, a montadora não está satisfeita com o status quo do mercado, mas também não quer crescer a qualquer preço.

No próximo ano, a montadora pretende lançar no país 15 novas versões de produtos, de diversos segmentos. A expectativa é, até 2015, oferecer no Brasil tudo que a Ford produz no mundo. A montadora pretende investir 4,5 bilhões de reais no país entre 2010 e 2015 e o foco desse investimento é o desenvolvimento da nova geração do EcoSport. Depois que o carro for lançado, ele será produzido em outros países. 

“O grande problema é que no Brasil as vendas são muito concentradas em hatchs pequenos e a Ford não tem nenhum que tenha dado certo como os das outras”, disse Roberto Barros, analista da CSM Worldwide. Disputam esse segmento, pela Ford, Fiesta e Ford Ka. As concorrentes tem sucessos de vendas como Gol, Uno e Celta. 

Entre os emplacamentos de janeiro a novembro de 2011, o carro da Ford de maior sucesso ocupa a 9ª posição no mercado - o Fiesta, com 77.303 emplacamentos. Na sequência vem o primeiro da Renault nessa lista, o Sandero, com 74.398 emplacamentos.

“Nós temos carro de entrada. Cada um tem sua visão de diferenciação no mercado, nós temos EcoSport, os outros não tem, criamos um segmento diferenciado”, disse Golfarb. Em comerciais leves, a Ford ocupa a 5ª posição com o EcoSport. Em outubro a Renault lançou um veículo para concorrer nesse segmento, o Duster. “O Duster vai competir com o Ecosport, que perde para o Fiesta mas é uma grande venda da Ford”, disse Fabio Takaki, diretor para a América do Sul da consultoria Booz & Company. 

A expectativa de Barros para 2012 é que a GM perca mercado, devido aos lançamentos, e Renault e Nissan ganhem - especialmente a Renault. “A Renault vem ganhando desde o começo do ano pelo sucesso do Sandero e agora com o Duster”, disse o analista. Na Ford, não há muita preocupação. “Durante esses dez anos (de EcoSport) vimos uma tentativa de muitas marcas trazerem produtos e entrarem nesse segmento e esse (Duster) é mais um”, disse Goldfarb. 

O Brasil tornou-se alvo das marcas automotivas no mundo e o aumento na competição era esperado, segundo Golfarb. “Se no passado o desafio no Brasil era ter fábricas, agora o desafio é conseguir inovar e fazer parte do processo global de maneira ativa e não passiva”. A tendência no mercado automobilístico brasileiro é de maior exigência por parte dos consumidores e maior competição, segundo Takaki. Já foi dada a largada.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário