segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Internet e IPI devem puxar expansão em 2012

Companhias especializadas em construção residencial e publicidade on-line ampliaram aportes e apostam no próximo ano

Nem a turbulência financeira mundial, nem uma possibilidade de bolha imobiliária brasileira tem afetado o otimismo entre as construtoras e agências de publicidade no País. Enquanto as construtoras comemoram as mudanças dentro do programa “Minha Casa, Minha Vida” e afastam bolha no setor, agências de publicidade ignoram a crise e prometem ampliar aportes em Internet. Além das mudanças no programa do governo federal, outro motivo das empresas de construção encararem bem 2012 é a prorrogação do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), para material de construção.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), a redução do imposto, até dezembro de 2012, dará um fôlego às empresas que entram otimistas em 2012. Para Melvin Fox, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), a medida irá reforçar o bom momento da construção para o ano que vem. “A prorrogação foi excelente, vai cooperar para que a construção civil tenha um ano mais eficiente e que o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ evolua”, acredita.

A entidade, porém, vinha pleiteando com o governo federal que a isenção fiscal fosse permanente. “Sugerimos ao ministro Guido Mantega que essa redução se tornasse permanente ou que, pelo menos, tivesse um prazo indeterminado, porque o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ vai até 2014 e os descontos ajudariam na sua execução. Ele se mostrou disposto a estudar”, diz Fox.

Para os empresários, as modificações do programa “Minha Casa, Minha Vida” surgem como a grande aposta do setor no segmento residencial. “Essas mudanças irão se refletir diretamente no bom desempenho das empresas, que poderão ampliar aportes e cruzar fronteiras regionais”, afirmou José Trevijano Arístegui, diretor-geral da Andaluz SL, empresa de investimentos para construção imobiliária.

Sem abrir números, o executivo afirmou que o crescimento para o ano que vem está na casa dos 30% sobre 2011. “Isso porque já queremos fechar 2011 com esse patamar de crescimento ante a 2010”.  Consequentemente, o grupo irá ampliar também os aportes para parcerias. “Temos como foco a Região Nordeste e Centro-Oeste, e ainda procuramos parcerias e oportunidades no ramo imobiliário; a expectativa é que tenhamos pelo menos 50% a mais de investimentos no ano que vem”, explicou Arístegui.

O nordeste também é o foco de expansão da Araguaia. De acordo com Antonio Greoles Sole, diretor da empresa, o ano de 2012 deverá registrar alta de 20% em apartamentos construídos. “Temos hoje no Brasil uma política estável,  a crise não ameaça o setor”, disse.

Sobre a possível bolha, o executivo é enfático. “Não há bolha no Brasil, nós da Araguaia vimos de perto como funciona uma bolha em mercados desenvolvidos, e o que temos no Brasil é apenas alta de valores e mais facilidades de financiamento”, concluiu.

Na incorporadora Senpar Terras de São José, a expectativa para 2012 é crescer no interior de São Paulo. A empresa prevê lançar 8 novos empreendimentos na região paulista de Itu, Itupeva e Itatiba. “O volume de lançamentos chegará a R$ 460 milhões em projetos novos”, diz Cesar Federmann, diretor da Senpar Terras de São José, que afirmou que outra aposta do grupo para o ano que vem está na entrada no segmento de construção logística.

A ampliação dos negócios, que devem render à empresa em 2012 um valor geral de vendas (VGV) de R$ 300 milhões é 20% maior do que a expectativa para 2011. A crise, no entanto, não atrapalha os planos. “A crise é um desafio pela conjuntura, mas nossos produtos são predominantemente de mercado nacional, por isso mantemos a confiança.”

De acordo com Viviane Guirão, diretora da consultoria ITC, o crescimento é geral. “Teremos ai pelo menos cinco anos de expansão profunda em todas as regiões brasileiras”, contou a analista.

Internet em alta

No meio publicidade, o crescimento da Internet será o grande agente impulsionador entre as gigantes do ramo. De acordo com ABI Research, o valor investido apenas em publicidade móvel, para celular e tablets (computador em forma de prancheta), no mundo deverá chegar a US$ 7 bilhões em 2012.

A consultoria estima que os gastos globais com publicidade móvel continuarão a registrar crescimento exponencial até 2016, alcançando um volume de US$ 24 bilhões. Tal cifra representa todo o investimento mundial feito atualmente em publicidade on-line. “O  mercado brasileiro ganha com essa projeção, uma vez que  o governo federal começa a encarar a Internet como um grande motivador econômico”, explicou Juliana Marisa Vivendi,  professora convidada da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com a acadêmica, ações de incentivo à fabricação de tablets no País, somado a grande expectativa de ampliar o acesso à Internet através do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), são os grandes responsáveis pelo boom da publicidade móvel. “Há dados da associação brasileira de publicidade que afirmam que o número de agências especializadas em conteúdo móvel já cresceu 400%. E a tendência é de que esse número triplique em 2012”, diz.

Fica por conta da Internet também o crescimento em anúncios publicitários. De acordo com a pesquisa realizada pela  consultoria PwC, que trouxe o nome de Global Entertaiment and Media Outlook, a Internet terá mais publicidade do que os jornais no ano que vem. De acordo com a pesquisa, o Brasil e China estão como os futuros “chefes” dessa expansão e do entretenimento. A análise teve como base 48 países e projetou o mercado até 2015. A Internet, de acordo com a pesquisa, será a mídia que mais crescerá. A previsão de crescimento anual é de 13%. Em 2010, a publicidade on-line  movimentou US$ 70,5 bilhões. A estimativa para este ano é de US$ 80,1 bilhões e para 2015 de US$ 129,9 bilhões. No ano passado, os jornais faturaram US$ 87,3 bilhões de verba publicitária no mundo e a previsão para 2015 é que chegue a US$ 97,9 bilhões.

 

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