quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Galpões no interior de São Paulo têm ocupação recorde

Crescimento do e-commerce conjugado aos bons entroncamentos rodoviários está dando forte impulso à aitividade na região

A logística no interior do estado atravessa ótima fase. Recente levantamento da consultoria imobiliária CB Richard Ellis revelou que a taxa de vacância de galpões de alto padrão em municípios a até 100 km da capital paulista foi, no 2º trimestre de 2011, a mais baixa da história: apenas 4,8%. As empresas querem estar próximas das indústrias e dos consumidores da região. Novas vias de transporte (o Rodoanel, em especial) facilitam a conexão local com a capital e o resto do País. O alto nível de renda e a mão de obra qualificada, além da importância do comércio eletrônico,  são as outras peças principais do ímã que atrai companhias logísticas ao interior. A GR Properties, por exemplo, já levantou o GR Jundiaí e, agora, constrói o GR Campinas — ambos grandes complexos de galpões e distribuição de bens. Já a companhia de urbanização Vallor Urbano e a transportadora Binotto estão investindo R$ 50 milhões para erguer em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, um Centro Logístico Intermodal.

A Secretaria Estadual de Logística e Transportes de São Paulo, em estimativa feita com exclusivadade para o DCI, informa que apenas as atividades de empresas de transporte de carga, armazenagem e áreas correlatas movimentam cerca de R$ 50 bilhões por ano. Segundo o mesmo levantamento, o sistema de transportes de cargas paulista carrega por ano algo como 800 milhões de toneladas de bens.

O interior de São Paulo já conta com 1,6 milhão de metros quadrados de área construída de galpões e condomínios industriais, de um total de 2,8 milhões em todo o estado. A Rumo Logística estuda a construção de um novo terminal de carga em Bebedouro.

A prefeitura de Indaiatuba prepara-se para iniciar as obras do porto seco da cidade, que terá um terminal intermodal ligado, via ferrovia, ao porto de Santos. E recentemente a operadora logística Talog inaugurou seu novo centro de distribuição em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, às margens da Rodovia Anhanguera. “A opção pelo desenvolvimento dos condomínios logísticos em Jundiaí e Campinas deve-se a proximidade destas cidades com a capital do estado e com Viracopos, o maior aeroporto de carga do País”, observa Guilherme Rossi, diretor geral da GR Properties, expressando boa parte das vantagens que têm levado tantas empresas à região. O GR Jundiaí, com 40.000 m², já está 100% alugado para 10 empresas inquilinas.

Cidades médias

Há outros fatores que levam  à expansão dos galpões no interior paulista. “O crescimento acelerado das chamadas ‘cidades médias’ no Brasil é uma tendência”, lembra Sérgio Guimarães Pereira Júnior, diretor da Vallor Urbano. “E ele gera espontaneamente um aumento na demanda de produtos, serviços e abastecimento”. A Vallor Urbano estima investir R$ 18 milhões até o final de 2011. O principal destino será a construção do Centro Logístico Intermodal, que ficará pronto em 2014.

Já a GR Properties está alocando R$ 20 milhões neste ano em seus condomínios logísticos. “Nossos galpões são procurados principalmente por empresas que distribuem bens de alto valor, como celulares e eletroeletrônicos”, conta Rossi. “Porém um outro setor que está com demanda latente na região por logística é o das empresas de e-commerce”, revela ele.

Descentralização

Simone Santos, diretora de Serviços Corporativos da Herzog Imóveis Industriais e Comerciais, prevê que continuarão a se proliferar os galpões logísticos pelo interior do estado. “Devido à limitada infraestrutura de locomoção nacional, há uma tendência das logísticas de descentralizarem seus centros de distribuição [CDs], deixando-os segmentados e próximos de seus mercados consumidores”. No entanto, Simome alerta: “Já se nota que algumas regiões do interior paulista começam a ficar inviáveis para a implantação de CDs em função do elevado custo dos pedágios. Além disso, as empresas geralmente evitam erguer instalações a mais de 150 km de capital”. Hoje, perto de 50% do estoque de condomínios industriais do Estado de São Paulo  são ocupados por empresas logísticas.

Desafios

O que é necessário para que a logística do interior paulista continue em alta? “Financiamento de longo prazo, incentivos fiscais e agilidade nas aprovações por parte dos órgãos públicos”, responde Rossi. “Nosso maior gargalo, hoje, são os meios de escoamento, ou seja, estradas, portos e ferrovias.” A própria Secretaria de Logística do Estado admitiu em entrevista ao DCI: “É absolutamente necessário modernizar o sistema de transpostes paulista, para prepará-lo para o desafio das transformações mercadológicas que se aproximam. Temos de desenvolver outros modais que não apenas o rodoviário e estruturar novas plataformas de logística”, afirmou o executivo.

 

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