segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Grupo Cine se consolida com sete empresas

Holding liderada por Clovis Mello e Raul Doria recebeu investimentos de R$ 15 milhões em 2011


Imagine o alcance de um grupo que tem sob o mesmo teto sete empresas das áreas de produção publicitária, digital e entretenimento, sendo que uma delas tem sociedade com o gênio brasileiro da criação dos quadrinhos Mauricio de Sousa e também agora com o ex-presidente da Disney Brasil. Esse é o novo Grupo Cine, que recebeu investimentos de R$ 15 milhões este ano e foi consolidado sob a batuta dos sócios majoritários Raul Doria (produtor executivo) e Clovis Mello (diretor de cena), que fundaram a empresa em 1994 – reconhecida como uma das melhores produtoras de filmes publicitários do Brasil.

Em uma só tacada, depois de se tornarem sócios de Mauricio de Sousa e de sua filha Mônica na Mauricio de Sousa Digital Productions (MSDP), em março deste ano, a empresa se consolida com a chegada de Marcos Rosset, que deixou o cargo de presidente da Disney Brasil para abraçar o projeto. O executivo será ceo e sócio na Digital Entertainment, outra empresa recém-criada para cuidar da exploração comercial do conteúdo e licenciamento dos produtos – minisséries, desenhos animados, longas-metragens, por exemplo – de todo o Grupo Cine.

O primeiro projeto finalizado é a série do personagem Penadinho, que será exibida no primeiro trimestre de 2012 no Cartoon Network no Brasil – e depois também em outros países –, bem como na Rede Globo. A ideia dos executivos é fazer uma releitura dos personagens de Mauricio de Sousa e levar o conteúdo para várias plataformas, como internet, iPad, cinema, televisão e até teatro, como a peça “Sonho de papel”, de Rômulo Pacheco e com direção de Clovis Mello.

O projeto ganhou força a partir da percepção de que publicidade e entretenimento vão se tornar uma coisa só. “A gente acha que toda produtora de publicidade vai ter que conviver com conteúdo, porque o conteúdo e a publicidade vão se fundir. Vai ser tudo uma coisa só”, diz Doria. Para Rosset, que tem mais de 20 anos de experiência nesse mercado – 10 anos na Disney e 16 na Paramount e Universal –, a série do Penadinho tem qualidade como qualquer outro estúdio de animação no mundo.  “O objetivo é fazer a diferença no conteúdo que o Mauricio criou para outras plataformas. Estou muito empolgado”, afirma.

O “namoro” entre a Cine e Mauricio de Sousa vem rolando há cerca de seis anos, quando Doria se reuniu com o criador da Turma da Mônica para assinar contrato para a produção do longa-metragem do Horácio. “Depois de muita conversa, conseguimos chegar a um modelo de sociedade com ele. É um feito”, comemora Doria. Mas o grupo vai além. Toda expertise da Cine em produção será usada com força total.

Outro projeto que está em produção é a minissérie “Daniel na cova dos leões”, sobre a obra de Renato Russo, líder do Legião Urbana, também dirigida por Mello. “No atual momento estamos deixando a adolescência e entrando na fase adulta, na maioridade. Vamos começar a viver os nossos melhores anos”, celebra Mello, considerado um dos melhores diretores de cinema. Sobre o seu trabalho, ele diz: “Tudo o que um diretor precisa para trabalhar é ter a humildade de olhar para os lados e absorver aquilo que a vida fornece de graça para a gente”.

Novos sócios

Além da Mauricio de Sousa Digital Productions e a Digital Entertainment, outras empresas recém-criadas pelo Grupo Cine são: a MOB, empresa especializada em mobile e que será liderada por Andre Viana e Rafael Melo (que têm participação na sociedade); e a Brand, agência digital que será dirigida por Artur Salles, que também é sócio. Por fim, o grupo ainda abriga o Instituto Cine Cultural, responsável pelos projetos culturais e de incentivo, liderado pela executiva Rose Garkish; e a Digital 21, de finalização, efeitos especiais e computação gráfica, criada há oito anos e que tem como sócios Rodolfo Patrocínio e o diretor de animação Américo Catão Jr., que acaba de entrar para a sociedade.

“Montamos a Digital 21, há 8 anos, com o Rodolfo Patrocínio, para fechar o circuito, porque precisávamos de uma finalizadora. A Digital cresceu e passou a conquistar espaços no mercado com filmes de computação gráfica, um mercado que não tem nada a ver com a Cine”, conta Doria.

Além de tirar os R$ 15 milhões do dinheiro do próprio caixa da Cine para consolidar o grupo, Doria conta que eles decidiram também ampliar a participação societária. Ele e Mello são os sócios majoritários em todas as empresas, com exceção da Mauricio de Sousa Digital Productions, da qual Mauricio e Monica detêm 60%; e da Digital Entertainment, 40%. Na Cine, Doria e Mello têm 80%, enquanto os outros 20% são divididos entre José Ortalli, o produtor executivo Wal Tamagno e a diretora de cena Cris Vida. “Desses 20%, restou um pouco que abrimos para outros diretores se tornarem sócios”, explica Doria. O grupo cresceu tanto que hoje ocupa três casas na região da Avenida Rebouças, na capital paulista, e conta com 270 funcionários.

Outra característica da Cine é o “duradouro casamento” dos clientes com a produtora – Havaianas, por exemplo, está há 18 anos na Cine –, o que chancela a excelência do trabalho e, também, abre caminhos para outras áreas, como o entretenimento. “Com essa plataforma de conteúdo, acho que a gente vai ter perenidade, ou seja, o grupo fica mais forte, a gente vai ter prosperidade e propriedade intelectual sobre as obras, uma coisa que em publicidade a gente não tem”, completa Doria.

por Kelly Dores

Nenhum comentário:

Postar um comentário