terça-feira, 21 de junho de 2011

Oferta de serviços pagos cresce em edifícios

Moradores aceitam pagar até 20% a mais por imóveis com serviços pay-per-use, que vai de lavador de louça a mecânico de automóveis 

SÃO PAULO - As incorporadoras de São Paulo têm se esforçado para fazer com que o futuro morador não precise se deslocar muito para ter tudo o que deseja à mão. Tendência de mercado nos últimos anos, os serviços pay-per-use estão ganhando mais espaço nos novos empreendimentos. Reforço escolar e mecânica automotiva são apenas algumas das opções à disposição de quem mora em condomínios de médio e alto padrão no Estado. 

O conceito é simples: serviços opcionais são oferecidos nas dependências do condomínio para moradores que querem usá-los e aceitam pagar por eles. As opções são muitas, e vão de orientação para fitness a serviços de pet care, passando por babás e louça sempre limpa, lembrando os mimos oferecidos em hotéis. 

O trabalho é feito por firmas terceirizadas e é desvinculado do valor do condomínio. Já a gestão das atividades fica por conta do concierge - uma espécie de secretário dos moradores.

A oferta de serviços diferenciados é uma exigência do mercado, na opinião de Marcelo Stiger, diretor regional da administradora Aldan. O grupo fará a gestão do F.L. 4300, recém-lançado na Avenida Brigadeiro Faria Lima. O prédio deve oferecer 16 serviços opcionais - de passagem de roupas a podologia. Com a facilidade, os moradores não precisarão, por exemplo, sair em busca de uma diarista. O mesmo acontece no Joy Lifestyle Santo Amaro, na zona sul da capital, onde a empresa Jani King, de higienização, presta serviços de limpeza aos condôminos. Os preços vão de R$ 149 para uma visita semanal em unidades de 49 metros quadrados a R$ 976 para cinco dias em penthouses de 96 m².
 
Com a procura em alta, a rede de serviços passou a valorizar o imóvel. "As pessoas pagam até 20% a mais em um apartamento cujo prédio tenha um pacote bem montado de benefícios", diz Eduardo Rossi, presidente da incorporadora ERC. De acordo com o diretor da regional paulistana da incorporadora Rossi, Marcelo Dadian, esses imóveis - por serem mais procurados - têm maior liquidez. Quase 25% dos novos empreendimentos da empresa têm instalações passíveis de exploração.

Perfil

A oferta de pay-per-use varia de acordo com o tamanho dos imóveis e o perfil dos moradores. "Apartamentos com até 80 m² têm um público que precisa de mais serviços", opina Dadian. Jovens, solteiros e casais sem filhos são os maiores adeptos dos benefícios pagos. 

A definição do tipo de serviços que entrará em cada edifício ocorre na fase de projeto. As administradoras são as facilitadoras desse processo. Em contato com empresas especializados, elas avaliam a viabilidade de execução dos serviços. 

"Analisamos a arquitetura, a região e o perfil do comprador", diz Ana Jardim, gerente comercial da Itambé. Segundo ela, erros de avaliação podem colocar em risco a sustentabilidade do negócio. "Tem que haver demanda", diz.

Instalar o serviço em condomínios-clube, por exemplo, é uma forma de ocupar espaços muitas vezes desprezados pelos moradores. "Se não se viabilizam serviços nas áreas comuns, elas ficam mortas", diz Fonzoni. Para mantê-las vivas, é preciso também discutir a forma como os serviços serão cobrados. "Se o preço estiver na taxa condominial, pode elevar muito o custo."

Feitos os estudos prévios e entregue a obra, a entrada de empresas nos edifícios depende de aprovação em assembleia. "Levamos opções de pacote para os moradores", diz Fonzoni. A decisão fica expressa na convenção do condomínio, e um termo de parceria sela o vínculo entre prédios e terceirizadas. Definir regras também é importante para evitar conflitos, diz José Roberto Graiche Júnior, diretor jurídico da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (Aabic). Ele recomenda que espaços e horários sejam considerados para todos.

 

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