segunda-feira, 14 de março de 2011

Grande e divertido, Mini Countryman é mais alinhado à realidade brasileira

Em quase dois anos no mercado nacional, a estilosa e cara releitura do compacto Mini Cooper produzida pela BMW consolidou-se como opção certeira para quem quer ser visto a bordo de um modelo: diferenciado; com espaço para levar no máximo mais um e as devidas mochilas (sim, prezamos o conforto a bordo); com direção extramemente esportiva; e pouco "batido" em nossas ruas e avenidas repletas de compactos populares e sedãs nas cores preto e prata. Traduzindo para a realidade de muitos: virou, em 99% dos casos, carro de boyzinho que quer e pode aparecer.


Assim, a carroceria SUV parece deixar a atual gama Mini se não adequada, pelo menos mais próximo das nuances de nosso mercado. Tanto que até podemos arriscar o cálculo de uma relação custo/benefício mais positiva para o Countryman, quando comparado ao hatch: enquanto este custa algo entre R$ 90 mil e R$ 120 mil como todo o pacote de imagem descrito no primeiro parágrafo, o Countryman cobra entre R$ 110 mil e R$ 140 mil para entregar a mesma sensação de "sou diferenciado" aliada a espaço real para até cinco ocupantes e todas as malas necessárias para curtir o fim-de-semana em algum lugar especial.
Ele ainda dá, de bandeja, porte para você não ficar assustado caso os carros ao lado não liguem para o seu jeito de celebridade instantânea e se aproximem perigosamente no meio do trânsito pesado. 

Desenvolvido como releitura do sessentista Austin Countryman, que era uma perua, o Countryman atual ganhou corpo de SUV a partir dos conceitos Traveller (mostrado no Salão de Detroit de 2005) e Beachcomber (de 2010). Apresentado aos brasileiros no último Salão de São Paulo, em outubro do ano passado, chegou às lojas da marca entre dezembro e janeiro, com pacotes e motorizações semelhantes ao do restante da gama Mini, detalhados a seguir:

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Pepper: rodas aro 16, motor 4-cilindros, 120 cv, 16,4 kgfm - R$ 108.750 a R$ 109.750 (volante esportivo)
* Chili: a motorização acima, mais rodas aro 17 e sistema de entretenimento premium - R$ 115.150
* S: o mesmo motor sobrealimentado por compressor, 184 cv, 24,5 kgfm, rodas aro 18, teto solar elétrico duplo e mais itens de conforto interno e segurança - R$ 138.750
* S All4: o pacote S e mais tração integral - R$ 145.750
COMO ANDA O COUNTRYMAN
No sábado que antecedeu ao Carnaval, UOL Carros foi convidado a dirigir (ou seria melhor dizer pilotar) a versão S do Countryman ao longo de uma rota que, em si, já garantiria a diversão do passeio: saindo de São Paulo, percorreu trechos da Rodovia Raposo Tavares, cidades do Oeste da região metropolitana da capital, partes do perímetro sul do Rodoanel, ruas e becos da vila de Paranapiacaba e, fato inédito, toda o histórico roteiro do Caminho do Mar em direção à cidade de Cubatão, já na baixada santista, num total de quase 300 quilômetros entre a ida e a volta.
Acontece que o Mini Countryman não deixou por menos e também deu espetáculo. Encorpado e sempre apresentado em cores vivas, chamaria a atenção mesmo sem alegorias como faixas (mais R$ 3.300) e capas com a bandeira do Reino Unido nos espelhos (R$ 915 extras). Visto de frente ou pelo retrovisor, deixa de lado a "cara de bichinho" do Mini tradicional e chega a assustar com suas formas mal-encaradas formadas pela grade frontal dividida em forma de boca e pelos faróis ovalados tomados por olhos. Lateralmente, confunde por ter porte assemelhado ao do um Cooper (apenas 1,56 m de altura), mas ser mais comprido que o Mitsubishi TR4 (4,09 m contra 4,01 m) e espaçoso que o Ford EcoSport (2,59 m de entre-eixos contra 2,49 m), apenas para citar dois SUVs compactos comumente avistados em nossas ruas.
A cabine é espaçosa, com confortáveis bancos forrados de couro e moldados de forma a não deixar o corpo escorregar em curva. E, surpresa, isso vale mesmo para quem viaja atrás -- o ocupante do assento central fica um pouco mais espremido e menos apoiado, mas ainda assim conta com cinto de três pontos (que se retrai para o teto) e ótimo espaço para os joelhos e cabeça. Há ainda o charme extra (ou frescura excessiva, dependendo do seu humor) da iluminação ambiente por LED que pode ter cores e luminosidade ajustados ao gosto do motorista. Quer mais? E que tal mais carga? Então coloque suas malas no bagageiro que comporta de 350 a 450 litros apenas com o deslocamento do banco traseiro, chegando a 1.170 litros com seu rebatimento.
Falamos em não deixar o corpo escorregar, certo? Pois bem, os bancos do Countryman apenas preparam seus ocupantes para um desempenho extremamente arrojado e, pasme, idêntico ao do Cooper hatch: o volante pequeno e anatômico, a direção direta e pesada e o câmbio automático de seis marchas (com trocas no volante) são acertado para te deixar com total controle das curvas, que podem ser contornadas com pé embaixo, sem medo -- algo racionalmente impensável a bordo utilitário esportivo de 1.385 kg.
Mas é possível ir além ao apertar a tecla Sport: direção e suspensão ficam ainda mais enrijecidos (vamos lá, como em um kart) e o motor torna-se reclamão, a ponto de você começar a ouvir "pipocos" dos escapamentos, como se houvesse refluxo. E foi assim, falando grosso na maior parte do trajeto, que nosso consumo se manteve próximo dos 8 km/l de gasolina.
A segurança fica por conta de faróis com duplo facho de xênon, airbags frontais, laterais e de cabeça, controle antiblocante para os freios (ABS), que atuam sob demanda (EBD) e ainda de modo diferenciado em curvas (CBC), controle automático de tração (ASC+T) e dinâmico de estabilidade (DSC), este último opcional.
Mas a baixa na onda vem de características inerentes ao "estilo Mini": o velocímetro não é aquele marcador que está atrás do volante (este é o contagiros), mas sim o círculo gigantesco à direita, mais parecendo uma balança Filizola do açougue preferido de seu avô. O Countryman, porém, tenta compensar a estranheza colocando telas do computador de bordo ao centro do contagiros, nas quais você pode alternar informações de controle e até avistar a velocidade sem desviar tanto os olhos (ufa!); há ainda outra tela sensível ao toque no centro do enorme velocímetro, que reúne todas os dados e ajustes do veículo e mais sistemas de som (com falantes Harman Kardon), telefonia via Bluetooth, navegador e, veja só, televisão (este último, um mimo em forma de acessório providenciado por algumas concessionárias no Brasil).

Apesar dos botões de controle em forma de comandos de avião (alavancas com duas posições do tipo ligado/desligado), estilosos, você verá que o plástico que reveste portas e boa parte do painel é rígido, embora bem montado. Por fim, ao pisar mais forte em saídas, retomadas e ultrapassagens, prepare-se para uma desconfortável flutuação da frente, certamente causada pela distribuição de peso diferente do SUV, mas que pode até ser minimizada pela tração integral da versão All4.



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