quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Como manter seu carro por 10 anos ou até os 200 mil km


EXAME mostrou que é mais econômico ficar com o mesmo carro por 10 anos ou por 200 mil km do que trocá-lo depois de 5 anos; veja agora 4 dicas para alcançar essa meta

Odômetro



  São Paulo - Se antes eram poucos os carros que chegavam inteiros aos 200.000 quilômetros, hoje não é difícil fazê-los alcançar esta marca com um pouco de cuidado. Estudo elaborado pela consultoria automotiva Jato Dynamics mostrou que em um período de 10 anos é mais econômico manter o mesmo carro até os 200.000 quilômetros, do que trocar o carro depois de cinco anos, ou aos 100.000 quilômetros (considerando que o veículo percorra 20.000 quilômetros por ano nos dois casos). Para manter um veículo por 10 anos, no entanto, é essencial que o motorista faça uma boa manutenção do automóvel.


Veja a seguir 4 orientações para levar o seu carro até a marca dos 200.000 quilômetros reduzindo ao máximo os gastos com manutenção.
1) Escolher o carro certo
De nada adianta cuidar de um produto que não tem qualidade de fábrica. Por isso, a fase de escolha do veículo é muito importante.
No Brasil não há nenhum tipo de pesquisa que compare especificamente a durabilidade de diferentes modelos. Na falta de estudos, Gerson Burin, analista técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi), recomenda que os consumidores busquem em fóruns e entre conhecidos opiniões sobre os veículos pretendidos. “É importante checar os benefícios do modelo escolhido, se há problemas com manutenção, se as peças possuem um preço bom e qual é a disponibilidade da peça”, diz.
Além de observar na escolha do modelo os carros que têm mais chances de não causarem problemas com manutenção, é fundamental que o comprador escolha um modelo adequado às suas preferências para que ele queira manter o veículo durante os 10 anos.
Burin explica que para escolher o modelo que não cause arrependimentos depois, o motorista pode começar avaliando o tipo de uso que o veículo terá no dia a dia, se ele circulará em grandes cidades, se será usado para carga, se precisará de um motor mais potente, ou se irá acomodar uma família. “Se a família tem cinco pessoas, por exemplo, o comprador deve buscar um veículo maior, que acomode todos de forma segura e que, ao suportar mais peso, não tenha comprometimento da suspensão e dos amortecedores”, diz.
Ele acrescenta que observar os veículos mais vendidos na região onde o motorista irá circular com o carro pode ser uma boa dica para encontrar o veículo mais adequado para o uso naquele local.
No caso da compra de carros usados ou seminovos, a escolha deve ser ainda mais criteriosa. É importante que o comprador saiba desvendar alguns dos truques que os vendedores podem usar para disfarçar problemas que os carros tenham enfrentado. Algumas das dicas são: participar da inspeção técnica do carro, pela qual todos os veículos passam antes da revenda; avaliar se há alguma assimetria entre as portas, os para-choques e o teto; e não comprar um veículo sem o manual, uma vez que o odômetro do carro pode ter sido adulterado para apresentar uma quilometragem menor e apenas com o manual é possível checar se houve algum tipo de alteração.


2) Seguir as orientações do manual do veículo
O analista do Cesvi explica que uma das melhores formas de aumentar a durabilidade do carro é seguir as instruções do manual do veículo. “No manual, o motorista encontra inúmeros tópicos que dão um contexto geral sobre o modelo e podem espelhar a durabilidade do veículo”.
Os manuais trazem informações sobre o momento em que o motorista deve fazer as revisões, as trocas de óleo, dos filtros de óleo e de ar, as checagens da suspensão, do alinhamento, a maneira correta de lavar o carro e todo tipo de informação sobre manutenção preventiva.
Segundo o Gerente de Atendimento da Jato Dynamics, Milad Kalume Neto, os manuais trazem ainda informações específicas sobre o momento certo para as trocas de peças e fluídos, de acordo com o tipo de uso do carro. “Os manuais sugerem que o tempo para as trocas sejam reduzidos pela metade caso o carro tenha um 'uso severo'. Essa classificação geralmente é usada para uso em grandes cidades, que têm muitos congestionamentos, porque quando o motor fica ligado sem rodar, o desgaste é maior”, explica.
A definição de uso severo também se encaixa a motoristas que usam os carros em estradas com muita poeira, barro ou lama, ou quando o veículo roda no máximo cinco quilômetros por percurso, ficando parado por muito tempo.
3) Dirigir com cuidado
A forma como o motorista dirige o carro também pode afetar sua durabilidade. “Se o motorista dirige de forma mais agressiva, o carro pode ter uma durabilidade menor do que se ele dirigisse de forma mais prudente”, explica Kalume.
Algumas ações que tornam a direção mais prudente podem ser um pouco óbvias, como: passar por uma lombada amaciando o impacto, para não afetar a suspensão; desviar de um buraco para preservar as rodas e o amortecedor; não acelerar de maneira brusca, para aliviar o motor e os pneus; não deixar o som ligado com o motor desligado, para evitar o desgaste da bateria; e trocar a marcha na rotação adequada para não afetar o câmbio do carro. 
Mas, outras dicas que podem dar vida longa ao carro são menos conhecidas. “Para poupar a bateria, o motorista pode ligar o veículo pisando na embreagem, porque isso tira o peso do motor e exige menos do carro na hora da partida. Outra dica é ligar o veículo sem o farol aceso e com o rádio desligado. Ligar as luzes e outros equipamentos com o carro já ligado desgasta menos a bateria", explica Kalume.


  Ele acrescenta que alguns motoristas colocam o carro no ponto morto em descida para economizar combustível, mas fazendo isso acabam tendo o efeito contrário. Isto porque, na condição de ponto morto, o motor continua trabalhando como se estivesse em marcha lenta, fazendo com que a injeção de combustível continue ativa para não deixar o motor “morrer”. "O recomendável é que o motorista desça engrenado e sem acelerar pois o motor, nesta condição de inércia, tem o sistema de alimentação de combustível fechado, ocasionando um consumo quase nulo de combustível. Mudar as marchas segundo orientações do manual de propriedade também é outra forma de conseguir economizar combustível e esticar a vida útil do veículo ", diz Kalume.

4) Não economizar gastos que podem gerar prejuízos depois
Neste item, a economia na gasolina é um dos exemplos mais claros de como o barato pode sair caro. O combustível adulterado pode causar o entupimento da bomba de gasolina e o vazamento para o motor, levando o carro a morrer. E pode provocar ainda a corrosão do sistema de injeção eletrônica e o acúmulo de resíduos no motor, que pode levar à fundição do motor.
“Nem sempre o mais barato é o melhor e nem o mais caro é o ideal. É importante observar as dicas do manual sobre os produtos indicados. Na hora de fazer a reposição, por exemplo, usar peças que tenham qualidade é um fator decisivo para a durabilidade do carro”, diz Burin. Em outras palavras, para alguns veículos, por exemplo, se o manual sugere que o combustível usado seja a gasolina aditivada é importante que a orientação seja seguida. Mas, em outros casos, a gasolina comum é perfeitamente aceitável e o motorista pode gastar dinheiro à toa com um combustível mais caro.
Segundo o gerente da Jato Dynamics, a limpeza do veículo também é outro “investimento” que pode ajudar na meta dos 200.000 quilômetros. “A forma de limpar o veículo pode resultar em menor acumulação de pó em uma peça crítica, reduzindo o desgaste na peça. Alguma correia ou a própria maçaneta das portas, por exemplo, com a limpeza adequada também têm menor desgaste”, explica. A limpeza inadequada também pode levar a danos na pintura do carro e em peças de borracha.
Cassio Hervé, diretor do portal Oficina Brasil e da Central de Inteligência Automotiva (Cinau), explica que muitos motoristas não realizam corretamente a manutenção preventiva por falta de informação. “Empresas com grandes frotas de carros têm programas muito rigorosos de manutenção preventiva e por isso conseguem manter os carros por muitos anos. O problema é que as montadoras não se preocuparam tanto em passar esse tipo de informação, porque se o carro tiver manutenção preventiva, o motorista vai demorar mais tempo para repor as peças”. 

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