sexta-feira, 29 de junho de 2012

Teste: Fiat Palio muda de status com versão Essence Dualogic

Versão Essence Dualogic leva o Fiat Palio a um patamar mais distante dos modelos de entrada



A nova geração do Palio não foi só uma reformulação mecânica. Claro que a plataforma é nova e motor e transmissão são modernos, mas foi bem mais que isso. Principalmente por causa da presença do Uno na gama da Fiat. O compacto assumiu o papel de carro-chefe da marca italiana, o que provocou uma ligeira mudança na proposta do Palio. Agora, ele assume um cargo mais requintado. Não chega ao padrão mais elevado do Punto, mas é um passo além em relação aos modelos de entrada. A versão Essence é a que melhor expressa essa evolução. Traz motor 1.6, opção de transmissão automatizada e itens de série antes praticamente impensáveis no degrau inferior do mercado de carros brasileiro.

É o caso por exemplo de airbag duplo e ABS, disponíveis de fábrica, assim como ar-condicionado, direção hidráulica e trio elétrico. Mesmo com o aumento do recheio e melhoria da mecânica em geral, a Fiat praticamente manteve o preço em relação à geração anterior. Hoje, o Palio Essence custa R$ 36.590, já com o desconto do IPI. Em janeiro de 2011, a mesma configuração valia R$ 36.860 e não tinha nem os equipamentos de segurança nem o ar-condicionado de série. A comparação fica ainda mais discrepante quando se leva em conta o preço dos carros completos. Com o câmbio Dualogic, rodas de liga leve, airbags laterais, volante multifuncional e sistema de entretenimento, o modelo vai a R$ 44.377. Antes, a etiqueta apontava salgados R$ 50.511. E o carro vinha com menos equipamentos.

O motor continua o mesmo. É o 1.6 16V e-TorQ capaz de render 117 cv a 5.500 rpm e 16,8 kgfm de torque a 4.500 giros. A transmissão pode ser manual de cinco velocidades ou a automatizada Dualogic. Esta, por sinal, deve ser trocada pela nova e mais avançada Dualogic Plus em pouco tempo. Quando esta foi lançada no Bravo, na primeira quinzena de junho, a Fiat ainda não confirmava a sua expansão para o resto da linha. Entretanto, o sedã Linea e o monovolume Idea já receberam a atualização.

O que não deve mudar tão cedo é o visual. Lançado há pouco mais de seis meses, a segunda geração do Palio trouxe um estilo muito mais moderno e atual, que até tenta mostrar uma certa maturidade. Ele não traz o ar despojado do Uno, mas é bem feito e harmonioso. Com rivais cada vez mais diversificados – com direito à ofensiva japonesa de Nissan March e Toyota Etios –, é uma arma das mais importantes.



Ponto a ponto


Desempenho – O motor 1.6 16V cai bem em um compacto como o Palio. A combinação de pouco mais de mil kg e quase 17 kgfm de torque deixa o hatch bem esperto no trânsito urbano. Mesmo assim, a impressão é que o carro poderia ser mais ágil. Em baixos giros, o propulsor parece ser "preguiçoso" e demora a acordar. Só depois das 2.500 rotações o desempenho fica mais interessante. O câmbio Dualogic, apesar dos evidentes avanços desde o seu lançamento, continua indeciso. Ao menos, a Fiat oferece as borboletas atrás do volante como um opcional. Elas ajudam o motorista a extrair o máximo do conjunto. Nota 7.
Estabilidade – A nova plataforma do Palio, "herdada" do Uno, fornece rigidez e estabilidade suficiente para um carro com seus tamanho e proposta. A suspensão nesta configuração Essence não é tão dura como na Sporting, mas mesmo assim dá boa capacidade ao hatch. Até ocorre certa rolagem da carroceria, mas tudo controlado e com alguma segurança. Não chega a ser um compacto invocado, que incite a uma direção arrojada, mas ao menos não compromete a dirigibilidade. Nota 7.
Interatividade – Usar o Palio é algo simples. Ajustar o banco e o volante – que só conta com regulagem de altura – não tem mistérios. A posição de dirigir é agradável, ligeiramente elevada. O volante conta com botões que comandam o rádio, embora o controle do cruise control seja feito com uma pequena alavanca instalada na coluna. As borboletas atrás do volante facilitam a convivência com o câmbio Dualogic. Nota 7.
Consumo – O InMetro não fez medições para o Palio Essence, mas o computador de bordo marcou média de 7,5 km/l com etanol. Nota 6.



Tecnologia – O Palio usa uma plataforma moderna, vinda do Uno, lançado em 2010. Esta configuração Essence traz um motor de concepção relativamente moderna e uma lista de equipamentos de série recheada, com airbag duplo, ABS, ar-condicionado e direção hidráulica. Os opcionais adicionam outros itens úteis, como rádio com Bluetooth e as borboletas atrás do volante para trocas manuais. Nota 8.
Conforto – A renovação do Palio trouxe um carro mais estável em termos dinâmicos, mas com uma suspensão que continua beneficiando o conforto. Ela é bem calibrada e permite que se passe algumas horas dentro do carro sem maiores prejuúizos. O isolamento acústico não é dos melhores, mas está dentro do esperado. Nota 7.
Habitabilidade – O Palio é um compacto e não tem como fugir muito disso. Há espaço suficiente para quatro pessoas andarem sem muito aperto. Uma quinta, sofre bastante. A Fiat prezou pela beleza na cabine e, por isso, não há tanto espaço para guardar objetos de uso rápido. Até existe um compartimento na parte superior do painel, mas sem muita profundidade e com acesso difícil. O porta-malas perdeu 10 litros em relação à geração anterior, e agora tem 280 litros. Nota 6.
Acabamento – Em termos visuais, o interior do Palio agrada bastante. O desenho é bonito e inspirado. Na escolha de materiais, no entanto, não parece que a Fiat teve o mesmo cuidado. Os plásticos são rígidos – como é esperado – e os encaixes são pouco precisos. Além disso, existem algumas rebarbas aparentes e algumas arestas são afiadas e podem machucar. O Uno, um carro menor, é mais caprichado. Nota 6.



Design – Foi um dos pontos que o Palio mais evoluiu em relação ao anterior. A Fiat optou por um desenho moderno, que valoriza a grade dianteira herdada do 500 e as belas lanternas suspensas na traseira. Apesar de ser uma versão mais equipada, a Essence não adiciona quase nada em termos estéticos. Apenas algumas adesivos decorativos espalhados discretamente pela carroceria. Mesmo assim, o design agrada. Nota 8.
Custo/beneficio – A versão Essence 1.6 do Palio é uma das que traz melhor relação custo/benefício. O conjunto mecânico agrada, com motor eficiente, transmissão cada vez mais evoluída e comportamento dinâmico de qualidade. A lista de equipamentos de série ajuda, com direito a ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, airbag duplo e ABS. Com câmbio manual, ele sai por R$ 35.590 e o Dualogic adiciona R$ 2.350 à conta. Quando equipado ao máximo, com rodas de liga leve, rádio e até airbags laterais, o Palio Essence Dualogic sobe a interessantes R$ 44.377. O principal concorrente é o eterno rival Volkswagen Gol, que, com alguns equipamentos a menos, vale R$ 43.487. Nota 8.
Total – O Fiat Palio Essence Dualogic somou 70 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Por trás dos panos

O papel da versão Essence na linha do Palio é dar uma opção a mais para quem quer um compacto potente, com motor 1.6, mas quer ficar longe da suspensão dura e dos apliques estéticos de gosto duvidoso do Sporting. Para isso, o carro quase não é "enfeitado". É preciso um olho atento para diferenciá-lo da versão Attractive 1.4. Por dentro acontece algo parecido. Não há nada que dê distinção para a Essence no acabamento. Isso significa que o desenho bonito do painel continua lá, assim como as peças plásticas de baixa qualidade e os encaixes imprecisos. Ainda há falta de porta-objetos.

O espaço é de um compacto. Quatro pessoas até podem viajar, mas uma quinta sofre com o aperto. Na frente, ao menos, os bancos têm espuma com densidade correta, o que permite dirigir durante algumas horas sem muitos sinais de cansaço. A falta de qualidade de acabamento também aparece no isolamento acústico. Apesar de ser algo esperado para um compacto, o barulho do motor em rotações elevadas chega a incomodar.



A suspensão é bem calibrada e consegue absorver boa parte dos impactos. Entretanto, diferentemente da antiga geração do Palio, não deixa o carro inseguro em termos dinâmicos. Como o acerto é mais voltado para o conforto, a carroceria tende a rolar nas curvas, mas nada que comprometa a segurança. O chassi mantém a rigidez torcional e deixa o motorista sempre com o controle do carro nas mãos.

O motor 1.6 16V se encaixa bem no Palio. O pouco peso – pouco mais de mil kg – ajuda na conta. Acima dos 3 mil giros há força suficiente e o carro acelera com vigor. Já em regimes baixos e médios falta torque ao propulsor. Assim, é preciso calcular com precisão ultrapassagens, por exemplo, e as reduções de marcha são mais que necessárias. O câmbio Dualogic, por sinal, continua com alguns trancos e hesitações nas trocas. Como opcional, a Fiat oferece volante multifuncional com as sempre úteis borboletas. Mesmo assim, ele erra muito em manobras de baixa velocidade. Além de o carro não mover automaticamente ao se tirar o pé do freio – prática comum aos automáticos –, ao tentar engatar a ré, por exemplo, muitas vezes o sistema não entende o pedido. Aí aparece um irritante aviso no painel pedindo para refazer a ação. Momentos que podem fazer qualquer um se arrepender de não ter ficado com o velho e eficiente câmbio manual.


   
Ficha técnica

Fiat Palio Essence Dualogic 1.6 16V

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automatizado de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 115 cv com gasolina e 117 cv com etanol a 5.500 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.
Velocidade máxima: 192 km/h
Torque máximo: 16,2 kgfm com gasolina e 16,8 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, com eixo de torção com rodas semi-independentes. Dianteira do tipo McPherson, com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, com eixo de torção com rodas semi-independentes. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 195/55 R16.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS de série.
Carroceria: Hatchback em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,87 m de comprimento, 1,67 m de largura, 1,51 m de altura e 2,42 m de entre-eixos. Airbags frontais de série e laterais como opcional.
Peso: 1.069 kg.
Capacidade do porta-malas: 280 litros.
Tanque de combustível: 48 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série: Ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, direção hidráulica, faróis de neblina, airbag duplo, ABS, EBD, cruise control, vidros e travas elétricas e volante com regulagem de altura.
Preço: R$ 38.940.
Opcionais: Rodas de liga leve de 15 polegadas, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, retrovisores elétricos, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva e luminosidade, airbags laterais e volante multifuncional com borboletas para trocas de marcha.
Preço da unidade avaliada: R$ 44.377.



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