terça-feira, 6 de março de 2012

Teste: Ford New Fiesta hatch transmite uma sintonia internacional

O New Fiesta hatch é um daqueles casos de sucesso nos quatro cantos do planeta. Foi lançado pela Ford na Europa em 2008 – onde é chamado apenas de Fiesta –, ganhou vários prêmios de Carro do Ano e virou campeão de vendas no continente.
Nos Estados Unidos, a imprensa especializada elogiou, mas o público norte-americano, acostumado a espaço, não quis se espremer dentro do compacto. No Brasil, a função do New Fiesta nunca foi a se tornar campeão de vendas. Ao menos por enquanto. Hoje, importado do México, ele compete no segmento de compactos superiores e se vale de seu grande arsenal tecnológico para conseguir emplacar uma média de 1.110 unidades mensais desde a sua chegada, em outubro – mais de um ano após o lançamento do sedã. Não é muito, mas o suficiente para emprestar uma imagem mais requintada e moderna para a Ford no Brasil.

Essa tarefa de “carro de imagem” do New Fiesta vai mudar nos próximos anos. A Ford não confirma nem nega, mas é certo que o hatch será feito no Brasil em 2013, na fábrica da marca em Camaçari, Bahia, onde é feito atualmente o antiguinho Fiesta Rocam. Já neste ano, a mesma plataforma do modelo trazido atualmente do México será aplicada ao novo EcoSport, já em fase de pre-produção na unidade industrial baiana.



Por agora, o modelo se situa em um segmento bem específico do mercado brasileiro, o dos chamados compactos superiores. Na essência, são carros com dimensões compactas, mas com motores mais potentes, mais equipados e melhor acabamento que os de entrada. A briga fica então com Fiat Punto, Volkswagen Polo e Honda Fit – modelos com características semelhantes. As qualidades do representante da Ford eram claras, mas o preço alto assustava os compradores. Na tentativa de se tornar mais competitivo no mercado, desde janeiro, a fabricante reduziu o preço tanto do hatch como do sedã em R$ 3,5 mil. E não retirou nenhum equipamento. Assim, a disputa ficou mais acirrada.


O New Fiesta hatch é vendido em versão única, a SE, mas traz três níveis de equipamentos diferentes. No de entrada, o preço é de R$ 45.950 e já inclui ar, direção, trio elétrico, rodas de liga leve e rádio com tocador de CD e MP3. A intermediária ainda recebe airbag duplo, ABS com assistente de partida em aclives, controle de estabilidade e tração rádio com Bluetooth e sistema o Sync – recurso de reconhecimento de voz feito em parceria com a Microsoft. O preço é de R$ 48.450. A topo, por R$ 52.450, ganha sete airbags, rodas de liga leve de 16 polegadas, bancos de couro, retrovisores com repetidores de seta e aviso de ponto cego.




Apesar da sedutora lista de equipamentos – principalmente na intermediária, que tem itens interessantes e preço competitivo –, um dos destaques absolutos do New Fiesta hatch é o design. É uma das melhores traduções do estilo Kinetic usado pela Ford. A frente tem uma grade bem discreta, mas um entrada de ar generosa no para-choque. Os faróis são afilados e sobem na diagonal. O capô é curto e recheado de ressaltos. De lado, o New Fiesta se destaca pela sua silhueta. A combinação do caimento acentuado do teto e a linha de cintura ascendente cria um efeito agressivo e dá um aspecto bem esportivo ao carro. A traseira é marcada pelo para-choque alto e pelas gordas lanternas triangulares sobre a coluna, que imprimem um visual bem robusto ao carro.  A tampa do porta-malas também recebe ressaltos e vincos. Para completar, a Ford ainda instalou um aerofólio sobre o vidro traseiro.


A mecânica também agrada, com o motor Sigma 1.6 16V de 115 cv e 16,2 kgfm de torque com etanol, além da plataforma moderna. E, mesmo com a proposta do carro não seja de ser um campeão de vendas, a rebaixa de preços pode ajudar a melhorar o desempenho do compacto da Ford por aqui.


Ponto a ponto


Desempenho –
O bom motor Sigma 1.6 16V é um dos destaques do New Fiesta. Todo feito em alumínio, desenvolve boa força. Assim, o hatch da Ford apresenta desempenho dos mais interessantes. O propulsor tem baixa inércia e ganha giros com facilidade. Rapidamente,  a faixa das 3 mil rpm é superada. A partir daí, o carro fica bem ágil e apresenta ótimas retomadas. O câmbio manual, porém, não acompanha o ótimo comportamento do motor. Os engates são um tanto imprecisos e ásperos. Nota 8.
Estabilidade –
De maneira geral, o New Fiesta é muito estável. A plataforma tem boa rigidez torcional e a suspensão tem calibração afinada. Assim, não é difícil se animar no volante do hatch da Ford. O comportamento dinâmico dá vontade de acelerar mais fundo e encarar curvas com mais vigor. A partir da versão intermediária, o compacto da Ford vem equipado com controle de estabilidade e tração. A direção elétrica é bem precisa em alta velocidade e leve em velocidades baixas. Nota 8.
Interatividade –
O pouco peso da direção elétrica em velocidades baixas transforma o New Fiesta em um carro muito fácil de manobrar. A visibilidade dianteira é correta, mas atrás o hatch é refém do design de sua traseira. O vidro é pequeno e dificulta a visão do trânsito. O sistema de som tem teclas demais, o que dificulta um pouco o seu uso. Ao menos, tem boa interatividade com outros aparelhos e conta com o sistema Sync, que permite realizar funções apenas com a voz. Nota 7.
Consumo –
O InMetro indica um consumo combinado razoável, de 8,1 km/l com etanol. Durante a avaliação, quando foi bem exigido, o New Fiesta manteve a média de 7,7 km/l. Nota 7.
Conforto –
O espaço interno é bom quando comparado com outros compactos do segmento. Quatro adultos viajam com absoluta tranquilidade. Os bancos tem espuma de densidade correta e abraçam os ocupantes. O rodar do New Fiesta é macio. A suspensão tem arquitetura comum – McPherson na frente e eixo de torção atrás –, mas faz um bom trabalho filtrando as irregularidades. Nota 8.


Tecnologia –
É um dos destaques do carro. Mecanicamente, o New Fiesta traz uma plataforma atualizada, lançada em 2008 na Europa, e um motor Sigma, de alumínio, multiválvulas e com comando simples no cabeçote, produzido no Brasil. Entre os equipamentos embarcados, essa configuração intermediária já traz muita coisa interessante como o controle de estabilidade, o assistência de partida em aclives, o sistema de som Sync, airbag duplo e ABS. Nota 9.
Habitalidade –
O forte caimento do teto dificulta a tarefa de entrar na traseira do hatch. É comum resvalar a cabeça na moldura da porta. No resto, o New Fiesta se comporta de maneira decente. Existem porta-copos e nichos para guardar objetos de uso imediato e o porta-malas leva 290 litros – bem na média do segmento. Nota 7.
Acabamento –
O interior do New Fiesta traz materiais emborrachados e agradáveis ao toque. Até os plásticos rígidos aparentam qualidade e têm boa textura. O desenho da cabine também é interessante. A Ford diz que se inspirou em telefones celulares e com isso, surgiu com um design moderno e tecnológico. É um diferencial para um carro da categoria dele. Nota 8.
Design –
É o principal apelo da configuração hatch do New Fiesta. O conjunto da obra já agrada no sedã, mas no dois volumes ganha um toque de jovialidade e ousadia. O perfil mostra um caimento acentuado do teto, o que ajuda a deixar o modelo com um aspecto bem agressivo. Nota 9.
Custo/benefício –
Em janeiro, a Ford abaixou o preço do New Fiesta hatch em R$ 3,5 mil. Isso reposicionou favoravelmente o carro em relação aos seus concorrentes. Agora, o preço inicial é de R$ 45.950 e completo atinge R$ 52.450. Com motorização semelhante, concorrentes como Fiat Punto e Volkswagen Polo partem de cerca de R$ 44 mil. É verdade que o New Fiesta é mais caro, mas tem um projeto moderno, tem maiores recursos tecnológicos e uma lista de equipamentos muito interessante, além de atributos dinâmicos que agradam muito. Mas, como está no alto do segmento de compactos, seu preço já rivaliza com o de modelos médios de entrada. Nota 6.
Total –
O Ford New Fiesta hatch somou 77 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir


Versão brasileira


No resto do mundo, o New Fiesta é tratado como carro de entrada. E por isso traz versões básicas com motores menores e lista de equipamentos modesta. Aqui no Brasil, a história é muito diferente. Ele encarna um papel de carro mais sofisticado. Não apenas para brigar em um segmento superior, mas também para ajudar a trazer uma imagem mais tecnológica à Ford. Esse é uma das principais funções do New Fiesta nesse começo de sua trajetória nacional. E, para isso, traz um conjunto dinâmico elogiável.


Os primeiros quilômetros a bordo do New Fiesta chegam a lembrar o Focus, modelo médio da própria Ford que é referência em dirigibilidade. Claro que não é para tanto – o compacto não tem a suspensão traseira independente Multilink, por exemplo –, mas o comportamento é muito interessante. Apesar de ter peso semelhante aos seus rivais, a impressão geral é que o New Fiesta é um carro muito leve. É fácil apontar a direção com o volante e o resto do automóvel seguir rapidamente. As rolagens de carroceria não incomodam e mantém a boa estabilidade geral do veículo.




O motor é outro que merece elogios. A unidade Sigma, feita no Brasil e enviada para o México, é construída em alumínio e gera 115 cv de potência e 16,2 kgfm de torque. E casa muito bem com o compacto mexicano. Se no Focus falta força, no New Fiesta o desempenho é dos melhores. As rotações sobem com facilidade e já a partir das 2 mil rotações já se sente o propulsor “animado”. Quando a agulha do conta-giros sobe mais, para casa das 3.500 rotações, o comportamento fica ainda melhor e as arrancadas são mais que satisfatórias.


A Ford também foi muito feliz no casamento do design de fora com o de dentro. Os dois seguem uma tendência moderna e tecnológica. Na cabine, os materiais empregados também agradam. Há plástico emborrachado e outros rígidos de bom toque espalhados pela cabine. O que causou algum estranhamento foram os barulhos ao rodar na unidade avaliada. Quando o volante era virado de batente a batente, por exemplo, era possível ouvir a coluna de direção estalar, o que passava uma impressão de fragilidade.




Ficha técnica


Ford New Fiesta hatch SE 1.6 16V


Motor:
A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.596 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão:
Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração na versão completa.
Potência máxima:
110 cv a com gasolina a 6.250 rpm e 115 cv com etanol a 5.500 rpm.
Torque máximo:
15,8/16,2 kgfm com gasolina/etanol a 4.250 rpm.
Diâmetro e curso:
79,0 mm X 81,4 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Aceleração 0–100 km/h:
12,1/11,7 segundos (gasolina/etanol).
Velocidade máxima:
190 km/h (gasolina/etanol).
Consumo:
urbano 11,0/7,5 km/l, rodoviário 13,9/9,3 km/l e médio 12,1/8,2 km/l (gasolina/etanol).
Suspensão:
Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira semi-independente por eixo de torção, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Oferece controle de estabilidade na versão completa.
Pneus:
185/60 R15 (195/50 R16 opcional).
Freios:
Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD como opcional.
Carroceria:
Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,06 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,45 m de altura e 2,49 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais dianteiros, do tipo cortina e para joelho do motorista como opcional.
Peso:
1.145 kg com 375 kg de carga útil.
Capacidade do porta-malas:
290 litros.
Tanque de combustível:
47 litros.
Produção:
Cuautitlán, no México.
Itens de série:
Ar-condicionado, direção elétrica, vidros e travas elétricas, rádio/CD/MP3 com entrada auxiliar com seis alto-falantes, alarme perimétrico e rodas de liga leve de 15 polegadas.
Preço:
R$ 45.950.
Opcionais:

Pacote intermediário:
Adiciona sistema SYNC com comandos de voz em português, rádio/CD/MP3/USB/Aux com seis alto-falantes, airbag duplo, ABS com assistente de partida em aclives e controle de estabilidade e de tração.
Preço:
R$ 48.450.
Pacote completo:
Adiciona rodas de liga leve de 16 polegadas, airbags laterais, de cortina e de joelho para o motorista, bancos de couro, retrovisores com repetidores, aquecimento e sensor ponto cego.
Preço:
R$ 52.450.

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