quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Administradoras de imóveis passam à margem da crise

Empresas como a Lello, Central e Adminin projetam crescimento acima de 20% este ano, apoiado no crescimento vertical das grandes metrópoles

As empresas que administram condomínios continuam crescendo ao largo da crise internacional. Ao contrário do cenário de incertezas externo, com o boom imobiliário no País e os investimentos em serviços mais dinâmicos, baseados em novidades tecnológicas, a previsão é de o setor ver incremento de 20% este ano, apoiado ainda na expansão para o nordeste e centro-oeste.

Para ampliar o atendimento profissionalizado aos grandes empreendimentos, a Manager Administração de Condomínios lançou este mês a Assembleia Digital, um sistema virtual que aumenta a interação entre condomínios e moradores sem que eles precisem adequar os seus horários às reuniões. Com a novidade o grupo espera aumentar em 20% o faturamento de R$ 6,5 milhões em 2011. “A Assembleia Digital é uma ferramenta inovadora para o mercado que agrega muitos benefícios aos condôminos como maior conhecimento do condomínio, melhoria de convivência além de favorecer processos administrativos”, disse o diretor-executivo da Manager, Marcelo Mahtuk.

Através do site é possível passar editais de convocações, além de  inscrição e eleição de presidente e secretário, discussão com as intervenções do mediador, formatação da proposta, votação e encerramento com a apresentação da ata. A Assembleia de Condomínio Digital foi aprovada por unanimidade e realizada, pela primeira vez no Brasil, no maior condomínio urbano de São Paulo, Villagio de Panamby, um empreendimento com 950 apartamentos.

São essas inovações que, de acordo com José Luiz Moura, professor de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e especialista em negócios imobiliários o setor deverá crescer a cima da média das construções no País. “É possível mensurar um crescimento a cima de 20% este ano”, diz o especialista. Ele explica que a razão do crescimento é resultado de muitos anos de não profissionalização do setor. “Muito além de ingressar nas novas construções há uma gama de condomínios que só agora perceberam a importância de uma administradora responsável”, declarou.

O professor afirma ainda que o setor movimentou cerca de R$ 5,2 bilhões em 2011 e o crescimento deve seguir em alta. “Pesquisas mostram cada vez mais novos negócios do setor, novas empresas entrando no mercado, muito pela demanda, e muito pelo baixo valor para iniciar um negócio”, diz.

E foi esta a aposta do cearense Luiz Vittal Silva, que abriu em janeiro de 2011 a Administradora Central. Com investimento na casa dos R$ 20 mil a empresa começou com dez funcionários e já triplicou de tamanho em um ano. “Começamos com apenas um contrato de administração, e hoje já estamos com cinco, triplicamos o número de funcionários, aumentamos a interatividade  on-line e profissionalizamos serviços antes esquecidos na região”.

“A ideia de investir nesse setor”, explica o executivo, “veio quando notei um crescimento muito forte do mercado imobiliário no Ceará, por volta de 2010. Depois disso, juntei o capital inicial e começamos os trabalhos”, disse.

A expectativa do empresário é fechar o ano com um faturamento médio de R$ 5 milhões, valor considerado alto para uma empresa tão recente. “Aproveitamos um mercado em crescimento, em uma região em crescimento, e deu certo”, avalia.

Em média uma administradora cobra entre 5% e 7% do valor da arrecadação do condomínio e gerencia  todas as folhas de pagamento, administração, logística e manutenção. “A ideia de uma boa controladora é ir além do simples síndico e zelador. Falamos de empresas com especialistas em economia, direito, logística e contabilidade. Cada vez mais parecido com uma empresa”, diz Moura.

Atualmente, o setor conta com cerca de 220 mil empregos diretos e esse volume, para Silva, é reflexo de profissionalização que envolve novos cursos para o segmento, além de palestras organizadas pela associação do setor. “Na minha opinião, é necessário que as administradoras estejam cada vez mais capacitadas para atender o perfil dos novos empreendimentos”, diz.

São Paulo em alta

E não é só o nordeste que apresenta altos níveis de crescimento, a verticalização da moradia em São Paulo também está impulsionando o crescimento em toda região metropolitana da cidade.

De acordo com uma pesquisa da Lello Imóveis, empresa de administração condominial, cerca de 20% dos empreendimentos são administrados por novos síndicos, que nunca tinham exercido o cargo antes e deparam-se com uma realidade diferente.

Segundo Márcia Romão, gerente de Relacionamento com o Cliente da Lello Condomínios, os novos ocupantes do cargo devem estar atentos a uma série de questões, incluindo as legislações federal, estadual e municipal que atingem os condomínios, e tomar algumas providências fundamentais para o início da gestão.

 

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