segunda-feira, 25 de julho de 2011

Apesar do dólar, frango e máquinas do Brasil se destacam no exterior

O desempenho da balança comercial brasileira tem sido fonte de surpresa para os analistas neste ano. No começo de 2011, os economistas do mercado financeiro acreditavam que o superávit (exportações menos importações) não seria superior a US$ 9 bilhões neste ano.

Entretanto, os últimos dados divulgados pelo governo mostram que, na parcial de 2011, até 24 de julho, a balança acumulou um saldo positivo de US$ 16,1 bilhões - com crescimento de 71,8% frente ao mesmo período de 2010. Valor bem acima do esperado inicialmente para o ano fechado.
A grande surpresa ficou por conta dos preços das chamadas "commodities", que são os produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, petróleo, e alimentos, como soja. Com o preço destes produtos em alta, as vendas externas se tornam mais rentáveis - o que aumenta o valor das exportações.
Os dados do governo federal mostram que as vendas externas dos produtos básicos, impulsionadas pelos preços das "commodities", subiram 44%, para US$ 56 bilhões no primeiro semestre, enquanto as exportações de semimanufaturados e manufaturados cresceram, respectivamente, 29,7%, para US$ 16,1 bilhões, e 19,1%, para US$ 43,3 bilhões.
A principal reclamação dos empresários para o crescimento dos produtos acabados (manufaturados) ser menos da metade da taxa de expansão dos produtos básicos é o câmbio. Com o dólar baixo, as exportações se tornam mais caras, ao mesmo tempo em que as compras do exterior se tornam mais acessíveis. Além disso, também reclamam da alta carga tributária, da taxa de juros elevada no mercado interno e dos custos de logística, entre outros.
Frango em conserva
Mesmo com o dólar baixo e todos estas dificuldades, alguns produtos manufaturados brasileiros têm se destacado no exterior. As vendas externas de carne de frango processada, os chamados "marinados", também cresceram fortemente neste ano. Dados do Ministério do Desenvolvimento revelam que a taxa de crescimento, no primeiro semestre, somou 38%, para US$ 280 milhões.
"O aumento aconteceu porque, no ano passado, a gente teve preços não convidativos para processados. Nesse ano, melhoraram os preços e o estímulo para as vendas foi maior. O mercado mais exigente de todos, de referência, é a União Europeia. A China comprou frango brasileiro sem ter mandado uma missão para cá por ter como referência o fato de exportarmos para a União Europeia, que não importa carne de frango dos Estados Unidos por exemplo. O produto brasileiro é visto com muita simpatia em muitos países. É saudável, orgânico. Temos conseguido conquistar e crescer nos mercados exigentes", declarou Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
Veículos de carga e máquinas agrícolas
Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que as exportações de veículos de carga e máquinas agrícolas, entre outros, também têm boa demanda do exterior.
As vendas externas de veículos de carga avançaram 39,8% no primeiro semestre deste ano, para US$ 989 milhões. Já as exportações de partes e motores para veículos automóveis cresceram 44,4% em igual período de comparação, para US$ 929 milhões. No caso dos tratores, as exportações subiram 56% no primeiro semestre deste ano, para US$ 619 milhões, enquanto outras máquinas e aparelhos para uso agrícola tiveram incremento de 40,7% nas vendas externas, para US$ 395 milhões.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os resultados de exportações de caminhões e máquinas agrícolas são decorrentes, "em grande parte", da recuperação das exportações para mercados atingidos pela crise de 2008 e 2009, que estão voltando "gradualmente" a demandar.
"Há reconhecimento de que caminhões, ônibus e máquinas agrícolas produzidas no Brasil têm nível global de qualidade; aqui estão as inovações tecnológicas contemporâneas. Não há defasagem em termos de tecnologia entre produtos brasileiros e feitos no exterior. Os produtos brasileiros são globalizados, uma vez que aqui estão instaladas com fábricas, as principais marcas mundiais desses produtos", avaliou a Anfavea. Segundo a Associação, a presença dos caminhões e máquinas agrícolas brasileiros no exterior se dá nos cinco continentes.

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